Capítulo 4 – Até mesmo o cheiro é o mesmo que o dela...
Uma bela garota caminhava em uma sala completamente em branca.
Seu passos eram delicados e suas roupas, panos de algodão leves o suficiente para se mover mesmo quando não havia passagem de vento; era quase como ver uma pintura cheia de detalhes, mesmo com poucos trajes. O longo e belo cabelo castanho escuro da menina ressaltava-se em meio àquele mar de branquitide.
Seu pescoço havia como enfeite um colar; Uma corrente prateada com um pingente redondo de uma lua minguante. Detalhes quase impercetíveis de prata, mas ainda sim magníficos; cada traço da menina parecia sair de uma obra renascentista.
— Ei. — Pedro tentou chamá-la, mas fora completamente ignorado.
A garota continuava a caminhar despreocupadamente, cantarolando uma linda melodia bem suave com os olhos-paisagem. Quanto mais Pedro tentava ir atrás desta menina, mais ela parecia distante.
Menos ele a ouvia cantarolar...
De repente, um garoto apareceu. Ele tinha as feições idênticas as da menina. Eram aparentemente irmãos; gêmeos.
Ele não usava camisa e vestia apenas uma calça folgada, de mesmo tecido e cor que usava Rafaela.
— Rafaela...
Surgiu-se uma nova figura; um homem esguio e de cabelos pretos nos ombros. Sua pele era pálida, opaca e áspera como uma parede velha. Esse homem trajava roupa social; camisa branca, botas e calças pretas com um suspensório de mesma cor.
Ele estava armado. Segurava frouxamente uma espada em sua mão esquerda, de lâmina reluzente e cabo encouraçado. Balançou-a três vezes e deu nas mãos daquela tão delicada jovem...
— Faça. — Ele sussurrou, de forma serena, calma, e extremamente baixa, mas Pedro foi capaz de ouvir. — E faça logo...
Ela segurou a espada com as duas mãos e direcionou-a contra a barriga de seu — aparentemente — irmão.
— Eu sinto muito... — Ela disse com sua voz amargurada, deixando ir com ela uma singela lágrima de seu rosto.
Pedro estava perplexo; não conseguiria esboçar reação mesmo se quisesse. Estava emudecido por algum fator externo — em relação ao ambiente, talvez? — o qual não sabia lidar.
A espada atravessou o tronco do rapaz, fincando a lâmina até que o cabo da espada encostasse em seu umbigo.
— Não! — Pedro tentou gritar com toda força de seus pulmões, mas assim sentiu que sua voz havia saído, viu Paulo sentado em seu colchonete no chão de seu quarto, apontando sua pistola nove milímetros pra ele.
Foi um sonho horrível.
— Você está legal? — Paulo perguntou em tom incerto, mas sutil. Fez uma careta confusa e a desfez quase no mesmo instante.
— Sim, eu acho... — Pedro disse enquanto esfregava seus olhos ainda remelados. — Foi só um pesadelo... Nada fora do comum. — Bocejou.
— Que susto... — Paulo, com um rápido feixe de luz, transmutou a pistola, fazendo-a virar moeda novamente.
O mais novo estava molhado de suor, ainda ofegante graças ao seu sonho — pesadelo — de momentos atrás. Sentiu algo rígido em seu peito e passou a mão para checar; seu cordão, encharcado, não foi poupado do suor de Pedro.
O clima estava chuvoso, mas o calor do Rio de Janeiro não seria abatido por uma simples nuvem escura e passageira. Dias quentes, noites chuvosas.
Paulo ajeitou-se em seu pequeno colchonete, mas algo parecia incomodá-lo muito. O mais velho, ainda sentado, sentiu sua respiração parar por um instante; seu olhar voltou-se para Pedro de maneira inexpressiva.
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Sete [EM REVISÃO]
ParanormalApós uma noite pouco lúdica, Pedro acorda com um número tatuado em seu ombro e um mundo novo surge diante de seus olhos, mudando completamente o rumo de sua vida. Sete é uma história fatídica sobre um mundo visto aos olhos de quem não tem medo do es...