Renascimento 7

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Eu finalmente conseguia enxergar novamente, mas o que eu via me dava ância de vômito, no meu lado direito ossos, aparentemente de um ser humano, do outro o corpo do homem de bigode, jogado a minha frente já começava a ter mal cheiro, me dando mais vontade de vomitar ainda...

Mas eu havia voltado, seja lá onde eu estava, conseguia ver O Jonathan jogado no chão apontando para Sasha que continuava jogada no chão, chorando.

- A-ajuda ela...- Ele murmurou com suas últimas forças desmaiando.

Eu corro em direção de Sasha para constatar algo que eu já sabia mas queria que não tivesse ocorrido, ela estava sem roupas íntimas, sua blusa estava rasgada, seu rosto cheio de hematomas, seus braços também, ela parecia sem forças, mal conseguia chorar, parecia estar em um sofrimento horrível.

- Você está bem Sasha?.- Eu Perguntei me aproximando enquanto olhava seus ferimentos.

- SAI DE PERTO DE MIM!!!!.- Ela gritava com uma voz embargada em prantos olhando com os olhos arregalados para mim, como se eu fosse um tipo de monstro, fazendo com que eu me afastasse e pudesse ver, no reflexo da lixeira, aquilo que ela estava vendo, meu rosto, que por mais estivesse com medo e assustado, tinha uma expressão desinteressada, com apenas um lado de meu rosto visível, o lado direito estava encoberto por uma cor negra, escura como a noite e parecia cobrir não apenas meu lado direito do rosto, mas sim todo o lado direito do meu corpo, meus olhos estavam vermelhos, nem mesmo eu consegui ver o fundo de meus olhos, eu senti medo daquilo que eu via no reflexo... Aquilo... Sou eu?

- Eu não sei quem você é, por favor, eu preciso do Tony, eu preciso de ajuda...- Sasha murmurava em meio aos prantos, com lágrimas escorrendo de seu rosto.

- Sou eu Sasha. Tony, eu estou aqui... pra você.- Eu Respondi tampando o lado direito de meu rosto com uma de minhas mãos olhando para o reflexo na lixeira.

- T-tony? Eu senti tanto sua falta.- Ela murmurou fazendo com que eu fosse em sua direção.

- Eu to aqui com você. Vai ficar tudo bom, eu juro.- Eu abaixei, chegando perto de seu rosto colocando a mão em sua cabeça.- Você vai ficar melhor.- Eu disse, quando uma voz ecoou em minha cabeça.

"As vezes, ter o dom da morte tem seus lados ruins, pois você tem que levar todos aqueles que já cumpriram sua parte neste mundo e nem sempre vai poder tê-los do seu lado."

O que aquilo queria dizer? Eu queria chorar, sentia uma dor excruciante dentro de mim, mas meu rosto não demonstrava nenhuma de minhas emoções.

- D-desculpa Tony, por não t-ter falado com você ontem... Eu fiquei envergonhada...- Sasha disse em meio ao choro e as tosses.

- Você não tem que se desculpar, você tem que ficar bem, não fala nada, descanse.- Eu Respondi, querendo chorar, mas mais uma vez a expressão em meu rosto continuava a mesma.

"Você sabe o que vai acontecer não sabe?."

Mais uma vez a voz ecoou em minha mente.

- QUEM ESTÁ FALANDO!!.- Eu gritei com ódio em meu coração olhando para cima.

"Tenho muitos nomes, mas os humanos me chamam de consciência. Seraphim me enviou para te guiar."

- Por que a Sasha tem que ir? Ela não é uma pecadora, pelo contrário, sempre foi uma garota maravilhosa, boa, nunca fez mal a ninguém.- Eu disse, enquanto Sasha me olhava com os olhos cheios de lágrimas.

"As pessoas morrem. Casualidades que acontecem por culpa de vocês mesmos."

- Não é culpa dela que existiam três monstros neste mundo imundo que destruíram ela.- Eu rosnei.

"Não, a culpa não é dela. Por muitos anos vocês humanos culpavam o Diabo por coisas que vocês mesmos faziam. Os verdadeiros monstros estão dentro de cada um de vocês."

- Mas por que eu? E por que ela?.- Eu Perguntei.

- Não é culpa sua Tony...- Antes que a voz em minha mente respondesse qualquer coisa, Sasha me respondeu, engolindo o choro.- Você me protegeu, cuidou de mim todo esse tempo, você é mais do que um amigo. Eu te am...- Sua frase foi interrompida por faltas de forças enquanto ela olhava fundo em meus olhos com seus olhos abertos, que eu percebi, que não havia mais vida em seu olhar.

"A morte pode ser traiçoeira, mas é a entidade mais forte de todas, você decide quem vai e quem fica."

- Então se eu decido. ELA FICA!.- Eu gritei, batendo minhas mãos no chão, causando um barulho alto, causando algumas rachaduras no chão, seguidos de um estrondoso trovão, que parecia ter feito barulho na cidade inteira, meu corpo tremia, olhei para meu braço direito, vi aquela mancha negra guiar minha mão para o rosto de Sasha.

"Você tem certeza dessa sua decisão?."

- Sim.- Eu Respondi com voz firme.

"Saiba que isso não vai se repetir de novo, Seraphim não pode interferir nisso."

Ao terminar de ouvir aquela voz ecoar em minha mente, senti um frio extremo em meu corpo, seguido de uma escuridão tremenda, como se eu tivesse saído daquele beco e indo parar em uma caverna extremamente escura, que eu mal conseguia enxergar Sasha que estava com o rosto em minhas mãos. Eu sentia como se uma parte de mim estivesse passando diretamente para ela, como se minhas forças estivessem sido emprestadas para ela, quando derrepente, a escuridão passou, em um piscar de olhos, estávamos no beco novamente, vi que meu braço não estava mais manchado, voltou a ter a aparência de uma tatuagem maori de novo, sentia meu rosto expressar tudo aquilo que sentia, sentia alívio por estar "normal" novamente, mas no mesmo instante que olhei para Sasha que continuava ali, deitada com o rosto em minha mão, voltei a ficar triste novamente, deixando algumas lágrimas escorrerem em meu rosto.

-.... Amo...- Sasha murmurou puxando ar pela boca, como se estivesse prendido a respiração, olhando sem entender nada que estava acontecendo.

Eu estava atônito. Eu a vi morrendo, eu senti seu corpo sem vida em minha mão, mas ela estava ali, assustada, porém viva e aparentemente seus ferimentos tinham sumido.

- V-você está viva.- Eu disse olhando para o rosto dela, acariciando sua bochecha com uma de minhas mãos enquanto chorava e sorria ao mesmo tempo de felicidade por estar vendo os olhos dela novamente.

Ela pulou em meus braços, me dando um forte abraço.

- É claro, você acha que não ia conseguir te dar parabéns?.- Ela riu disfarçando o choro em meu ombro.

Eu não sabia o que fazer, o que falar. O que eu tinha me tornado? Eu era a morte? O que realmente estava acontecendo? Por que minha mãe nunca havia me dito nada sobre esse assunto, se é que ela sabe de algo mesmo.





O Mensageiro (Revisando/Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora