A Queda dos Céus

Capítulo 26

  Por longos minutos fico pensativa sobre realmente saber toda a verdade, tenho um grande medo de saber o que está por trás de toda essa bagunça. Sei que Max fará o possível para me ajudar, mas tenho muito medo do que isso causará um meu psicológico.

-Você quer sair para dar uma volta?- ele pergunta vendo todos os medos em minhas expressões.

-Sim.

  Entramos em meu carro e deixo o volante nas mãos do Max, ligo o rádio e para variar está tocando Green Day.

-Você ainda ouve essa banda?- Max pergunta com as sobrancelhas levantadas.

-Mas é claro! Não há nada melhor do que Green Day!

-Você não mudou nada.- ele tem um sorriso doce em seus lábios.

  Paramos em uma lanchonete afastada do centro da cidade, é uma lanchonete bem vazia, com apenas um homem e um casal de idosos. Esperamos a garçonete anotar nossos pedidos e enfim começamos a conversar.

-O que você quer saber de imediato?- ele  pergunta enquanto brinca com o sachê de açúcar.

-Tudo, mas antes tenho que te fazer algumas perguntas.- vejo-o suspirar.

-Manda haver!

-Por que você irá me ajudar, não existe uma tal de regra na qual ninguém pode me falar nada?- me concentro na mesa.

-Realmente existe essa maldita regra, mas de qualquer forma não vou te contar tudo, vou lhe ajudar a descobrir tudo de uma forma mais rápida e fácil. Afinal, você precisa estar preparada.

-Certo.- a garçonete trás nossos pedidos. -Então quem eu sou, o que posso fazer?

-Como você já sabe, é uma andarilha dos sonhos.- ele dá uma mordida em seu sanduíche. -Andarilhos dos sonhos são seres muito poderosos, vocês podem fazer qualquer coisa com a pessoa desde que ela esteja dormindo. Mas isso também é muito perigoso, já li inúmeros casos em que andarilhos ficavam presos em sonhos ou em outras dimensões.

-O que acontece se eu ficar presa?- minha curiosidade fala mais alto.

-É complicado. Quando se está transitando seu corpo fica em dois mundos, o que podemos ver e o que chamamos de sétima dimensão, seu corpo na nossa dimensão começa a se decompor enquanto na outra você também está se decompondo, mas não posso afirmar com total confiança, já que nunca aconteceu comigo.

-Mas o que eu posso descobrir com isso?- como mais uma batata do meu prato.

-Você pode visitar o passado, pode visitar todas as suas antigas vidas e claro, visitar sonhos alheios.- ele olha nos meus olhos.  -Risse, quero que entenda que isso tudo é muito perigoso, mexer com o passado trás consequências grandes, ainda mais sendo o seu passado. Você já tem uma ideia disso, certo?

-Eu lhe agradeço imensamente por isso, Max.- fico perdida em seus olhos. -Quero que você continue do meu lado, quero poder te ajudar também. Você promete não me deixar novamente?

-Eu não aguentei aquele inferno todo atoa, não te deixarei tão cedo, Clarisse.

  Terminamos nossos lanches e saímos da lanchonete, já começa a escurecer e resolvemos voltar para minha casa. Meu pai não está lá e nem Jonanthan, o que é um alívio.

-Você tem noção do qual poderoso um andarilho dos sonhos pode ser?- ele pergunta se sentando em uma cadeira perto da janela.

-Você pode me contar?- tiro meus sapatos.

-Na época em que as bruxas começaram a serem caçadas loucamente, elas criaram algo parecido como uma tática de guerra. Não era preciso mais de três andarilhas para acabar com um exército de homens armados com sua fé inabalável. 

-Não vejo como isso pode ser bom para mim, ter todos esses sonhos não é legal, é aterrador!- tento evitar os flahs que voltam sempre.

-Você diz isso porque ainda não aprendeu a dominar toda essa força que tem.

  Ficamos conversando até meu pai chegar, o que gera um pequeno problema, mas depois de alguns minutos e uma mentira muito bem bolada já está tudo bem. Só quando Max vai embora que percebo o quão cansada estou.

 Deito em minha cama e pego o celular, ignoro todas as mensagens e chamadas perdidas do Jonanthan. Hoje irei apenas dormir, sem pesadelos.

  E é isso que faço, sou engolhida por uma reconfortante escuridão assim que fecho meus olhos.