Bem vinda de volta

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​Era pelo menos a quinta vez que ela acordava e não conseguia mover um músculo. Suas costas e parte do pescoço ardiam e latejavam demais. Alice tinha medo de se mover e a dor piorar. Temia abrir os olhos e ver que não morrera.

​Apesar de que dessa vez ela estava um pouco mais forte. Percebera que estava deitada em uma cama confortável, e havia alguém roncando deitado ao seu lado. A garota considerou não estar com Charlotte e Pedro. Mas onde estaria? Ela se lembrava de que não conseguira fugir. A última coisa de que se lembrava, na verdade, eram as primeiras chibatadas que tomara.

​Finalmente tomando coragem para se virar e aguentando as pontadas de dor pelos cortes que se abriram, Alice viu quem estava ali ao seu lado. E ela não pôde evitar o sorriso de orelha a orelha que se espalhou por seu rosto.

​Não queria acordar Robert, porém não se conteve em deitar encostada nele. Os cortes ardiam desagradavelmente, mas nada que ela não pudesse aguentar. Quando encostou a cabeça contra seu peito, o vampiro acabou acordando.

​– Hã? O que foi? – ele murmurou ainda sonolento, então se virou para a menina. – Alice! Você finalmente acordou! Como você está?

​– Bem. Com muita dor, mas estou melhor do que me senti em muito tempo – respondeu baixinho.

​– Graças a Deus que você acordou, amor. Eu já estava enlouquecendo de preocupação. Achei que não fosse acordar mais.

​– Quanto tempo fiquei desacordada?

​– Mais ou menos uma semana.

​Ela arregalou os olhos. Ficara um bom tempo fora de si. Ouviu Robert rir de sua surpresa. Então outra dúvida lhe surgiu de repente.

​– E a Lea?

​– Quem?

​– Eleanor.

​– Ah. Ela está bem, nem chegou a se machucar. Explicou a seus irmãos tudo que aconteceu e pediu desculpas – Robert respirou fundo antes de continuar. – Acho que eles fingem que nada aconteceu. Estão todos normais.

​– Isso é ótimo – Alice sorriu. Então enterrou mais o rosto nas vestes de Robert, sentindo as pálpebras pesadas. – O que vou dizer parece brincadeira, mas eu estou muito cansada. Muito mesmo.

​– Que? Você dorme uma semana e ainda diz que está cansada? – ele brincou, passando as mãos no cabelo dela distraído, enquanto admirava suas feições perfeitas. Alice riu.

​– Eu não tinha exatamente como descansar confortavelmente sendo escrava, sabe?

​– Tudo bem, princesa. Só estou brincando. Mas me explique uma coisa antes de dormir: como?

​– Como o que? – ela levantou a cabeça, curiosa.

​– Como você está viva? Alice, fui eu mesmo quem te encontrei morta no chão. Você não respirava, não tinha batimento. Como pode estar viva? Que tipo de milagre é esse?

​Alice suspirou. Era algo que nem Eleanor sabia. Mas claro que Robert não se controlara em fazer a pergunta. Ela não sabia exatamente o porquê, mas se sentia muito culpada por aquilo. Não podia ter dado algum jeito de dizer que estava viva? Mas ao invés disso, deixara todos sofrendo por sua morte. Depois de um tempo, ela contou o que acontecera e, consequentemente, tudo o que passara como escrava.

​Quando começou a contar sobre Pedro e Charlotte terem tentado matá-la, as lágrimas escorreram de seus olhos. Robert a pegou nos braços e enxugou seu rosto. Alice parou finalmente de chorar.

​– Tudo bem. O resto da história eu já sei. Fui eu quem te salvei, princesa.

​– Obrigado – disse ela, com um sorriso frágil no rosto novamente. – Está me chamando assim só porque estou machucada ou você vai continuar com isso depois que eu melhorar? – perguntou com os olhos brilhantes. Robert riu.

Forever II - Vivendo a EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora