Capítulo 6

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Havia tempos que eu não dormia tão bem quanto aquela noite. Eu poderia dizer que o fato de ela não estar em casa me fazia sentir mais a vontade para respirar aliviado, mas seria duvidoso, porque por outro lado eu estava curioso em saber onde ela teria passado a noite. Foi quando me peguei pensando sobre isso enquanto analisava uma das propostas do sócio que Mike havia conseguido para a empresa que percebi que desde que tinha colocado os pés nessa cidade eu estava tão focado naquela garota que me esqueci de viver. Talvez o tesão incontrolável que eu sentia por ela simplesmente passasse quando minha abstinência de sexo fosse saciada por alguma mulher desconhecida que eu pretendia encontrar ainda hoje.

Esperei o relógio marcar seis horas em ponto e me levantei da cadeira começando a organizar os papéis em minha mesa. Pedi para Janice, nova estagiária, para que fizesse cópias de todos eles e entregasse os originais ao Mike.

Sorri para Alicia parando na porta do seu escritório.

- Te conheço bem o suficiente pra saber o que esse sorrisinho quer dizer – acusou apontando com a caneta em minha direção e três segundos depois sorriu praticamente tanto quanto eu, guardando suas coisas dentro da bolsa. - Pra onde vamos?

- Você é a pessoa mais britânica que eu conheço. Me diga aonde vamos. Desde que o lugar tenha mulheres - pedi quase em uma suplica ajeitando o paletó dobrado em meu braço.

- E você acha que eu te levaria em um lugar sem elas? - Riu com gosto ajeitando os cabelos ruivos e me seguiu até o elevador. - Isso tem algo a ver com a babá? – Me olhou como se já soubesse a resposta.

Alicia é realmente uma pessoa incrível. Em pouco tempo já podia identificar meus gostos e olhares apenas me analisando. Talvez tivesse algo haver com a faculdade de psicologia que ela havia começado a fazer antes de desistir e rumar para o direito, mas talvez só tivesse haver com a nossa estranha amizade repentina.

- Em partes – Suspirei, indo com ela para o seu carro. Nos ajeitamos e ela deu partida. - Eu preciso espairecer, transar, ficar bêbado. Qualquer coisa. Eu não fiz nada disso desde que cheguei aqui – esclareci olhando pela janela já vendo o sol se pôr e a cidade começar a ficar iluminada pelas luzes vindas dos prédios, lojas e conveniências.

Por Deus, eu havia me esquecido completamente do quanto essa cidade era linda. Sorri tendo algumas lembranças da época em que vivi aqui, mas a voz da ruiva logo me chamou a atenção.

- E você acha que esse é o motivo de estar tão focado nela? - Parou em um sinal e me encarou.

- Acho que sim. Bom, é um dos motivos. – Sorri de lado e ela assentiu voltando a dirigir, não demorando a estacionar em frente a um pub. Desci com ela e entrei no local já mais animado. Definitivamente eu estava com saudades daquilo.

Já havia ouvido de Mike, e até de Jessy, que com a minha idade já era para eu estar noivo e formando uma família. Recomeçando. Mas depois de tudo que já tinha acontecido, eu não sei se era realmente capaz de fazer isso. Eu não queria desenterrar o passado e muito menos revivê-lo.

O ambiente do local era bom. Alicia havia nos levado em um lugar perfeito; eu não me sentia um velho por estar lá e as pessoas pareciam não se importar com as idades umas das outras, apesar de eu ter quase certeza de que a entrada para menores de idade era proibida.

Sentamos em um dos bancos do bar e pedimos dois copos de whisky. Ela havia me dito que era comum o pessoal do trabalho se sentir entediado demais e vir aqui após o expediente. Era incrível como mesmo sendo nova na agência, a ruiva já houvesse feito mais amizade do que eu que estava há quase um mês lá.

Conversamos bebemos e rimos como se já nos conhecêssemos há anos. Era disso que eu mais gostava na minha nova melhor amiga, podíamos falar sobre qualquer coisa a qualquer momento. Sorri ao perceber o olhar da loira cair sobre nós dois e indiquei a mesma com a cabeça para Ali, que sorriu em um agradecimento. Pegou seu copo e se levantou se dirigindo até ela. Era óbvio que elas já se conheciam e eu conseguia identificar que o olhar não era para mim.

