Eu rolei na cama mais de mil vezes e não consegui adormecer. Ele já havia caído no sono, mas as mãos não deixavam de me envolver o corpo, estarem em contato com a minha pele, me causando arrepios a cada toque que me dava até mesmo sem que fosse proposital.
Quando eram quase quatro da madrugada, eu me levantei. Andei pelo pequeno quarto trilhões de vezes pensando no que fazer.
Eu, Sandra Annette Bullock, pensando como deixar o quarto de um homem.
Ele estava dormindo tão calmamente, que quando o encarava, me deixava calma, mas quando me deparava sorrindo com isso, me deixava extremamente apavorada.
Eu queria apenas sair de lá, sumir pelos próximos dias e depois aparecer como se nada entre nós estivesse acontecendo, beijar os lábios dele e transar com ele, por conta do maravilhoso sexo, mas o problema era que aquilo não era mais apenas sexo.
De qualquer forma, eu queria fugir de lá, e era isso que eu iria fazer.
Peguei minhas roupas, vesti as mesmas e procurei alguns pertences meus na sala, tentando não fazer muito barulho. Quando me virei, ele estava com o rosto sonolento, esfregando os olhos e passando as mãos nos cabelos, com o moletom rebaixado e me deixando completamente sem forças.
- Onde você vai? - Perguntou encostando no batente da porta do quarto. - Tá tarde demais, volta a dormir.
- Eu preciso ir embora... me lembrei que tenho uma reunião hoje cedo.
- Hoje é sábado, Sandra. - Não o olhei. - Por que não admite de uma vez que está fugindo?
- Eu não estou fugindo, Bryan!
- Você está, sim. Está fugindo de você, porque é problema demais pra você assumir que o nosso sexo foi mais do que apenas um orgasmo que eu te proporcionei e você vai sair correndo. - Não o respondi. - Eu durmo na sala, amanhã você vai embora. Olha a hora.
- Não...
- Sim. - Abriu a porta do quarto com raiva. - Eu te causo um efeito, não é? - Encostou nossas testas e eu fechei os olhos, umedecendo os lábios. - Sentes algo por mim, não sentes? - E eu recuei. - Nem precisa responder, você recua.
- Eu não quero que isso aconteça, Bryan. Éramos apenas melhores amigos com benefícios. Você me entende melhor do que ninguém, e a sua presença me faz bem, seus beijos me fazem bem, seus olhos...
- Quando isso não for amor, nem que seja um por cento da sua parte, a gente volta a ser melhor amigo com essa merda de benefício. - Me calou. - Não somos melhores amigos. - E eu abaixei o olhar novamente. - Nem tudo na vida é fácil, e nem tudo na vida pode se tornar fácil. Sentimentos são uma merda, mas não dá pra sair correndo deles. - Uma de suas mãos agarraram meu cabelo e ele tentou me beijar com ardor, mas o beijo se tornou lento. - Viu? - Mordeu meu lábio inferior. - Até um dia, princesinha. - Me colocou dentro do quarto e fechou a porta.
Eu não estava mais entendendo o que estava acontecendo entre nós, e eu nem queria entender. Eu gostava dele, eu queria estar com ele, mas não queria rotular, e muito menos acreditar na estupida possibilidade de estar apaixonada por ele.
Eu não me apaixono por ninguém, e foi uma única vez que isso aconteceu. Meus machucados nunca mais irão embora.
Estava deitada nos lençóis dele, com o cheiro dele, os travesseiros dele, e me peguei em lagrimas. Eu não queria que isso acontecesse, não queria pensar na possibilidade de ele não me ver mais, de eu não o beijar mais, de eu não o ter comigo todas as semanas.
Eu não queria ir embora da vida dele.
Me abracei em um travesseiro e mordi a fronha do mesmo, tentando não fazer barulho. Meu passado fazia muitas coisas darem errado no meu presente, e eu odiava isso.
Uma claridade mínima invadiu o quarto e ele apareceu. Eu tentei me esquivar, cheguei a gritar com ele, mas ele não permitiu. Me agarrou, acariciou meu cabelo e me fez dormir. Como ninguém fazia depois de anos...
Quando eu acordei, ele não estava lá mais. Uma flor estava sobre a bancada junto com o meu café preferido. Ele dizia que não queria me fazer chorar de novo, e se isso acontecesse, ele não queria estar lá pra ver.
Eu chorei de novo, mas por ele se despedir de mim, dizendo que preferia não me ver mais.
Eu chamei o meu motorista, pedi que ele me deixasse dirigir, porque eu me sentia melhor fazendo isso. Coloquei em uma radio qualquer e nem ela estava a meu favor. A música "nobody" estava tocando e eu queria jogar o carro na ribanceira mais próxima.
- Dona Sandra? - Meu motorista tentou me olhar por baixo dos óculos. - Tá tudo bem com a senhora? O Brad estava com a senhora?
- O Brad vai estar sempre comigo, Natan. Infelizmente. - Limpei o rosto e parei no restaurante de Gesine. Ela não gostava muito de me ver lá, mas eu sabia que ela estaria me esperando a qualquer momento.
- Dona Gesine não vai gostar disso... - Eu assenti.
- Ela é minha irmã, tem de lidar com isso. - Abri a porta do carro e sai enfurecida.
Eu estava tão cansada de tantas coisas, e lidar com Gesine era o que eu iria começar a fazer para mudar certas coisas. Minha cabeça estava a milhão, eu não conseguia nem raciocinar direito. Isso não daria certo, mas já estava jogando tudo pro alto em uma altura dessas.
Entrei na sala dela sem bater, o que a irritou profundamente. Sentei-me na cadeira, respirei fundo estava pronta pra despejar um caminhão de ódio nela, mas quando pensei em abrir a boca, a única coisa que aconteceu, foi eu desabar.
Eu realmente desabei, e ela, que sempre me diminuía, me abraçou... o que me fez chorar mais ainda.
Eu a abracei de volta. Eu precisava de amor.
De amor.
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Best Mistake
FanfictionVocê já parou pra pensar que ela é tão problemática porque não tinha ninguém pra concertar? Você já parou pra pensar que ela era tão fria porque não tinha ninguém pra esquentar? Você já parou pra pensar que ela era tão vazia porque não tinha ninguém...