XI

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resumo: Harvard, limonada e S'mores.

...

O Spring Break chegou com ansiedade na escola de Louis.

Todo ano, o comitê que decorava os eventos espalhava cartazes coloridos com lembretes para quem iria viajar para a praia — como se hidratar bastante e não esquecer o protetor solar — e colava flores artificiais em todos os lugares possíveis, contagiando até mesmo o pessoal da cozinha, que servia apenas sucos ultra coloridos e todas as frutas que você pudesse imaginar.

Na turma dele existia uma euforia extra misturada com outra pontinha de tristeza. Era o último tempo de descanso antes dos meses finais para o ano letivo e então cada um faria as malas para a universidade, provavelmente se distanciando uns dos outros até que não houvesse mais nenhum contato.

O peito de Louis apertava com insegurança de não ter mais aquele suporte. Uma coisa era dormir e acordar sabendo que sua escola estava ali com os mesmos corredores e professores, os mesmos colegas. Que a única preocupação era estudar o suficiente para não ser reprovado. Que seus amigos estavam ali.

Outra totalmente diferente era saber que o seu futuro estava baseado em cartas de universidade, que na maioria das vezes um bom emprego dependia de um diploma e, Deus me livre, de Louis ousar dizer que talvez lá não tivesse o que ele estava procurando. Seus pais não cobravam nada dele. Nunca. Eles queriam que Louis fosse feliz, mas o resto do mundo não era os seus pais, e Louis não sabia o que estava procurando.

"Não sou bom em nada." Resmungou no primeiro dia de recesso. Os filhotes de gato moviam suas patinhas delicadamente sobre a sua barriga, onde Louis tinha colocado todos juntos porque queria carinho. E estava se sentindo um pouco miserável também.

Liam afastou os olhos de Shakespeare e o encarou do outro lado da varanda, ambos deitados aproveitando os tão aguardados raios de sol.

"O que quer dizer?"

"Que ainda não me decidi sobre o curso porque não sou bom em nada." Murmurou com um bico enquanto a gatinha branca Rarity (eles assistiam muito My Little Poney) achava que seu pescoço era uma boa casa, se enrolando ali e fazendo o garoto afagar suas orelhas.

"Você sabe cozinhar doces e biscoitos. Poderia ser confeiteiro."

"Eu sou desastrado demais para isso, Liam."

"Você é ótimo com os estudos. Que tal professor?"

"Como se eu pudesse falar em público sem travar igual um disco arranhado."

"Biólogo igual seus pais?"

"Liam." Choramingou e escondeu os olhos com o braço. Existiam um milhão de escolhas e ele se sentia inútil em todas elas. Talvez fosse aquela sua vocação — ser inútil. Dava dinheiro?

"Louis." O amigo suspirou uma paciência infinita. "Não acho que você esteja em duvida com qual profissão seguir porque não seja bom em nada, mas porque é bom em muitas coisas."

"Agora você está debochando."

Ouviu o livro ser fechado e destampou os olhos, vendo um Liam com óculos de armações pesadas se aninhar ao seu lado, puxando um gatinho para se aninhar no seu peito.

shine || mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora