O Mensageiro (Revisando/Finalizado)

Ir atras dos outros? 16

- Você sabe que não vai dar certo não é?.- Ayra falava, sem tirar o olhar de mim.

- O que?.- Eu retruquei, vendo Sasha e Jonathan confusos ao nosso lado, tentando entender tudo que acabado de acontecer.

- Esse seu plano de ir atrás do papa.-Ela falou, me deixando perplexo. Como ela sabia que eu queria ir lá atrás de respostas? Como?!

- Como você sabe disso?.- Eu Perguntei levantando uma de minhas sobrancelhas ainda surpreso.

- Nossas consciências.- Ela respondia calmamente, apenas olhando para mim.

- Aquelas vozes que Seraphim tinha enviado? O que tem elas?.- Eu retruquei, começando a ficar nervoso.

- Elas são interligadas entre nós quatro.- Ela respondeu.- Eu, guerra, Você, morte, Fome e Peste.- Ela terminou.

- Então quer dizer que todos sabem o que está acontecendo menos eu?.- Eu falei enfurecido, fechando um dos punhos.

- Calma Tony.- Ouvi Sasha falar, segurando minha mão esquerda.

- Siga o conselho da sua amantezinha.- Ayra retrucou.

- Você não ouse falar da Sasha!.- Eu gritei, dando um passo para frente fazendo com que ela recuasse.

- Calma... Não vamos destruir mais casas não é? Creio que sua fama pela vizinhança já não esteja tão boa assim.- Ela sorriu.

- Então você sabia de tudo?.- Eu Perguntei, me acalmando, segurando a mão de Sasha, que ainda me olhava assustada com tudo aquilo. Jonathan apenas nos observava, não parecia querer opinar em nada daquilo.

- Sim, sabia sobre sua aparição, sabia que você iria me encontrar aqui, soube sua luta com o cavaleiro branco, sobre voce ter ma....- Chega.- Eu a interrompi, querendo evitar que Sasha soubesse que eu havia matado Michael.

- Tudo bem, já entendi...- Ela terminou, me fitando de cima a baixo.

- Entendeu o que?.- Eu Perguntei.

- Você ainda não abraçou sua nova e verdadeira identidade. Não é?.- Ela sorria enquanto falava.

- Como assim? Você quer dizer que eu tenho que aceitar ser a morte?! Aceitar que tudo é todos vão morrer por simples e pura vontade minha?! Que toda minha vida foi uma mentira, que a mulher que eu acreditava ser minha mae está morta?!.- Eu gritava, sentindo uma lágrima escorrer em minha bochecha. Eu não conseguia entender o por quê daquilo tudo estar acontecendo comigo.

- Eu me perguntava a mesma coisa para mim mesma anos atrás, quando meus pais adotivos foram assassinados para me proteger. Assim como sua mãe, assim como seus pais, os meus foram enviados para cuidar de mim e me assassinar assim que eu fizesse dezoito anos. Mas eles não conseguiram, eles gostaram de mim, cuidaram de mim como uma filha de verdade e me contaram a verdade desde os meus doze anos. Só que quando fiz dezessete que essa maldição se despertou, eles não quiseram me matar, não tiveram coragem...- Ayra contava, com dificuldade, com choro embargado em sua voz, deixando lágrimas escorrerem em seu rosto.- O Vaticano enviou 2 cavaleiros para me matar, mas com a ajuda dos meus pais eu matei os dois cavaleiros, sem dificuldade, porém, antes de morrer, um dos cavaleiros avisou o vaticano e como um homem bomba, o cavaleiro explodiu, levando tudo que eu tinha. Minha casa. Meus pais. Apenas eu sobrevivi, por causa dessa maldita marca, essa maldita marca que me salvou da ira humana. Monstros que merecem a morte. Homens que se dizem de deus, mas que só causam a morte, merecem mais do que simples guerra, mas sim a morte.- Ela terminou, limpando as lágrimas com uma das mãos.

- E-eu não sabia...- Eu Murmurei, abaixando minha cabeça. A história dela era horrível, como uma garota que passou por tudo aquilo conseguiu ainda assim, crescer...

- Se você viu quem matou seus pais, por que veio culpar, atacando o Tony?.- Jonathan se manifestou, deixando todos surpresos, pois aquilo fazia todo sentido.

- Você é idiota garoto?.- Ela retrucou.- Ele é a morte, tudo que vive, vive porque ele permite, tudo que morre, morre porque ele permite.- Ela falava enquanto apontava para mim.- Você acha que eu não sei que você trouxe essazinha aí de volta a vida?.- ela continuou.

- Eu não tenho controle sobre isso Ayra. Se eu tivesse, eu juro que evitaria muita coisa.- Eu Respondi.

- Eu juro... Você fala que jura, mas não consegue nem se quer abraçar a própria realidade. A morte te rodeia,porque você simplesmente não age como tal?.- Ela dizia cerrando os dentes. Eu conseguia sentir o ódio em seus olhos. Não pra menos, afinal, perder os pais daquela forma horrível e viver uma vida desse jeito é algo que muda qualquer pessoa.

- Nunca vou aceitar a morte. Não há como aceitar isso.- Eu retrucava.

- Então você não é um cavaleiro de verdade. E ainda pede minha ajuda? Você é patético.- Ela continuava a me diminuir, com uma feição de ódio em seu rosto.

- Você pode falar o que quiser, nunca vou aceitar como você aceitou. Nunca vou ser como você. Um monstro sem coração que só mata sem piedade.- Eu respondi, virando o rosto, sem conseguir olhar elas nos olhos.

- N-não...- Ela murmurava.- NÃO ME CHAME DE MONSTRO!!!!!- Ela terminou gritando, mas sua voz estava diferente. Seus cabelos voltaram a parecer chamas de um incêndio intenso, suas roupas começaram a esvoaçar, um ar pesado começou a se sentir ali naquela esquina, fazendo com que eu recuasse, levando Sasha e Jonathan comigo.

- Calma Ayra!.- Eu gritei tentando acalma-la.

- CALMA?!?! QUEM VOCÊ PENSA QUE É?!.- Ela gritava, com os cabelos em chama, parecendo que aumentava a cada grito as chamas. O chão embaixo dela começava a rachar, parecendo que ia ceder e ia acabar quebrando por completo.- Ayra, se acalma...- Eu falava, afastando Sasha e Jonathan mais para trás, mas tentando me aproximar de Ayra, para acalma-la, mas sem sucesso, pois a força que ela estava exalando era tão forte que uma áurea parecia protegê-la de tudo que tentasse tocá-la, os destroços que entravam naquela "áurea" se desintegraram.

- VOCÊS SENTEM MEDO AGORA?.- Ela continuava a gritar, abrindo os braços, para mostrar imponência, eu pude ver que os pés dela já não pisavam mais no chão, ela estava levitando no ar, com aquele sorriso sádico novamente em seu rosto, que junto com a mancha negra que cobria seu corpo só a deixava mais macabra.- VOCÊS ME CHAMAM DE MONSTRO, VOCÊS E TODOS OS OUTROS!! VOCÊS QUEREM O MONSTRO?! ENTÃO VEJAM O MONSTRO!!.- Ela gritou, abaixando a cabeca, não conseguia mais ver seus olhos, apenas pude ouvir um barulho assustador de ossos se quebrando, ouvia trovões ecoarem pelo céu, que já estava totalmente fechado, parecendo que uma grande tempestade estava por vir. Ao olhar novamente para Ayra, vi que a mancha que cobria seu corpo se remechia, estava totalmente descontrolada, mas quando menos pude perceber ela estava mudando de cor, estava ficando com um tom avermelhado escuro, e estava tomando conta de todo o corpo dela, por cima das roupas de Ayra, dando forma de uma armadura cor vinho, com detalhes em preto, que brilhava a cada raio que cortava os céus naquele instante, deixando apenas a cabeça de Ayra à mostra.

- Vocês estão prontos para a festa?.- Ela disse, com uma voz totalmente diferente da dela, mais grave e forte, levantando seu rosto dando visão à seus olhos que já não eram mais verdes, mas sim estavam com um branco assustador, sem vida, instaurando o medo no meu coração que ficou gélido ao ouvir ela falando.