Capítulo 12

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Liane

-Acho menos enervante ir embora.

Ele respondeu ainda mantendo sua costumeira indiferença, mas eu tinha que manter na minha promessa de não permitir que seja um chefe chato comigo novamente, então nada mais certo do que insistir mais um pouco.

-Porque sou irritante ou porque cada ser vivo desse refeitório nos observa atentamente como se estivessem assistindo novela?

Ele pareceu pensar no caso, o que de certa forma me deixou levemente ofendida.

Não sei exatamente que expressão eu tinha no rosto até reparar que ele estava me observando com atenção.

-Você ficou irritada?

Ele estava com ar mais leve e um sorriso escapou dele.

-Eu não fico irritada.

Neguei. Ele continuou daquela forma, parecendo se divertir comigo.

Nesse momento a atendente do quiosque trouxe o café que ele havia pedido mas teve que se afastar novamente assim que ele pediu um misto.

-Achei que não se importava com o que o pessoal pensa de você.

Dei uma alfinetada de leve, o que não pareceu mudar muita coisa no humor dele.

-Realmente, não ligo mesmo. Nesse caso sobra o fato de você ser uma secretária irritante que quer me levar pra sua mesa de amiguinhos.

-O que tem de mais? Todo mundo aqui é colega de trabalho ou amigo.

Ele respirou fundo, mas não foi nada muito exagerado.

-Eu não sou amigo de ninguém.

Afirmou. Revirei os olhos.

-Então me diz ai o que te fez vir até aqui pegar um café quando você nunca vem? Não fui contratada por ser burra.

Foi minha vez de sorrir. Quase me sentia vitoriosa. Ele não teria uma resposta melhor pra isso.

-Estava com fome.

Deu de ombros.

Eu olhei de relance para a moça que preparava o misto dele para checar quanto tempo ainda tinha até ela terminar e ele me dar outro fora.

-Eu podia ter levado seu café.

Ele olhou pro teto por uns segundos, desviando os olhos de mim e eu não sabia se ele estava ficando irritado ou não.

-Onde você quer chegar?

Ele cruzou os braços e abriu os olhos que estavam num absurdo tom frio e quase transparente cor de azul por causa das luzes brancas da sala.

Ouvi um suspiro vindo do lado da nossa pequena plateia.

Eu não sabia dizer se estava intimidada com aquela forma dele me olhar ou se ficava imensamente admirada.

Ele era bonito, eu não era cega, mas era meu chefe. Ele me odiava, agora gostava de mim e confiava, já da minha parte, ele era como um belo desafio no qual era difícil não pensar, mas ainda era meu chefe e estávamos dando aos curiosos uma cena e eu só conseguia sentir o arrepio na nuca por ele estar me olhando como se pudesse ler o meu pensamento.

Ele sorriu mais uma vez.

-Em lugar nenhum. Você é meu chefe, mas não precisa ser um chato. Se sentar pra comer perto de mim não vai te tornar menos chefe nem acabar com sua fama de malvado. Ninguém vai dizer que é meu amigo se é com isso que se importa.

O pior chefe [ DEGUSTAÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora