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  Depois de 7 horas de sono eu acordei e ainda estava de noite, só partiremos de manhã, então fui andar pela nave, Aline estava cuidando dos pacientes, fui até ela e comecei a conversar.

- Você é engenheira, não precisa cuidar deles.

- Meu pai era médico, ele me ensinou muita coisa, nunca tive a oportunidade, e quando enfim não vou poder usar minhas aclamadas habilidades ?

- Ué! Claro que pode, toda a ajuda é bem vinda.

- Hum... Você não tinha que está dormindo ?

- Eu acabei de acordar e fui te procurar- Eu disse com um sorriso de canto de boca.

- Me procurar ? Para quê ?  – Ela sorri.

- Você é casada ?

- Não, eu tive um namorado uma vez, nunca fui muito de ter relacionamentos.

- Olha, eu ia até te chamar para um jantar romântico á luz de velas no restaurante mais caro, só não te chamo porque não tenho dinheiro e estamos em outra galáxia.

- Para que gastar dinheiro e tempo com algo desnecessário que é comida cara, toda uma armação romântica para me conquistar ? Sendo que só um beijo já dá certo.

Não pensei duas vezes, beijei ela, e ela correspondeu, enquanto nos beijamos o soldado iraniano estava em pé nos observando, e ele chegou até nós e disse:

- Que coisa mais linda, duas pessoas se engolindo, que hábito mais nojento esse que temos.

- O que você quer ?- Eu disse.

- O que eu quero ? Só pelo fato de que eu larguei tudo, para ir para outro planeta, para outra galáxia, sem uma notícia se quer da minha filha, eu não quero nada. - Ele fala com deboche.

- Você quer que eu faça o que ? Aborte a missão para você ver a sua filha ? Sinto muito, eu não tenho essa autoridade.

- Eu não disse isso. O que eu quero mesmo é mais uma companhia feminina, ainda mais de uma bela mulher que nem a Aline.

- Por que você não volta para sua cama ?- Eu disse com punhos cerrados.

- Cama ? Quer dizer aquela que foi desintegrada na explosão ? Ou aquela câmara de observação onde estou sendo preso por nada ? Eu estou bem, não preciso ficar em observação.

- Não sabemos qual vai ser a reação do seu organismo com a exposição do ar puro, por isso é bom você ficar lá por enquanto- Disse Aline.

- Blá blá blá, todo esse papinho, eu tô bem, e para provar isso eu vou sair por essa floresta, caçar, pescar, fazer coisas da terra.

- Você não vai há lugar nenhum. O único lugar para onde você vai é para a sua câmara- Eu disse apontando para as câmaras.

- Que papo chato vocês têm, eu só não te bato aqui soldado, porque já estamos desfalcados, só quero que saiba que na minha primeira oportunidade eu vou quebrar a sua cara e arrancar com minhas próprias mãos a sua garganta.

- Um dos poucos momentos em que estaremos há sós é esse, vem, eu não tenho medo de outro soldado.

- Um homem sem medo você em! – Ele ri — Sabe quem não tinha medo ? Aquele soldado que morreu do seu lado, por sua culpa, e sabe o que é pior, ele foi deixado para os "lobos", e ninguém fez nada para impedir que isso acontecesse- Disse o soldado olhando para uma tesoura que estava em cima de uma mesa.

- Quem te disse isso ? Pelo o que eu sei você só viu quando ele já estava sendo comido.

- Eu não sei quem me disse isso, mas sabe o que eu sei ? - Ele sorri.

- O que você sabe ?

- Se um dia essa nave decolar em direção á terra, vai ser sem você, o seu destino vai ser o mesmo daquele soldado, enquanto eu estarei dando gargalhadas na nave, indo para casa.

- HAHA, cachorro que muito late não morde.

- Mas diferente de você eu não sou um cachorro.

- Eu não sei que tipo de jogo você quer fazer aqui, não vai dar certo, agora se me dá licença vou colocar minha farda, sou útil ainda, diferente de um estuprador de japonesas.

- Retire o que disse AGORA- Disse ele com a tesoura em mãos.

- Você estuprou e matou aquela mulher, disso eu tenho certeza, e eu sei que não vão descobrir isso, era melhor você ter morrido naquela explosão, porque uma tesoura não vai te ajudar em nada, isso só prova que eu estou certo.

- Ah que se foda- Disse ele vindo em minha direção com a tesoura, tentou me enfiar ela no peito, me esquivei e lhe dei um soco na barriga, ele tentou me enfiar na perna, consegui tirar a tempo, ele me cortou na coxa, dei lhe um gancho e ele caiu no chão, então fui para cima dele, e comecei a dar socos, já com minhas mãos ensangüentadas eu não conseguia parar, parecia que o sangue dele me dava mais energia, ele já estava apagado, e eu continuava a socar até que Aline gritou desesperada:

- CHEGAA, VOCÊ VAI MATAR ELE- Eu não ouvia, a raiva tinha tomado conta de mim, então ela me empurrou de cima dele me jogando no chão e disse:

- Você ta ficando louco ? Se matar ele o exército te executa- Disse ela com raiva.

- Eu sei, eu fiquei cego.

- Não precisava disso tudo, todas essas ameaças, e agressões, isso não leva a nada.

- Vou colocar ele na câmara, deixar ele trancado, não abra, ele é perigoso, depois que colocar ele lá eu vou esperar o resto acordar e partiremos.

- Ok, só não mata ele enquanto está desmaiado.

Coloquei ele na câmara e o deixei trancado, vesti minha farda, e fiquei esperando amanhecer, para partir então em busca de respostas do acampamento.

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