Harry's pov

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Não era tarde demais.

Não era tarde demais, prendeu um soluço dentro do peito enquanto andava apressadamente pela estação de trem, o bilhete amassado entre os dedos. Não podia correr, o que era ainda mais torturante que o fato do grande relógio pendurado no teto bater como se fizesse de propósito para lhe angustiar. Talvez merecesse aquilo. Talvez fosse justo.

Engoliu a aflição, os olhos embaçados percorrendo a plataforma repleta de famílias se despedindo e chorando. Harry não queria se despedir, mas as lágrimas ameaçavam transbordar pelas bochechas.

E se fosse tarde demais? Não pelo horário mas e se ele fosse passado? Não tinha nada além de um bilhete, muito arrependimento e coisas para arrumar. Problemas. Inseguranças. Ele tinha um bebê dentro de si e nada além daquilo. Não tinha mais nada. E se não tivesse sobrado espaço para ele?

Sentiu o estômago doer.

Um dos fiscais o olhou de soslaio enquanto ajudava as últimas pessoas com suas bagagens e Harry apertou os dedos uns nos outros, suas pernas querendo fugir como na noite anterior. Mas a coisa era que ele não podia. Deus, ele não podia. Tinha passado tempo demais tentando se arrumar e se colocar junto novamente e estava perdendo o amor da sua vida.

Doze dias era tempo demais, não era? Tinha sido uma eternidade longe de Louis. Seu peito doía com saudade. Empurrou os cachos para fora do rosto com os dedos trêmulos.

Não fuja. Não fuja.

Avançou um passo na direção do trem pronto para encontrar Louis ali dentro e passar a viagem inteira implorando que o perdoasse e voltasse e só o aceitasse de volta, pelo amor de Deus. Tinha sido um erro enorme. Harry era um erro enorme.

Quando o sino do trem tocou e fumaça saiu das chaminés, Harry soluçou alto. Seus olhos marejaram e os braços rodearam o próprio torso e ele estava com tanto medo de entrar ali porque estava apavorado com a ideia de Louis não o querer mais em sua vida. Lágrimas se esparramaram pelo seu rosto e ele sabia que precisava entrar imediatamente ou estaria deixando a melhor coisa que tinha acontecido na sua vida ir embora.

O fiscal guiou os últimos passageiros e subiu a escadinha, olhando para Harry com impaciência. Ele era a última pessoa por ali. Ele não tinha mala alguma. Seu rosto estava vermelho em choro. O bilhete amassado.

Soluçou mais forte. Os pés não queriam se mexer. Estava com tanto medo.

"O trem está de partida." Gritou o fiscal. "Ele vai sair sem você, garoto."

Harry puxou o ar com força e balançou a cabeça.

Louis. Louis estava ali. Louis estava indo embora e era a sua última chance de dizer que estava arrependido. Que o amava.

Com os braços apertados ao redor de si, Harry completou o caminho até sentir o cheiro de café fresco que vinha de dentro, seu pé apoiando no primeiro degrau quando Harry?

Seus movimentos congelaram. Ele estava ouvindo direito? Com uma batida de coração olhou para trás, engasgando surpreso quando viu Louis parado na plataforma, a expressão como um espelho da sua. Ele tinha um moletom vermelho de veludo e um copo de café nas mãos e nenhuma mala.

Ele não estava dentro do trem para New York.

Harry não sabia como fez aquilo ou como não tinha tropeçado no caminho, mas no segundo seguinte, ele estava nos braços de Louis. Nos braços de Louis e apertando Louis e escondendo o rosto no pescoço de Louis e chorando tanto que seus ombros tremiam.

shine || mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora