Eu acordei completamente atordoada e com dor de cabeça. Olhei ao redor e não me recordei de ter ido para o quarto na noite anterior. Quando eu virei de lado na cama, meu coração quase saiu pelas orelhas. O vizinho estava deitado na mesma cama que a minha e dormindo. Enfiei a cabeça debaixo das cobertas e lágrimas queimaram meus olhos ao ver que eu vestia apenas uma camisa do avesso e fechada na parte de trás do corpo. Comecei a choramingar e escutei uma tosse do lado de fora das cobertas. Tirei a cabeça devagar e olhei para o vizinho que sorria pra mim.-Bom dia! – ele falou se divertindo.
Movi os lábios como se fosse um sorriso e não respondi. Assim que meus olhos fixaram em sua aliança dourada as palavras entalaram na minha garganta. Meus olhos esbugalharam e minha boca ficou aberta como se eu tivesse deslocado o maxilar. Ele começou a rir e falou calmo:
-Não se preocupe. Nada aconteceu.
-Nada? – perguntei de olhos arregalados.
-Nada!
-Nada, nadinha de nada?
-Não.
-Uffa! – soltei o ar dos pulmões completamente aliviada.
Ele me olhou de forma engraçada.
-Não que você não seja bonito, eu só não lembrava se tinha acontecido algo e você com essa aliança ai não seria certo.
-Não se preocupe. Nada aconteceu. – ele tornou a falar.
-De onde saiu essa aliança afinal?
-De onde ela sempre esteve.
-Você a usava o tempo todo? – perguntei incrédula.
Ele concordou com a cabeça e riu.
-Cadê sua noiva?
-Ela faleceu.
-Minha nossa! Eu sinto muito!
-Obrigada.
-Posso perguntar o que aconteceu? Senão eu não vou conseguir dormir a noite pensando nisso – brinquei.
O vizinho começou a rir e fiquei surpresa por ele estar tão bem com a perda que teve.
-Nós dois estávamos de casamento marcado e um tempo antes de tudo acontecer ela começou a agir de maneira estranha. Eu a segui um dia que ela saiu do trabalho mais cedo e ela foi para a casa de um homem que a recebeu aos beijos na porta.
Arregalei os olhos chocada com a revelação. Sem saber o que dizer ele continuou.
-Você me lembra muito ela. Ela era maluquinha igual a você.
-Posso ser maluquinha, mas nunca trai ninguém.
-Eu sei que não. Mas o que aconteceu com ela?
-Eu fiquei aguardando do outro lado da rua Dani sair da casa de seu amante. Assim que ela saiu, ela entrou em seu carro e deu partida indo embora. Eu a segui com o carro assim que ela saiu com o dela. Quando ela me viu, ela perdeu o controle do carro e bateu em um caminhão em um cruzamento. Ela faleceu na hora da batida.
-Minha nossa! – respondi num sussurro.
-Eu fiquei com raiva do acidente. Fiquei com raiva de não poder dizer a ela tudo o que eu queria. Dizer o quanto ela havia me destruído por dentro e como eu nunca mais seria o mesmo. Eu queria esfregar na cara dela o quanto ela foi baixa, falsa, por ter feito tudo aquilo, mas eu não pude. Ela pagou por seu erro da pior maneira.
-Eu sinto muito...
-Eu nunca amei ninguém como ela sabe? Eu a coloquei em um pedestal e eu fazia tudo por ela. Eu tinha uma imagem dela que não era real. Nosso relacionamento nunca teve brigas e desentendimentos, nós sempre nos demos muito bem. Não consegui entender até hoje o porque dela ter feito aquilo.
-Tem pessoas que não são capazes de permanecer com uma pessoa só. É como uma doença.
Ele me olhava triste e continuou a falar.
-Eu sei que traição é imperdoável, mas quando confirmaram sua morte, eu jurei que a perdoaria por traição, que eu passaria uma borracha em tudo somente para te-la comigo novamente. Eu implorei para que salvassem sua vida. Eu jurei que não tocaria no assunto se ela vivesse, mas não foi como eu queria.
-Eu não sei o que dizer. - fiquei olhando para ele com pena.
-Não precisa dizer nada e muito menos me olhar dessa maneira. Eu sei o que eu passei e o quanto eu sofri com minha perda, mas estou te contando tudo isso para que você não deixe quem você ama ir embora. Você e seu ex têm muito o que conversar. É nítido que vocês se gostam, então não deixe esse amor passar senão você vai se arrepender para o resto de sua vida.
Fiquei olhando o vizinho sem saber o que dizer como sempre. Ele sorriu e bagunçou meus cabelos.
-Como eu vim parar aqui? – perguntei curiosa.
-Eu encontrei você dormindo em um dos sofás na área da piscina, e como não encontrei a sua chave trouxe você pra cá.
-Na área da piscina? – perguntei constrangida.
-Sim. Você e seu namorado brigaram na festa e vi quando você saiu do salão com uma garrafa de tequila.
-Por que não falou comigo?
-Porque eu não queria atrapalhar e você estava alegre demais para eu me aproximar. – ele falou rindo.
-Ai Meu Deus.
O vizinho começou a gargalhar e eu achei melhor nem perguntar o motivo de sua risada.
-E sua camisa no meu corpo? – perguntei envergonhada.
-Você vomitou no seu vestido, então achei melhor te vestir com uma camisa minha. Ela está ao contrario porque você estava praticamente em óbito então foi a única forma que encontrei de te vestir.
-Você me viu pelada?
-De forma alguma. Você está com sua calcinha e seu sutiã.- ele brincou.
-Obrigada. – respondi ironicamente.
O vizinho sorriu pra mim e levantou em seguida. Ele vestia apenas uma bermuda samba canção que encaixava perfeitamente em seu corpo másculo e definido. Fiz um esforço enorme para parar de olhar seu corpo. Ele começou a rir quando viu que eu não desgrudava os olhos.
-Como a falecida foi capaz de trair isso meu pai? – perguntei para mim mesma.
-Não entendi. – ele falou rindo.
-Eu... eu vou embora.
Eu fui me levantar, mas não consegui tirar os olhos de seu corpo excepcional. Meu pé enroscou na coberta e eu caí no chão ao lado da cama. O vizinho foi se aproximar e eu gritei:
-FIQUE AI! – ele riu voltando para trás.
Me levantei constrangida e sorri. Puxei a camisa que havia subido demais e suspirei.
-Eu vou embora! – afirmei para mim mesma.
-Mas você está sem a chave.
-Eu vou pela varanda.
-Você não pode estar falando sério!
-Aguarde e verá!
O vizinho começou a rir e me acompanhou sem saber o que fazer. Ao passar as pernas para fora da varanda lembrei que não sabia seu nome.
-Eu acho que passou tempo demais sem que eu soubesse de um detalhe importantíssimo!
-Qual? – ele ria ainda mais.
-Qual seu nome?
-Jason.
-Jason? Igual ao assassino?
-Exatamente isso!. – ele respondeu gargalhando
Tentei não arregalar os olhos, mas foi em vão.
-Luna. – estiquei uma mão rapidamente – por favor não me mate! – brinquei.
-Acho que a chance de te matar já passou né?
Revirei meus olhos e pulei para a varanda do meu quarto que estava da mesma maneira que eu havia deixado antes de ir pra festa. Lorenzo pelo visto passou a noite com alguém e não deu a mínima para o meu sumiço. Joguei as coisas dele no chão, pisoteei e me joguei na cama dormindo em seguida.
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Viajando com meu Ex (DEGUSTAÇÃO)
ЮморLuna ganha um sorteio e finalmente irá realizar a viagem dos seus sonhos para a Itália em um cruzeiro chiquérrimo. O que ela menos esperava era encontrar seu ex-namorado que ela jurou que nunca mais veria na frente na mesma viagem. O que você faria...