Alice segurou com firmeza a mão de Vitor, quase se apoiando nele. Ele olhou o receptáculo de madeira em suas mãos, que continha as cinzas do corpo recém-cremado de Camila. A loira não havia tido forças para ver a cerimônia anterior, na qual o cadáver queimara até as cinzas. Na verdade, apenas Gabriel, Mariana e Eleanor aguentaram, e a última quase desmaiara, segundo o irmão.
– Acho que... Vitor deveria começar falando... Se quiser – Gabriel sugeriu. A voz dele estava embargada.
Vitor soltou Alice e abriu a caixinha. Ele mergulhou a mão dentro, pegando um punhado de cinzas, e tremor percorreu seu corpo. Evidentemente sem conseguir falar, jogou as cinzas na terra revirada a sua frente, onde eles haviam enterrado a outra caixa, com o coração que Charlotte arrancara. Um espasmo tomou conta do corpo de Vitor, e ele se ajoelhou, chorando, e entregou a caixinha para Alice.
Ela a segurou, incerta, olhando a madeira esculpida enquanto milhares de pensamentos lhe passavam pela cabeça. Por fim, se ajoelhou no chão, pegou um punhado de cinzas na mão pequena, e despejou sobre a terra desenhando uma cruz. Baixinho, rezou, com as lágrimas intermitentes rolando pelas bochechas, e finalmente fez o sinal da cruz antes de se levantar. Vitor, no entanto, ainda estava sentado no chão, observando o túmulo improvisado com tristeza.
Gabriel encarou a caixa em suas mãos durante alguns minutos. Seus olhos verdes não demonstravam emoção alguma, mas seu maxilar travado mostrava o esforço que fazia para mantê-los assim. Hesitante, ele agarrou um punhado de cinzas entre os dedos, é apenas assoprou aquilo para a o chão, fechando os olhos. Segurou a caixa ainda por alguns instantes, mas não falou nada.
Leonardo acabou por pegar a caixa das mãos dele, que não relutou. O garoto olhou para seu gêmeo, e os dois abriram a caixa juntos. Com os olhos cheios de lágrimas, ambos espalharam as cinzas pela terra. Breno murmurou "vamos sentir muito sua falta, mãe", e soltou um soluço em seguida. Os garotos se abraçaram, precisando desesperadamente do apoio um do outro naquele momento.
Ao receber a caixa das mãos deles, Mariana precisou de muito esforço para não cair imediatamente como Vitor fizera. A aparência da garota era péssima, com os cabelos despenteados e desarrumados desde o dia em que souberam da morte de Camila, e não havia nenhuma maquiagem em seu rosto sempre bem cuidado. Ela encheu a mão com as cinzas, e deu um beijo sobre o o punho fechado, movendo os lábios como se dissesse "eu te amo". Uma lágrima caiu de seu rosto sobre sua mão, e ela espalhou as cinzas no chão, engolindo em seco. Seu lábio inferior tremia pelo choro, e ela entregou a caixinha à irmã.
Eleanor era a única que não chorava. Como sempre, tentava aparentar mais força do que tinha. Entretanto, seus olhos mostravam uma dor muito maior que a de todos os outros, e era possível ver que esta era verdadeira. Seu olhar fixo e os lábios entreabertos mostravam os estado de melancolia em que ela estava, mas não se deixaria admitir. A garota jogou o restante das cinzas em uma das mãos, então levou o punho ao peito.
– Por favor, mãe, me perdoe – ela disse, em alto e bom som. Vitor finalmente desviou os olhos do chão ao olhar para ela. Eleanor deixou que uma lágrima escorresse, solitária, por seu rosto, e por fim, com o braço inteiro tremendo, despejou as cinzas por sobre o monte de terra.
Todos permaneceram em silêncio durante alguns minutos. Vitor puxou a mão de Alice e ela se sentou em seu colo. Ele sabia que a garota iria preferir o consolo de Robert, mas como este havia decidido por ficar em casa, junto com Catarina, achava melhor que ele mesmo cuidasse de sua irmã. Pelo resto daquela cerimônia improvisada, o único som eram os soluços e o fungar do choro dos irmãos Johnsen.
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Nota da AutoraOi gente... Pois é... Escrever esse capítulo me fez chorar bastante.... Não sei se consegui tocar vcs como esperava.
Como eu tinha prometido, esse capítulo será bônus. Eu não tive tempo para postar antes, durante a semana, então vou postar outro capítulo hoje, mais tarde. Então, até daqui a pouco!
Ps: não se esqueça de votar, votos incentivam <3
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Forever II - Vivendo a Eternidade
VampireForever I - http://w.tt/21MoI45 Ela nunca almejou o poder. Passaram-se 80 anos, e ela ainda treme de medo de Charlotte e Pedro. Alice pretendia escapar, mas não conseguiu. Robert sente a falta dela todos os dias, assim como os Johnsen. E por falar...