Vitor desceu as escadas, e encarou os garotos no andar debaixo, pensativo. Os gêmeos estavam incomumente quietos, Mariana apoiada no braço do sofá virada para a parede, com os olhos avermelhados de tanto chorar, e Alice cochilava nos braços de Robert, que lia um livro em alemão.
– Pretendem continuar com essas caras até quando? – ele soltou. Alice despertou imediatamente, se voltando para o irmão.
– Como pode ser tão frio, Vitor? – exclamou Mariana, encarando-o, os olhos cheios de lágrimas. O garoto a encarou com pena.
– Não é isso, Mari... Só que não vamos nos recuperar nunca se continuarmos nesse estado. Já faz um mês desde que... Você sabe – ele segurou a mão da irmã com delicadeza. – Vamos mesmo deixar que Charlotte nos destrua?
– Nós não temos como impedi-la – Alice olhava para as mãos. – Nós já tentamos muito lutar contra ela, e quando viemos para cá, decidimos que não viríamos para fugir de Charlotte... O que acham se agora realmente fugíssemos?
Os demais a olharam, intrigados. Robert passou os braços por suas costas.
– Como acha que poderíamos fugir dela? – Mariana encarou a irmã.
– Bem, eu sei que não é a vida que sonhamos em ter, mas é possível. Saímos mundo a fora, e assim que tivermos conhecimento de algum outro vampiro por perto, fugimos outra vez e escapamos de Charlotte. Vamos conhecer o mundo, e ainda que tenhamos paz, vamos estar juntos, e não vamos perder mais ninguém.
Alice se sentara no sofá, e então observou os irmãos para ver a reação deles à sua ideia.
– Sabe... Eu acho que é uma boa ideia – disse Breno, com um leve sorriso no rosto. Mariana suspirou.
– Pode ser divertido, oras. Vamos conhecer o mundo – ela tentou demonstrar um pouco de animação.
Vitor foi até a irmã mais velha e se sentou ao seu lado, aninhando-a em seus braços por saber o quanto ela estava frágil. Mariana sorriu, finalmente um pouco mais que no último mês.
– Acho que devemos ir, e partir o quanto antes pudermos. O problema não é o lugar em que estamos, mas sim onde Charlotte está – o garoto suspirou.
– Bem, se quiserem uma sugestão, eu diria para começar pela Europa. Os castelos da nobreza deixarão Alice e Mariana completamente maravilhadas – Robert sorriu para as garotas. Ver Alice com alguma expressão no rosto outra vez era ótimo.
* * *
– Céus, esse lugar é enorme! – Mariana exclamou, observando o castelo enquanto o criado retirava as malas de sua carruagem.
– Sim, com certeza é. Esperem só, vocês vão se perder lá dentro – Robert ofereceu o braço à Alice, que apoiou a mão ali, sorrindo, impressionada com o tamanho do castelo.
Ainda que ficasse muito mais quieta que Mariana ou Catarina, ela era a que mais estava apaixonada pelos lugares que conhecia na Europa. Talvez por saber que sua família viera de lá e por conhecer a riqueza da história e da arte do Velho Mundo.
Claro que uma das coisas que mais impressionavam a vampira era o luxo dos lugares que Robert os levava. Com a hipnose, era fácil se passar por alguma família nobre. Normalmente, ele se apresentava como o duque Smith, e logicamente, Alice era sua esposa. Todos acreditavam, e certamente sempre hipnotizavam alguém para obrigá-los a lhes dar abrigo nos palácios mais belos.
E claro que nenhum deles era tão impressionante quanto o palácio que viam agora. Na Inglaterra, estavam indo para o palácio de Buckingham, em Londres – sim, o palácio da família real. Alice saltara nos braços de Robert quando ele lhe dera a notícia, alegre por saber que conheceria alguém de sangue azul de verdade.
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Forever II - Vivendo a Eternidade
VampireForever I - http://w.tt/21MoI45 Ela nunca almejou o poder. Passaram-se 80 anos, e ela ainda treme de medo de Charlotte e Pedro. Alice pretendia escapar, mas não conseguiu. Robert sente a falta dela todos os dias, assim como os Johnsen. E por falar...