Capítulo 5 - Irei apagar as Luzes (Parte I)

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Capítulo 5 - Irei apagar as luzes

[Este capítulo será um FLASHBACK feito apenas para complementar a história.
Sua leitura não é necessária (mas será divertida, eu prometo); caso não tenha interesse, pule para o CAPÍTULO 7]

- Senhorita Rafaela! - Judite, a escrava do casarão, chamava. - Rafaela! - Dizia entre as batidas repetitivas na porta do quarto. - Destranque logo esta porta e saia logo de seus aposentos! Seus pais estão à sua espera no jardim.

Os gêmeos estavam no segundo grande quarto, evitando sair para comparecer à confraternização medíocre. Tentaram ficar quietos, deixando o silêncio dar a impressão de que não que não havia ninguém no quarto.

- Não adianta ficar em silêncio! - A serviçal chamava. - Sei que está aí!

Rafaela, a irmã, revirou os olhos.

- Avise-os que já chego, Judite! - Rafaela disse indignada, aceitando o fardo. - Estou terminando de me vestir!

- Vossa mercê deve se apressar! - A emprega dizia se afastando da porta. - Seus pais aguardam sua presença!

Seu vestido era amarelo; não aquele amarelo claro, mas algo que tendia ao dourado, quase alaranjado. Costurado finamente, em várias camadas de pano, tinha mangas longas que se abriam em vários babados. O decote quadrado era adornado por bordados dourados, e a fina renda branca que cobria o colo terminava num rendilhado alto que fazia às vezes de gola. Um laço de seda finalizava o efeito da peça.

Combinando com o vestido, seu cabelo castanho estava preso para cima, num coque que fazia voltas sobre si mesmo, torcido e preso no alto da cabeça por grampos quase invisíveis. Arrematando o penteado, um laço similar ao que adornava o vestido.

Rafaela estava deslumbrante, algo que já não era mais incomum naquela idade.

- Eu desisto, Rafael! - Rafaela disse frustrada - Detesto as confraternizações estúpidas de nossos pais!

Rafael estava pensativo, ainda com ceroulas e de pernas cruzadas na cama; ele olhava para os cantos como se esperasse alguma ideia saísse das paredes do quarto e viesse à sua cabeça. Ele estava com uma vestimenta para dormir, uma leve camisa branca de mangas longas e ceroulas do mesmo tecido.

- Rafaela, dessa vez você vai ter que ir... - O gêmeo coçou a cabeça, mexendo em seus cabelos castanhos desgrenhados. - Eu não consigo pensar em nada-... - Antes que ele pudesse completar a frase, Rafaela o atropelou com palavras.

- Suplico aos céus por uma ideia! - Rafaela pediu. - Nossos pais vão me fazer conhecer algum tipinho para me cortejar! - Ela revirou os olhos junto a uma expressão de nojo. - Estamos nesse Período Regencial de nosso país e está tudo uma bagunça... Os homens ficam eufóricos com a ideia de poder e querem descontar isso nas mulheres.

- E qual o problema nisso? - Rafael caçoou dela - É tão ruim ter um nobre aos teus pés?

Rafaela virou-se rapidamente na direção do irmão.

- É péssimo! - Ela retrucou. - Eu detesto que os escravos façam isso, imagine então um nobre! - Rafaela se afasta ao falar. - Você não tem idéia de quão feliz eu fico quando vejo Judite alimentada....

- Você não pode escolher. - Rafael respondeu com o olhar voltado para o teto como quem ainda está a pensar. - Desculpe, não vejo outro caminho.

Ela respirou profundamente e se levantou, indo até a porta de seu quarto e destrancando-a com sutileza.

- Já estou indo para lá... - Aceitou a única alternativa, dirigindo-se à escrava. - Avise a meu pai que logo estarei na festa, estou apenas terminando de me aprontar, Judite.

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