Festa de Santa Sara

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"Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida... O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida."
Mario Quintana

Sinto cheiro de terra molhada, estou no sítio do meu pai Manolo.

Hoje iremos comemorar o dia de Santa Sara Kali, a festa durara dois dias seguidos 24 e 25 de maio. Este ano o Clã de Pablo estará em nosso Sítio e meus pais estão muito felizes e ocupados com os preparativos da festa. Quem diria que meus pais poderiam dar uma festa dessas, há anos atrás passamos muitas dificuldades financeiras com o comércio, até meu pai aceitar minha ajuda. Assim conquistei sua confiança e o direito de poder fazer uma faculdade fora do Clã.

Hoje o comércio do meu pai vai bem, temos uma vida confortável. Podemos nos dar ao luxo, de fazer grandes festas e agradecer a Santa Sara Kali por tudo.

Decoramos o sítio com muitas flores, da floricultura do meu futuro sogro Diego.

Estava tudo muito colorido e com muitas músicas, que os jovens ciganos, já tocavam com seus violinos e guitarras. As crianças com brincadeiras ingênuas por toda parte.

Muita alegria por todo lado, uma mesa repleta de comida e carne assando.

Estou incomodada, a família do Diogo me observa, e está seguindo cada passo que dou.

Fomos prometidos desde nascidos, teria que ter casado aos 12 anos, mas nunca foi minha vontade casar tão cedo. E meu pai me apoiou afinal sou sua única filha, nesses 14 anos, venho ajudando na melhoria de seu comércio.

Diogo aceitou eu adiar o casamento, pois assim pode se estabilizar financeiramente sem depender de seus pais. Montou um comércio de jóias e bijuterias ciganas e vende por todo Brasil.

Sempre conversamos sobre os comércios e dividimos nossas opiniões, apesar de ser tradicionalista com as tradições ciganas, Diogo nunca quis passar dificuldade, mas aceitou por causa do meu pai. Mas a família dele, não aceitou muito bem, essa minha decisão.

Será que vai me deixar trabalhar após o casamento? Acredito que não, mas o amo, e meus pais deram sua palavra à família dele, eu terei que honrar, quando chegar à hora. Por enquanto eu vou dançar.

Para honrar minha família, tenho que casar virgem e com quem meu pai escolheu

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Para honrar minha família, tenho que casar virgem e com quem meu pai escolheu.

Não quero ser propriedade de ninguém, viver com sogra. Porem Diogo vem fantasiando meus sonhos desde menina.

Diogo é alto, tem a pele clara, mas bem bronzeada, ombros largos, olhos verde e sexy, cabelos cacheados e rebeldes. Infelizmente na nossa cultura não podemos ter muita intimidade, um com o outro, o que me faz virgem, aos 28 anos, terei que casar até o final deste ano, pois me formo no final deste semestre. Imaginar-me sendo dele, estar em seus braços, como sua mulher, me faz querer o casamento e esquecer o resto.

O ciúme é uma coisa em mim que tento controlar todos esses anos. Ver outra cigana rodopiando dançando em volta do meu noivo com apoio da mãe dele me deixava irada.

Pego uma caneca de vinho e vou assistir ao espetáculo. Bebo tomando coragem e vou tirar Diogo para dançar.

Ele fica corado pela minha atitude, mas havia satisfação em seu olhar intenso, dançamos juntos por muito tempo.

─ Como... Pôde? Disse Zulmira, mãe de Diogo, furiosa com meu atrevimento.

É proibido ter intimidade com o noivo, e ela achava que eu não era adequada a seu filho, já que não casei aos 12 anos, como manda a tradição, e sempre fazia o que queria, pois como filha única era privilegiada pelos meus pais.

Não podemos responder aos mais velhos, senão diria muita coisa para ela. Eu não poderia desagradar meus pais, nem a pessoa que amo. O que bloqueou minha garganta, de responder.

Zulmira se sentiu ignorada por mim e Diego seu esposo, que assistia a tudo de longe, veio em meu socorro, pedindo para esposa ajudar com os netos, para tirar sua atenção de mim.

Além de Diogo, o casal teve uma filha, que fizeram questão de casar, logo que ela completou 14 anos.

Carmem teve um casal de filhos, mas sofria com o marido Otavio.

Minha mãe Esmeralda, que sonhava com a união de nossas famílias, veio logo falar comigo.

─ Não vai estragar tudo, com ciúmes, Estela!

Olhei para minha mãe, com ternura, ela era jovem ainda, cabelo ruivo, como os meus, olhos castanhos, e usava um vestido com cores alegres e um lenço a combinar na cabeça, mostrando ser uma mulher casada.

─Madrecita, eu o amo, tenho que às vezes me fazer presente.

Minha mãe me olha surpresa, com minha declaração. Abraça-me e responde com carinho:

─ Toma cuidado, para não fugir da tradição ou desrespeitá-las. - aconselha minha mãe.

Afinidade que tenho com meus pais, e a forma de nos relacionar eu sentirei falta quando for casada e tiver que conviver com a família do meu noivo.

Já era noite e estava com muito sono. Eu sonhava acordada com os pequenos momentos que estive com meu futuro noivo, dançado em seus braços, pensar naquele olhar aquecia meu coração. Adormeci pensando nele.

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Leitores e leitoras

Conto com os votos, espero comentários, sobre o livro.
Muita luz e que Santa Sara Kali a protetora dos ciganos coloquei a foto dela pois a festa era em sua homenagem encha suas vidas de luz. Beijos no coração
-_-😘💋💋❤❤

Ellen

Marcada Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora