Prólogo

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Quando estávamos no deserto, lembro de ter olhado a imensidão de areia escaldante e ter pensado que nunca tinha visto nada tão poderoso. Quando aquela força dourada se levantava, não havia nada que o homem pudesse fazer senão buscar abrigo até que ela se aquietasse. Talvez por isso fraquejasse todas as vezes que os olhos dourados dela me encaravam, porque eles me lembravam as areias do deserto que ousei enfrentar... E, assim como o abrasador Saara que demandava sem aceitar nenhuma desculpa, seus olhos exigiam um pedaço de mim que não podia mais dar a ninguém.

Seus olhos, como o deserto, me hipnotizavam como uma antiga canção cantada em um idioma morto por sua antiguidade, que ninguém conseguia entender, mas podiam sentir. Eu sentia em minha pele.

Sentia que aquela melodia me chamava, que tentava espantar as sombras que haviam se tornado minhas companheiras. Minha sereia cantarolando para me trazer de volta do fundo do mar.

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