A Última Música.

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Nota: Olá, essa é a primeira vez que falo com vocês, tudo bem? Quero agradecer a todos por ter visualizado, lido e dado votos, esse foi meu primeiro livro, sei que ainda preciso melhorar muito. Essa obra foi algo inesperado, dado de presente a uma pessoa em especial, e depois de meses enfim crio coragem para entregar essa obra. Não tenho muitas palavras para dizer, só novamente agradecer pelos elogios vindo pelo whats, e pelos amigos que conheceram um pouco os bastidores dessa história. Espero trazer mais novidade a esse mundo da leitura, enquanto isso, vou seguindo por aqui.

:)

Os dias se passaram rapidamente, Áustria e eu continuavamos a nos ver, comer juntos, assistir filmes, e essas coisas que casal clichê que todos fazem, só eramos diferente dos outros porque não usávamo rede social para expor nosso namoro ou essas coisas. Batismos fotos e mandavamos revelar, sim, isso mesmo, imprimia as fotos e emoldurada num quadro, éramos bem esquisitos em relação a isso, mas era divertido.

Na manhã do dia 17, as coisas pareciam ter acordados com um "quê" a mais. Nos e-mails da noite passada, Áustria admitiu que estava com medo de eu ir sozinho, falou que ela poderia ir, mas eu mesmo lembrei que naquele dia começava os estágios dela no hospital da cidade, e não seria legal pro curso dela e nem pra ela, se no primeiro dia ela faltasse. Expliquei que estava tudo bem, as estradas que ligavam Gramado a Florianópolis eram seguras e bem cuidadas, a viagem durava no máximo umas seis horas. Após isso, ela se tranquilizou.

Eu ia sair às 16hrs do dia 17 e chegaria em torno das 21h40min do mesmo dia, se claro, eu não enfrentasse trânsito, paradas de blitz, chuvas, etc, etc, etc. O carro era emprestado do meu pai, após muito custo ele decidiu que era hora de eu usar para ir um pouco mais longe, sim, foram essas as palavras do meu velho pai. Fiquei feliz por ele ter confiado em mim, melhor isso do que ônibus. Somente eu da minha turma fui selecionado para ir nessa palestra, então, obviamente teria tudo pago pela faculdade desde a hospedagem até o café da manhã.

Quando deu em torno de umas 15hrs, meu pai trouxe o carro, ele e minha mãe não moravam juntos há muito tempo, se separaram quando eu tinha apenas 5 anos, longa história. Buzinou e saiu do carro, respeitosamente apertei a mão dele e pedi sua bênção. E como um grande presente, Áustria sai do carro.

- Seu pai passou pra me buscar, eu que tive a ideia, ok? - me calou ao me beijar.

- Certo, mais alguma surpresa? - sorri.

- Não no momento, tenta chegar cedo amanhã que você terá uma bela suspresa de aniversário! - falou animada.

Não pude deixar de sorrir, meus pais estavam ali, mas não liguei. Naquele momento eu precisava de Áustria mais que tudo, eu finalmente tinha em minhas mãos a garota que amava, ela era como um grande mundo para mim e eu queria cuidar a todo custo, evitando que qualquer vírus ou bactéria infectasse o nosso mundo. Aquilo era só meu e dela e de mais ninguém. Abracei ela e apertei junto ao meu corpo, senti minha nuca arrepiar, mas nao entendi o porquê, deixei isso de lado e nos beijamos longamente, era um beijo de amor, um beijo que anseiava por não terminar e sobretudo um de saudades, sendo que ainda estávamos ali.

- Eu te amo, Áustria. - sussurrei.

- Eu te amo, Renato. - respondeu de volta.

Nos separamos, minha mãe veio até mim e antes de me abraçar passou aquelas informações básicas que toda mãe passa pro filho quando ele vai se ausentar ou dormir na casa de desconhecidos. E por fim, ela me abraçou e só nao chorou porque eu olhei pra ela e sorrindo disse:

- Nada de choro. - falei rindo.

E assim me coloquei à disposição do vento. Liguei o carro e dei um último adeus a minha família e a minha namorada. O vento farfalhou as poucas folhas que estavam na estrada, e ouvi como se o vento estivesse rindo de mim. Acelerei e tomei rumo sentindo a Canela pela RS-235.

A paisagem era exatamente bonita, como era verão, a vegetação estava bastante verde ao redor da estrada, ouvia pássaros cantando em seus ninhos, mas esse som não era o que eu queria ouvir. Liguei o rádio e deixei a música do Legião Urbana me levar, aquilo sim era música, e empolgado comecei a cantar alto de acordo com a letra da música.

No sentindo Canela a São Franscisco de Paula a estrada era um tanto irregular, a vegetação ali era ainda mais densa e fechada, algumas curvas eram bastante sinuosa e perigosas, a cada uma que eu fazia, tomava cuidado redobrado para sempre está na velocidade constante e não se surpreendido com algum desafortunado nessas estradas. O relógio marcava 18h10min quando passei da cidade de São Franscisco de Paula, ali era a estrada RS-020. A próxima parada seria em Tainhas, e até chegar ali eu ainda tinha muita estrada pra comer. Meti o pé no acelerador e continuei a todo vapor.

A noite já tinha consumido todos os raios solares, a estrada naquele trecho era bastante escura, mas respirei fundo quando vi as luzes da cidade de Tainhas, iria fazer uma parada ali para abastecer e comer alguma coisa. Rodei no centro da cidade, abasteci e comi um belo de um x - tudo em uma praça bastante animada ali naquela cidade, mas precisava voltar logo ao meu destino, se continuasse assim, só ia chegar em Florianópolis de madrugada.

Segui rumo a saída de Tainhas, no mapa que eu havia memorizado lá em casa, via que na saída tinha uma rotária. E ao chegar nessa rotária, ai veio minha dúvida, uma me dava um curto caminho de 5hrs e o outro de 7hrs, mas eu não sabia qual era qual, no mapa só mostrava a rotária, mas não dizia qual a era a melhor. Pelo mu senso de guia e direção, escolhi o da esquerda, porque o da direita sempre é mais perigoso, eu tinha isso em mente.

A estrada naquele parte da rotatória era de um jeito esquisito, não via casa e muito menos qualquer sinal de habitação, mato e mais mato cobria a via, e além de ser estreita, era bastante elevada também. O fluxo de caminhão ali era intenso, grandes carretas passavam nesse sentindo ida e vinda, será que eu tinha pego uma rota alternativa de caminhões? Esperava que não.

O som estava alto, a voz do Renato Russo cantando Vento no Litoral saiu dos altos falantes e encheu o meu carro de melancolia. Logo pensei em Áustria e em como eu queria ter sinal pra mandar um e-mail a ela e dizer que estava tudo bem, tudo ocorria perfeitamente bem...

A cena que se dá a seguir é algo muito nublado e difuso, se você me perguntar como eu assistir aquilo, vou responder assim: "Cabuuuum". Tudo aconteceu muito rápido, a música estava tocando, o farol estava ligado, eu olhei pelo retrovisor e não tinha nada atrás de mim, era um completo breu, quando voltei minha atenção para a estrada, vi o farol de um caminhão, pisquei duas vezes para ele sinalizando que estava no sentindo oposto ao seu, ele fez o mesmo. Porém, quando íamos nos cruzando, algo me surpreendeu. Atrás dele vinha um segundo caminhão, e a todo custo ele vinha tentando ultrapassar. Eu estava a exatos 120km/h, a velocidade era alta se considerado a velocidade que a carreta vinha tentando ultrapassar, por conta de ser um morro, o motorista provavelmente não viu a minha luz, não havia mais como mudar de rumo, não tinha acostamento, era só mato, tudo mato. A luz veio até mim e me cegou, perdi o controle do carro e batemos de frente. Meu último pensamento foi em Áustria.

Infelizmente eu não voltaria para casa, eu não iria ver a belíssima suspresa que minha namorada fez para o meu aniversário no dia 18 de Janeiro. Talvez tudo estivesse premeditado, o vento sorrindo, os arrepios na nuca, o nosso último beijo, minha mãe e meu pai juntos me entregando a chave de um carro, talvez o destino tivesse sido piedoso e sussurrou nos meus ouvidos, mesmo sem escutar: "Diga adeus." E eu disse. Disse adeus as pessoas que amava, disse adeus da forma mais simplória e bonita de todas. Beijei a pessoa que amava, e o amor era correspondido. Uma pena que tenha acabado jovem, eu não vou sofrer, ela vai. Eu serei lembrado no primeiro momento como uma lembrança dolorosa, mas com o passar dos anos serei uma lembrança calorosa, e depois de mais um tempo eu serei apenas uma lembrança, a saudade nunca vai se apagar. A Morte é um ser egoísta, leva nossa alma para um descanso eterno, mas quem fica a sofrer são os outros, ela só pensa em si mesmo, só pensa em ter o descanso para ela. Talvez eu não seja tão egoísta assim, ou talvez eu esteja apenas com muito medo. Bom, essas perguntas logo serão esquecidas assim como eu. Aqui, agora, termina minha passagem sobre essa terra. Eu fui amado, e eu amei. Eu amei Áustria. Se ela amará outro eu não sei, não preciso saber, só preciso constatar que até o meu último batimento, meus pensamentos estavam voltando ao seu sorriso, aos seus olhos grandes, aos seus cabelos negros, a covinha de seu queixo, a tudo que tínhamos passado em um curto período de tempo. Só uma coisa eu não gostei, eu nunca vou poder responder as pessoas a famosa frase: "Quem é você, Áustria?"

Quem é você, Áustria?Onde histórias criam vida. Descubra agora