6. Visita.

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Fernanda

Fui acordada com vários beijos da Rafaela. Não sei como eu ainda não consegui cair nos encantos dessa linda mulher, por que ela é do tipo que te acorda com beijos e faz declarações a cada segundo, me entende e me ajuda em muita coisa. Só que como nem tudo e mil maravilhas, ela também é do jeito que dá, quer receber e eu não gosto disso, é como se ela não fizesse por amor e sim por interesse.

— Bom dia meu amor. — Me deu um beijo.

— Bom dia Rafa, não vai trabalhar?

— Não, decidir passar o dia com você. — Rafaela e fotógrafa, então vez ou outra está trabalhando.

— Vou ir visitar minha mãe hoje.

— Não acredito que você vai me deixar aqui sozinha, para ir visitar aquelazinha.

— Rafaela AQUELAZINHA é MINHA mãe, não uma qualquer.

— Mas... — Há interrompi no mesmo segundo.

— Mas, se caso você disser qualquer coisa negativa que a atinja, vai comprar uma briga. — Me levantei e fui para o banheiro.

Rafaela não gosta da minha mãe, desde que eu saí de casa e contei toda minha história, então ela acha que eu não deveria perdoa-la, eu não sou ruim ao ponto de odiar uma pessoa que me criou e me "amou" até os dezesseis e eu ainda a amo, não como antes, só que apesar de tudo ela é minha mãe. Terminei de me arrumar e vi Rafaela sentada na minha cama assistindo tv.

— Vai mesmo me deixar aqui sozinha, poxa Nanda deixei de trabalhar para ficar ao seu lado, passarmos o dia juntas e aí você simplesmente vai visitar sua mãe.

— Vem comigo. — Falei dando um beijo em seu rosto.

— Não. — Ela se levantou catou a bolsa e já ia saindo. — Caso você se esqueça eu te amo e te amarei muito mais que ela. — Saiu batendo a porta.

Claro que eu me sinto mal por isso, só que eu também preciso passar um tempo com minha mãe, minha família, que além dela também tenho um irmão de cinco anos que não é do mesmo pai que eu, um garoto lindo de ouro e que consegue preencher o coração dela com amor e carinho, e ele gosta muito de mim e sente muito minha falta, está sempre pedindo que eu vá ver ele, e eu amo os dois apesar de tudo.

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Chegando na casa da minha mãe, estaciono o carro na entrada, eu não moro muito longe dela, só a alguns quilômetros, dou duas batidas no portão e quem aparece é Bruno, ele veio correndo e me deu um forte abraço, vou me aproximando da sala e lá está ela sentada no sofá assistindo tv.

— Oi. — Falei meio seca.

— Bom dia, tudo bom?

Deu uma olhada para mim, com um grande sorriso no rosto, isso me deixava muito feliz, coloquei Bruno no chão e dei um beijo na testa dela.

— Estou ótima e você? — Sentei ao lado dela e Bruno voltou para meu colo.

— Vou bem, faz tempo que não vem aqui, você mudou desde a última vez.

— Er.. estou trabalhando muito e não dá.

— Ainda com aquela garota? — Se levantou indo para a cozinha é eu fui atrás.

— Estamos juntas.

— Hum. — Ficou calada por um minuto. — Você podia levar Bruno na casa da madrinha dele para mim, por que terei que trabalha e a escola dele estará dois dias de recesso.

— Levo sim, ele também mudou muito desde a última vez, cresceu bastante.

— Nanda, a Rafa não vem? — Apareceu meu irmão na cozinha, com um carrinho na mão me perguntando.

— Vem não amor. — Respondi.

— Como está seu relacionamento com ela? — Dessa vez foi mãe que perguntou.

— Está meio abalado, não sei se vai durar muito. — Falei com a voz meio que falha.

— Vocês não se combinam, por que não tenta com um homem?

— Dona Sonia não comece. — Repreendi-a, virei de costa observando a pequena cozinha.

— Fernanda você nunca namorou um homem, como sabe se gosta ou não?

— E você nunca namorou mulher como sabe se gosta ou não?

— Porque isso não é da nossa natureza, não preciso discutir contigo sobre esse assunto, cada um sabe o que faz. Bruno vá brincar no portão. — Ela falou para Bruno, ele então saiu meio decepcionado, mas Bruno não é do tipo que fica insistindo e é muito obediente. — Olha Nanda, eu preciso de sua ajuda.

Veja só como é as coisas, ontem era eu que estava ali tendo que trabalhar do meu jeito para ter comida no meu prato, teria que batalhar para ter o que eu queria, por que a única coisa que eu tinha dela era uma casa e uma cama mais nada.

— Fala!

— Estou precisando comprar uns remédios, por que os meus estão acabando e você sabe como são caros, vou te pagar cada centavo como todas as outras vezes.

— Não sei se tenho grana dessa vez. — Comecei a caminha para a sala e ela veio atrás de mim.

— Fernanda você sabe que eu sempre pago e sei que depois do que aconteceu.

— Não importa o que aconteceu, esquece o passado por que ele não me trás boas lembranças, o que importa é o agora, a sua doença, vou comprar os remédios e não se fala mais nisso. — Ela tem essa mania de ficar lembrando do passado, o que me deixa irritada.

— Olha segunda feira venho aqui cedo para buscar o Bruno, aí trago seus remédios, me dê a receita.

— Aqui está. — Esticou o papel. — Você já vai?

— Vou, fiquei de encontrar com alguns amigos.

— Você não é mais a mesma.

— Não sou e nunca serei! — Fechei a cara, e Bruno voltou em mim correndo e entregou um papel.

— O que é isso meu bem?

— Nossa família. — Deu um sorriso fofo e começou a apontar. — Eu, você a mamãe e Rafaela.

— Ficou lindo, eu também tenho algo para você. — Lembrei que tinha comprado para ele, um bonequinho do homem aranha, que me pediu, quase me esqueci de entregar.

— Está aqui! — Dei Bruno que ficou bastante feliz, minha mãe ficou me olhando como se esperasse algo, então dei mais uma mexida na minha bolsa e lá estava um colar que vi no shopping e comprei para ela.

— Comprei isto para você, achei que combinava — Entreguei para ela.

— Obrigada querida e realmente lindo. — Falou olhando para o colar parecia feliz com o presente.

— Já vou indo, tchau.

— Tchau. — Disse ela.

— Tchau Nanda. — Bruno me deu um abraço forte.

Então dali eu parti, não gostava muito de ficar naquela casa, quase todas as minhas visitas são bem rápidas, para que eu não me sentisse mal. 

A Dama de uma Vagabunda Vol. 1 |EM REVISÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora