XIV

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trigger warning: ataques de ansiedade. Sinto muito por isso mas acho importante pra fanfic, se você não se sente bem lendo esse tipo de coisa, pode pular pra depois do [...] sinto muito. Mesmo.

resumo: feliz ano novo?

...

A sala do diretor era um lugar que Louis particularmente não gostava muito.

Talvez fossem os troféus. Eles brilhavam dentro do armário de vidro, quase apontando um dedo invisível e exibicionista no seu rosto, gritando que não importa quão inteligente você seja, nunca vai ter aquele brilho que só muitos anos de polimento ofereciam. Ou poderia ser os quadros também. Eles cobriam grande parte das quatro paredes, intercalando entre paisagens e caricaturas dos fundadores da escola, suas feições sérias parecendo observar cada respiração de Louis. Mas, com certeza era o olhar afiado de Irving sobre ele.

Sabia que não tinha aprontado nada. Desde que as aulas tinham voltado e o ritmo do último semestre começado a todo vapor, Louis estava mergulhado de cabeça nos estudos. Suas notas estavam impecáveis, os deveres e trabalhos feitos, o tempo dividido entre ajudar Harry e se concentrar nos próprios estudos.

Eles tinham montado aquela rotina, onde sentavam no quarto de Louis com uma playlist de chuva — Harry dizia que dava muita vontade de fazer xixi —, os dois mergulhando em cadernos e livros enquanto se embolavam um no outro, pilhas de testes vocacionais na mochila de Louis. Não ajudava. Cada vez que refazia os questionários e um resultado diferente aparecia, revirava os olhos com cansaço, querendo bater com a testa mil vezes no chão até decidir o que queria fazer.

Fora isso, estava tudo certo. Ele não entendia o motivo de ser chamado ali e se remexeu na cadeira com um sorriso amarelo enquanto o diretor servia chá em duas xícaras.

"Açúcar?" Perguntou com gentileza e Louis negou rapidamente, aceitando a bebida com um aceno de cabeça. Por quê tanta formalidade? Ele seria expulso? "É de camomila, espero que goste. Tenho ótimas notícias para você, filho."

Sorveu um gole do chá porque não sabia o que dizer. Ótimas notícias era um pouco vago, sinceramente.

"Estava conversando com um dos meus amigos de Harvard semana passada, algo que nós fazemos todo final de ano letivo, analisando qual dos nossos alunos tem chances reais de ser aceito." Louis ficou estático, a quentura atravessando a porcelana fina e incomodando a sua pele, não que estivesse prestando atenção naquilo. Irving o olhava com um sorriso modesto e aquilo era muita coisa. "Você sabe que é um dos alunos mais valiosos da nossa Instituição, não sabe? Isso é o que nós fazemos por aqui Louis, preparamos pessoas como você para despertarem um olho nas grandes Universidades."

Deus, ele iria morrer. Iria literalmente derrubar o chá em si mesmo e ter um ataque do coração.

"Seu potencial é enorme e eles viram isso, tudo que você poderia contribuir nos laboratórios ou qualquer curso que vá escolher. Já tem alguma ideia do que quer fazer?"

Se Louis tinha ideia do que queria fazer? Era uma piada? Aquilo vinha sendo o seu maior dilema nos últimos tempos, fazendo seus ombros pesarem com preocupação de nunca se achar em alguma coisa, algum lugar.

"Ainda estou avaliando as minhas opções, Senhor." Respondeu num fio de voz.

Mentira, mentira, mentira. Louis nem sabia quais eram suas opções e aquela duvida constante no seu cérebro só reforçavam o quanto ele era inútil.

shine || mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora