Começo dos treinamentos

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- Grace!? Aconteceu alguma. - Anthony aumentara seu tom de voz ao perceber que mesmo longe de meus devaneios eu ainda estava longe.

- N-não... Me d-desculpe, estava um pouco avoada observando a multidão. - Eu respondi. Anthony no mesmo instante veio a minha direção, parecia querer ver se eu estava doente, colocando a mão em minha testa. Automaticamente em defesa eu coloco a mão em seu peito e nesse mesmo segundo, senti como se eu voasse para longe, eu estava longe. O lugar onde eu estava era um breu estranho, mas que havia uma luz fraca abaixo de mim. Via naquela luz um pouco abaixo de mim, Anthony lutando com uma figura que eu não sabia quem era, pois ela estava envolta por um manto negro que impedia sua visualização, ao notar que os dois estão degladiando, eu grito. - ANTHONY! . - Mas sem sucesso algum, aparentemente minha voz não saía, eu apenas conseguia ver a batalha em que Anthony destroçava os homens com o qual ele batalhava, e após ele vinham outros dois, que em um piscar de olhos ele apenas rasgava e destruía seus corpos, era assustador, nunca pensei em ver aquele garoto daquele jeito tão sedento por sangue e tanto ódio em seus olhos... No último instante em que Anthony ficou de pé em cima dos corpos dos homens que ele matara, senti mais uma vez como se eu voasse, mas dessa vez sendo puxada de volta, percebendo que eu não tinha saído de onde eu estava, aquilo foi uma espécie de visão, ao voltar percebi que eu estava sendo encarada por Ayra e Anthony, que me olhavam assustados, Anthony segurando minha mão perto de seu peito.

- O que foi isso Grace?. - Ele perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

- Isso o que Anthony?. - Eu retruquei me afastando um pouco, me soltando de suas mãos, nao conseguia fingir não estar assustada com aquela espécie de visão que eu tive.

- Quando você me tocou, senti como se minha vida se tivesse sendo tirada de mim... Foi assustador... Seus olhos mudaram de cor, tomaram uma cor dourada estranha... Aconteceu algo?. - Ele perguntou tentando se aproximar. Ayra apenas nos observava atenta.

- E-eu vi uma coisa assustadora... Vi você Anthony! Você estava matando pessoas de uma maneira horripilante, com ódio em seus olhos, você parecia gostar daquilo! Foi assustador!. - Eu respondi com sentindo lágrimas caírem em meu rosto, e ouvindo minha voz embargada pelo choro.

- Calma Grace... Eu jamais faria isso... Muito pelo contrário! Eu nunca mataria ninguém por aí sem sentido... Você tem que acreditar em mim. - Ele dizia, com um olhar triste e com uma voz serena que eu simplesmente não conseguia acreditar que aquele era o mesmo garoto que eu vi naquela visão assustadora.

- Desculpa me intrometer na discussão do casalzinho... - Mas eu acho que isso foi uma leve demonstração da habilidade da Grace, que talvez seja mais importante do que nós pensávamos. - Ela disse, me fazendo ficar envergonhada ao nos chamar de casalzinho.

- Como vou saber que tipo de habilidade é essa então Ayra?. - Eu perguntei.

- Não sei, faz o teste comigo. - Ela disse sorrindo, ao se levantar e ficando próxima de mim e de Anthony, empurrando-o um pouco para o lado.

No mesmo instante em que Ayra segurou minh mão e colocou contra seu peito, minhas vistas se escureceram, me vi novamente em um breu, assustador, em que nunca estive antes. Era frio e eu não enxergava nada... Assustada, consegui ouvir o som da risada de uma criança ecoando por aquele local, que foi sendo iluminado aos poucos, dando vista à uma sala de estar, como uma casa antiga realmente com sofá e televisão de centro. Pude ver que no sofá haviam três pessoas sentadas, dois adultos e uma criancinha... Uma garotinha pequena, linda, de pele branca como a neve e olhos verdes, cabelos morenos lisos, ela vestia um lindo vestidinho branco, com florzinhas na barra. Os adultos que estavam com ela, um casal, eu não conseguia ver seus rostos, um borrão os cobria, porém, mesmo sendo abraçada por borrões a garotinha estava feliz, sorridente, se sentia realmente feliz, em um segundo, as luzes apagaram e voltaram, e ao voltar, a cena que eu vi foi assustadora e me congelou de uma maneira assustadora, a garotinha que antes estava com um vestidinho branco pequeno, agora estava toda manchada de sangue, sangue dos adultos a qual ela abraçara a alguns segundos atrás... Seus corpos estavam destroçados, conseguia ver seus órgãos internos jogados por toda aquela sala manchada de sangue. Em um último segundo a garotinha olhou fundo em meus olhos e antes que abrisse sua boca, seus cabelos morenos foram tomados por uma cor vermelha. Foi aí que finalmente me toquei, aquela garota era Ayra, em uma forma mais horripilante e assustadora do que o de costume. Sou retirada de meu medo ao ver que a garotinha ia dizer algo.

- Não mexa com a mente das pessoas Grace. - Sua voz saiu seca e mais grave, parecia muito com a voz dá Ayra mais velha com a qual eu conversava a alguns minutos atrás. Neste mesmo instante me senti sendo puxada para trás, vendo toda aquela visão infernal de sangue e morte ficando para longe, ao abrir meus olhos, vi que Anthony me olhava com os olhos arregalados, enquanto Ayra me fitava com um sorriso em seu rosto.

- Parabéns Grace... Acho que descobri sua habilidade... Ah... E siga o conselho que te dei lá.. - Ela disse com um olhar assustador em minha direção. Eu fiquei sem resposta, afinal, como iria responder aquilo a altura, ela simplesmente brincou comigo de uma maneira que nem eu soube como me defender.

- E qual seria Ayra. - Anthony me cortou, antes que eu mesma pudesse perguntar.

- Pelo que percebi, ela pode entrar na mente das pessoas e ver o que ela mais desejam, mais anseiam... - Ela dizia. Eu apenas observava-a, tentando assimilar tudo que ela dizia.

- E-então aquilo que E-eu vi?... Era seu maior desejo?. - Eu perguntei assustada.

- Sim e não, eu tomei o controle no último segundo e fiz aquilo justamente para te azucrinar.... - Ela sorriu.

- Como assim Ayra? O que isso tem a ver com a fome?. - Anthony retrucou.

- Não sei... Só sei que esse é o dom dela...

- Faz todo sentido... - Eu os cortei.
- Muitas vezes a fome não é só de comida, muitas vezes a fome dá alma pode ser muito maior que a da comida, nos fazendo se sentir mal, vazios... Com essa habilidade eu posso ver a fraqueza de todos meus inimigos... - Eu respondi, vendo Anthony e Ayra olharem para mim com as sobrancelhas arqueadas.

- Vamos testar isso lá fora?. - Ayra disse, soltando minha mão e indo em direção a porta.

- Você quer Grace?. - Anthony perguntou.

- Vamos... Acho que preciso de um pouco de sol. Eu disse sorrindo e indo em direção a porta.

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¶ Narrador¶

Não muito longe dali nos confins dá basílica de são Pedro, perto de suas tão bem escondidas masmorras do antigo tempo feudal, sentado em um trono não tão escondido assim, em uma espécie de quarto, cercado de cavaleiros, parados em pé, imponentes, segurando suas espadas junto ao corpo, estava um homem, um cavaleiro. Naquele quarto escuro com iluminação fraca de algumas velas espalhadas em candelabros cheios de teias de aranha. O homem no trono dormia calmamente, porém devido a máscara de metal, que cobria grande parte de seu rosto, deixando apenas seus olhos fechados e sua pele negra a mostra, sua respiração ecoava por todo aquele quarto, ele estava vestindo uma armadura como aqueles cavaleiros que o guardavam, porém a armadura dele era diferente, era de uma cor cinza quase que metálica, suas botas e luvas com detalhes dourados mostravam todo seu esplendor, em sua mão esquerda, havia um anel vermelho em seu dedo anelar. Em um instante todos os cavaleiros que o guardavam, se ajoelham ao simples levantar de um dedo indicador do homem no trono. Após o som assustador e metálico dos joelhos dos cavaleiros acertando o chão, o homem no trono abre seus olhos, revelando que seus olhos eram de uma cor azul celestial, mais límpido e claro que qualquer oceano, mais azul que qualquer céu já visto. Ao ver os cavaleiros se prostrando a sua frente, o homem se levanta, o som de suas botas encostando o chão e o som de sua respiração marcante ecoando por todo aquele quarto era algo digno de respeito e de temor. De pé finalmente pôde se ver, seus longos cabelos estilo dreadlock, de cor vermelha e branca eram imponentes e de uma cor marcante para qualquer tipo de olhos que encarassem-o.

Em um último instante, ouve-se o som das portas do quarto se abrindo, dando visão a um homem com um manto branco até seus tornozelos, com uma cruz estampada no peito de sua roupa, ele usava um chapéu de cardeal, sim, com certeza um alto sarcedote da igreja católica ali residente e dominante.

- Finalmente se levantou... Pestilência... - O homem de batina disse, seu tom de voz estava fraco, parecia ser alguém de idade, suas rugas e cabelo branco escapando de seu chapéu apenas confirmavam a ideia de que ele tinha uma idade certamente avançada. O cavaleiro que se levantou do trono não respondeu, apenas fitou-o dos pés à cabeça, mostrando desinteressa para o que aquele homem poderia lhe trazer.

O Mensageiro (Revisando/Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora