Babysitter Of My Nephew

Capítulo 5

Vi Eva respirar fundo enquanto parecia fazer um esforço descomunal para forçar a voz a dizer alguma coisa. Um sorriso educado tomou seu rosto enquanto Angel continuava a encará-la com quase a mesma expressão, mas algo novo começava a transpassar pelos poros do seu corpo e estava tomando conta de todo o ambiente. E eu não saberia definir ao certo se gostava dessa sensação.

- Oi, senhorita Stevens. Não sabia que viria para o natal desse ano também – a babá comentou de um jeito casual. Quem estivesse observando a cena meticulosamente, como eu, saberia que a frase tinha no mínimo dois quintos de uma mescla de desprezo e insatisfação em seu tom e o resto dos três quintos que sobrariam estariam completamente transbordados do máximo do seu controle emocional.

- Resolvi fazer uma pequena surpresa para a minha família – a voz da loira também estava mesclada de sentimentos, mas ela se preocupou em frisar a palavra "minha" de um modo pouco sutil.

Resolvi interferir antes que algo físico começasse a acontecer no meio daquela batalha de palavras que eu nem mesmo sabia o motivo de estar acontecendo.

- Ah, vocês se conhecem - constatei o óbvio enquanto via o olhar da Ang se voltar para mim assim como o da Eva. O da primeira era um olhar de obviedade como se ela perguntasse se aquela frase era de fato necessária, tendo em vista a pouca conversa entre elas e aos muitos olhares que trocaram. Já a mais nova olhava para mim como um refúgio, como se fosse mais fácil encarar a mim e focar nas minhas palavras a fazer isso com a nova hospede.

Cocei a garganta incomodado com a áurea que flutuava sobre aquela cozinha. O clima não era dos melhores e eu nunca fui bom em lidar com mais de uma mulher furiosa em um mesmo ambiente. Na verdade, eu duvidava que já tivesse sido bom em lidar com apenas uma mulher furiosa num ambiente. Não que elas duas estivessem realmente furiosas. Pelo menos não era isso que transpassavam. Acho que algo mais perto do descontentamento definiria melhor os sentimentos das duas, uma com a outra.

Mike e Jessy não haviam chegado tão tarde. Pelo menos não tão tarde como pensei que fossem chegar. O jantar não tinha sido dos melhores, pelo visto para todos nós, exceto para Arch, já que ele estava sempre feliz. Porém, a felicidade dele naquela noite contrastava com o humor das duas presenças femininas a mesa que só se pronunciavam quando o próprio Arch ou eu resolvíamos dizer alguma coisa. Não é como se fosse fácil jantar em meio a olhares cortantes sendo trocados pelas duas.

Já o jantar de Mike foi ruim, porque apesar de haver muitos sócios que acreditassem no potencial da empresa, ainda estávamos muito abaixo do que nosso posto oficial na maioria das estatísticas. E para voltar para ele, muito dinheiro teria que ser investido em nós. Como a empresa estava afundada em um rio de dívidas, iríamos precisar ao menos tentar tapar o sol com a peneira antes para que algum banco voltasse a confiar em nós.

Mike havia me dito que hoje era apenas o primeiro de muitos jantares ainda e, desta vez, foi ele quem me animou dizendo que iríamos conseguir passar por essa. Estava difícil pensar em um ponto de vista positivo com as coisas decorrendo assim. Já devia de se passar das duas da manhã quando concluí o último dossiê sobre a contabilidade da empresa e passei as mãos pelo rosto, tentando me manter acordado. Eu ainda queria revisa-lo e marcar pontos importantes, e sabia que precisaria estar bem acordado para isso. Mas minha mente parecia não concordar comigo e decidiu pensar em qualquer outro assunto, menos sobre o que eu realmente precisava naquele momento.

- Muito trabalho que não dá pra ser adiado? – Eva se sentou ao meu lado me oferecendo uma caneca de café que aceitei sem pensar duas vezes. Cafeína deveria resolver meu problema.

- Muito, sem contar que isso não é nem um terço do que eu preciso fazer. - Suspirei passando as mãos pelos cabelos que já estavam mais longos que o comum. Eu andava descuidado desde que cheguei a Londres. Até a barba andava esquecendo de fazer.