Travis e Connor não tinham mãe, foram abandonados no acampamento logo que ela teve o mais novo, que foi quando os monstros começaram a aparecer para Travis. Dois semideuses em uma casa, por mais fracos e novos que fossem, iriam atrair monstros. Logo que Connor nasceu a Sra. Alguma Coisa foi até o Acampamento e subiu no morro que ainda não chamava-se Colina Meio-Sangue, nem mesmo tinha o Pinheiro de Thalia. Ela gritou e gritou até que um centauro viesse trotando em sua direção, Travis ainda se lembra do que ela disse. Mas queria esquecer.
- Filhotes do demônio! Crianças amaldiçoadas! Prefiro morrer a gerar outra dessas aberrações! - E então largou-os ali. Junto à uma criatura estranha, desconhecida. Ele era muito pequeno, pequeno demais para poder se lembrar disso, tinha apenas 3 anos! O irmão com apenas dois nem distinguir as cores sabia, mas o homem-cavalo esticou os braços e carregou-os para dentro.
Travis e Connor fingiam não entender a surpresa das pessoas ao descobrirem que seu sobrenome era Stoll, mas eles sabiam o motivo. E davam total razão, afinal, eles não tinham sobrenome. Aquele era um sobrenome escolhido, já que eles nem mesmo se lembravam da mãe, selecionaram um nome que rendesse algumas piadas internas.
Demoraram dois dias para que o sinal de um caduceu surgisse sobre o mais novo. Demoraram 4 anos para que o mesmo sinal aparecesse sobre o mais velho, e somente uma pessoa havia visto.¹
Katie. Katie Gardner.
Ela também chegou ao acampamento muito nova, mas por escolha própria. Seu pai a mantinha trancada dentro de casa, e ela apenas tinha acesso ao quarto, banheiro e sótão. Pelo menos, ele achava isso. Ela adquiriu, com o tempo, uma habilidade inquestionável de abrir a janela do sótão e subir até a parte mais alta do telhado da casa da fazenda. Ela e o pai moravam em uma fazenda afastada de toda civilização, Katie nem mesmo sabia onde ficava, só sabia que tinha muito trigo por todos os lados.
Uma noite ela subiu no telhado e encontrou lá um invasor, pensou em gritar, mas por algum estranho motivo não sentiu medo. Pelo contrário, sentiu-se... Bem. Muito bem.
O pássaro era enorme², parecia uma bola de plumas com um pescoço longo e uma cabeça miúda. Nas laterais, tinha penas brancas e marrom-claro nas asas, contrastando com o resto do seu corpo que era negro. Na cabeça ainda tinha as bochechas (se é que podia chamá-las assim) brancas e uma espécie de moicano marrom. Ela ficou tentada a tocá-lo, mas foi ele quem o fez primeiro.
Aproximou sua cabeça exitante e a garotinha estendeu o braço, tocando a plumagem em sua cabeça, acariciando reticente. Logo depois tomou liberdade o suficiente para deslizar suas mãos ao redor do pescoço da ave e abraçá-la. Finalmente tinha alguém que não o pai para ver!
Depois desse dia, ela começou a ver a ave todas as noites em seu telhado, o pai não sabia o motivo de tanta animação da filha, mas ficava feliz por vê-la mais animada. Ele nunca quis trancá-la no quarto, mas preferia a isso que ver sua garotinha sendo atacada por monstros todos os dias ou pior ainda, ter que mandá-la para o... Como era mesmo o nome daquele lugar? Colônia de Férias? Não... Era outra coisa. Tanto fazia, ele iria ter que se afastar da sua menina, e isso ele não conseguiria suportar.
Mas Katie, na época, não entendia. Nem sei se hoje entende, talvez jamais entenderá, ela via (ou ainda vê) as coisas de outra forma, mas é compreensível que o pai quisesse mantê-la em segurança.
Então ela cansou.
Tinha 7 anos quando sonhou com uma colina, era bonita e ela viu ao longe morangos. Muitos morangos. Ao seu lado, na colina, estava o pássaro do seu telhado. Foi nessa noite que decidiu que fugiria. No outro dia acordou certa de que era isso que faria e arrumou suas coisas. Colocou uma muda de roupas e uma pelúcia de algo que poderia ser um urso ou um cachorro, mas tinha um fundo falso e casaco com estampa coração. Ela gostava dele. Subiu no telhado e montou na ave, que parecia saber o que ela queria fazer, pois saiu voando.
Depois de um tempo o pássaro parou em um lugar e ela se viu cercada por monstros, fechou os olhos e quando viu tinha maçãs nas mãos. Muitas maçãs. Jogou-as nos monstros vendo-as atingi-los sem efeito algum, então, por acidente, puxou o cabo de uma e quando tacou-a essa explodiu e acabou com duas das feras. Eram... Granadas? Puxava todos os cabinhos arremessando-as contra as criaturas até que não restasse mais nenhuma. Uau, ela podia fazer isso?
Essa cena se repetiu diversas vezes até que, durante a tarde, a ave pousasse num telhado diferente, esse coberto de grama. Então deitou-se e dormiu. Katie viu-se presa no telhado e gritou por ajuda, até que alguns adolescentes trouxeram uma escada para ajudá-la, mas ela já tinha desmaiado.
Quando despertou, estava numa enfermaria, com um homem-cavalo que cuidou dela antes de mandá-la para uma cabana de madeira com pessoas muito desagradáveis. ³
1- Essa cena é descrita em Príncipe Perdido e Princesa Chorona
2- Esse pássaro é o Grou, ave sagrada de Deméter, pesquisem sobre Deméter e ele aparece no fim da página da Wikipédia, nas maneiras onde ela é representada.
3- A partir desse momento é narrado em Era Uma Vez

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Tratie
FanfictionTodos sabemos que Travis Stoll e Katie Gardner formam um casal. Menos eles. Aqui está uma coletânea de oneshots Tratie, espero que gostem. Ela sempre estará finalizada e sempre estarei adicionando novos contos, não segue ordem cronológica e pode ter...