Mine

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Travis odiava o período letivo. Na verdade, ele repugnava totalmente tudo que tinha a ver com o momento em que os campistas iam pra casa depois de um verão de treinamento.

Ele, na verdade, nunca deu muita bola pra isso, Travis e Connor não tinham para onde ir, mas uma coisa insuportavelmente terrível era, agora que tinha finalmente tomado coragem em se declarar, Katie iria passar o período escolar no mundo mortal. Por quê?

- Eu tenho que ir, estudar, me formar... Você entende, não entende, Trav? - Ela perguntara antes de partir.

Ele entendia. Não queria, mas entendia.

Nem para um semideus ele conseguia ser normal, pelos céus, o que fez para merecer?

O pior é que ele mesmo não tinha essa opção. Queria estudar, se formar, ser alguém na vida (mesmo não tendo a mínima idéia do que pretendia fazer), mas sem família no mundo mortal não tinha chances disso acontecer.

Sua sorte é que Katie escolheu um colégio próximo do acampamento, o que a fez prometer estar ali em todos os feriados.

E Travis também disse que tentaria estar com ela nos fins de semana.

O relacionamento a distância não durou mais de um ano, tanto porquê ela desistiu no 3º bimestre do mundo mortal e também porque os dois terminaram nas férias de inverno por algum motivo estúpido.

Eles voltaram.

E terminaram.

E isso mais algumas vezes.

Quase sempre Katie fugia para a casa do seu pai, muito, muito longe do acampamento. Mas Travis não tinha para onde fugir, então continuava ali, cercado das memórias de um relacionamento que ele terminou por algum motivo estúpido.
Mas uma coisa que ele gostava era do verão, quando Katie não tinha como fugir. Ela era obrigada a ficar no acampamento, para concluir suas aulas de grego e equitação, para fazer sua parte no cuidado dos campos e também, para ter beijos roubados quando ele sentia vontade.
Katie não sabia que era sua, mas ele sempre soube. Soube quando ele começou a notar a diferença em seu vermelho-raiva e vermelho-vergonha, quando aparecia de surpresa no seu chalé e ela estava deitada na cama olhando para o nada e claramente pensando nele, quando ela olhava pros lados como se procurasse alguém, quando ele a pegava sorrindo olhando para as próprias mãos. Mas principalmente, quando ele notou que não admitiria que seu coração fosse de alguém que não era seu também.

TratieOnde histórias criam vida. Descubra agora