- Oi. - Olhei para o lado e sorri ao me deparar com uma mulher me encarando com um sorriso simpático nos lábios.

-Oi – devolvi o sorriso e tomei um gole da minha bebida. Eu havia reparado nela ao chegar no bar. Duvidava que alguém não houvesse reparado, ela era incrivelmente linda e parecia eufórica enquanto conversava com seus amigos.

- Vi que sua amiga arrumou uma nova companhia e decidi vir aqui. Posso? - Indicou à cadeira ao lado da minha e eu assenti a ajudando a arrastar o banco para trás.

- Claro! - Se sentou e ajeitou o cabelo, tomando um gole da sua bebida antes de proceder. Me lembrei que Ali havia comentado que notou o olhar dela na nossa direção. Naquele momento percebi que talvez pudesse ser verdade. Ingenuamente ou não, ela já estava mostrando algum sinal de interesse.

- Você tem cara de londrino, mas eu nunca te vi aqui antes. - Era uma das formas mais antigas já conhecidas de puxar assunto, mas ela merecia mérito por não ter sido tão clichê assim.

- É a primeira vez que venho aqui pra falara verdade, senhorita... - Esperei que ela concluísse a frase me dizendo seu nome.

- Melissa. - Aquele simples nome fez meu estomago entrar em combustão e meus poros se arrepiarem de um jeito ruim. Suspirei notando o quanto meu passado ainda me afetava e percebi que por hora aquilo não passaria.

Notei que a mulher ainda me encarava e respirei fundo antes de forçar minha voz a lhe dar uma desculpa antes de me levantar e saindo do bar meio desnorteado. Eu precisava de ar puro, precisava de qualquer coisa que me fizesse esquecer, ao menos por hora, daquele maldito nome.

Entrei em um dos táxis que estavam estacionados na rua e disse o endereço para o motorista que ligou o taxímetro e deu partida com o carro. Minha cabeça parecia rodar e meu ouvido zumbia de um jeito incomodo. O céu estava escuro e o carro parecia andar lento demais, piorando meu raciocínio. Abri a janela e respirei o ar puro que vinha lá de fora. Mal percebi quando o carro estacionou, o que pra mim parecia ter levado séculos. Joguei a nota de cinquenta euros no banco da frente saindo sem esperar o troco. Mas o cara lá de cima não estava indo muito com a minha cara e resolveu me testar, porque logo notei uma movimentação estranha de um carro parado pouco mais a frente da casa do Mike e poucos segundos depois vi Eva sair de dentro dele e o seu namorado ruivo sair em seguida, segurando seu braço com força a puxando para dentro do veículo de novo.

- Não toca em mim, Aron - ela verberou tentando empurra-lo, mas obviamente era mais fraca que ele e quase não obteve sucesso. Respirei pesadamente e andei até os dois sem parar de encarar o que estava acontecendo.

- Hey! Acho que você ouviu o que ela disse! - Olhei diretamente para o tal Aron. Minha voz havia saído grossa o suficiente para que ele entendesse o recado, mas ainda assim o babaca não a soltou. Eu via sua mão apertar ainda mais o braço da Eva e aquilo estava me irritando profundamente.

- Quem você pensa que é? - Tentou rosnar em resposta e eu ri daquilo. Moleques, vai entender.

- Sou o cara que vai enfiar o punho na sua cara e em outros lugares se você não a soltar!- disse convicto e o empurrei para longe da Eva, a pondo para trás de mim. Ao contrario do que eu pensei que ele fosse fazer, o ruivo apenas riu e olhou na direção da menina.

- Isso não acabou aqui! - Apontou em sua direção e entrou no carro, arrancando com ele dali. Virei-me em sua direção e vi os olhos da garota me observando analiticamente.

- Eu acho que já sou grandinha o suficiente para resolver meus próprios problemas. Por que você teve que se meter?- verberou rudemente e tentou me empurrar para longe, fazendo em seguida o caminho para casa do Mike me deixando parado e estático na calçada. Hoje não era meu dia. 

Não podia ser.

N.A.: Oi oi oi delicias, como vocês vão? Eu vou deixar aqui pra vocês uma att tripla, pra adiantar bem os capítulos mesmo, e espero que vocês gostem tanto quanto eu. Amo vocês, não esqueçam de comentar e de avaliar <3

Babysitter Of My NephewOnde histórias criam vida. Descubra agora