Untouched

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Eu não lembro onde deixei as chaves, devem estar no bolso do meu casaco, mas eu estou sem casaco. Merda! Eu não devia ter ficado tão bêbado, eu só queria relaxar um pouco.

As pessoas se movimentavam ao meu redor me deixando zonzo, eu imagino quais pensamentos não as deixam dormir à noite.

Eu peguei outra bebida, eu não tenho dinheiro pra pagar a comanda no final da festa, mas eu sempre arranjo um jeito.

— Olá... – Uma voz masculina soou ao pé do meu ouvido. Eu disse que sempre arranjo um jeito.

— Oi baby. – Eu disse de forma sensual. Ou o máximo que eu conseguia ser estando bêbado.

— Tudo bem? Como é seu nome? – O homem apoiou sua mão no meu quadril e se projetou para cima de mim.

— Sou Louis, e você? – Eu perguntei dando um gole longo na minha bebida, me preparando para a longa noite que ainda seguiria.

— Sou Zayn. Você quer subir? – Ele apontou para o camarote e eu acenei sem demonstrar interesse excessivo.

A escada parecia girar e se contorcer diante dos meus olhos, as mãos nos meus quadris me guiando suavam minha pele e minha garganta fazia ruídos involuntários.

Há sempre aquele momento, no meio da noite, que seus olhos estão entupidos de luzes, cabeças e escuridão, e então acontece aquele clique de volta para a realidade. Mas logo um rosto diferente sorri para você, e isso basta para a máscara ser recolocada.

Zayn me ofereceu bebidas por sua conta e me tomou a comanda das mãos, eu sei que tudo teria um preço, mas eu não ligava, seu rosto é bonito o suficiente.

– Então, amor. Sua casa ou a minha? – Ele foi direto, suas mãos acariciam os lados do meu quadril mas eu quase não sinto seu toque.

E eu não poderia dizer "minha casa" quando eu nem ao menos tenho uma.

— A sua... – Ele sorriu e se inclinou para um beijo. Iria ser uma longa, longa noite.

Dormir em hotéis beira de estrada, e no meu minúsculo carro – onde eu estendia os lençóis roubados dos hotéis – não era o significado mais adequado para "minha casa." Então na manhã seguinte, eu pedi para Zayn me deixar no estacionamento da boate, onde meu carro se encontrava, e adivinha? Sem gasolina, de novo.

E Zayn se mostrou um cara excepcional quando se ofereceu para encher meu tanque, não me dei ao luxo de recusar.

— Me ligue, Louis. – Ele disse me dando um cartão de visitas.

— Eu não vou ser atendido por nenhum namorado ciumento, vou? – Disse, de acordo com minhas experiências retrógradas.

— Não. – Ele riu, mas logo ficou sério novamente. — Eu gostei de passar a noite com você... gostei de você. Quero ser seu amigo.

Eu sorri e acenei, eu não queria dar uma de dramático e lhe dizer que eu não preciso de amigos. Ele me sentiu, não só fisicamente, mas emocionalmente na noite passada.

Acelerei meu carro, os dedos ocupados por um cigarro de marca barata, estava indo agora mesmo para consertar o estrago de duas noites atrás. Porém, a lembrança do cheque me trouxe a oportunidade de emprego ouvida no mesmo dia da tragédia. Será que já tinham preenchido a vaga? Não custa nada arriscar.

Cortei caminho, direto para o prédio da Styles Magazine, uma entrevista duraria menos tempo que o conserto do carro, então optei por deixar o carro na oficina outro dia.

O caminho estava fora de rota, tive que dar uma volta enorme para chegar até o centro, mas dessa vez na mão certa. Entrei no estacionamento do edifício, dizia que os visitantes podiam entrar, estacionei meu Saxo entre uma Range Rover e um Hyundai. Olhei os carros de alto padrão ao meu lado, como eu pude pensar que eu conseguiria algo assim? Minhas roupas inadequadas, eu também não cheirava muito bem, estava um pouco bêbado da outra noite, meu cheiro se devia à ela.

Four Years No Calls [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora