A Queda dos Céus

Capítulo 24

-Como assim?- ele entra mais no quarto.

-Me responda.- olho fundo em seus olhos.

-Sou apenas um observador.- seus olhos ficam mais escuros, sei que é mentira.

-O que você é?- me levanto da cama.

-Eu...- ele faz uma pausa, olha para a parde. -Eu sou um anjo, um anjo caído...

Era tudo que eu precisava saber. Passo por ele sem falar nada, desço as escadas correndo, a chave do carro está no meu bolso, já sei quem pode me ajudar.

Não quero ficar pensando muito, quero esquecer temporariamente, quero dormir por mais três dias, mas sei que não posso, não agora. Paro o carro na porta da casa da Susan, espero que ela possa me ajudar, porque se ela não puder, ninguém mais poderá. Estou na varanda da casa quando a porta se abre, ela já sabia que eu vinha.

-Vá para o meu quarto, tenho que fazer uma ligação e já subo.

Subo as escadas, olho para as três portas do corredor, a porta da Susan, do irmão dela e a dos seus pais. Entro no quarto dela antes que as lembranças voltem.

Susan Lee, minha amiga desde que nascemos. Ela sempre me entendeu, nunca brigamos, sempre demos espaço uma à outra e assim nos damos bem, eu, ela e a Savannah.

Quando tínhamos 7 anos ela me contou um segredo e eu nunca revelei ele para ninguém, nunca me importei com o que ela me disse, apenas continuei sua amiga, porque sabia que não era fácil. Quando tínhamos 7 anos ela me contou o que ela era, ela é uma bruxa, de uma linhagem bem antiga e importante. Todos em sua família são bruxos.

Olho ao redor, todo o seu quarto tem prateleiras cheias de livros e algumas coisas duvidosas. Sempre gostei do quarto da Susan, ele me traz uma sensação boa, algo que não sei explicar. Ela abre a porta em silêncio.

-Estava ligando para meus pais, eles tiveram que fazer uma viagem urgente.- ela se senta na janela.

-Tiveram que ir para a Califórina?- ela apenas assente.

Ir para a Califórnia tem algo de amedrontador, pois é lá que fica o conselho e se eles foram chamados tem algo haver com o irmão dela.

-O que aconteceu, Clari?- respiro fundo.

-Tem acontecido muitas coisas, na verdade, mas vim aqui para te pedir uma coisa...

Ela já sabe o que vim pedir. Estou pedindo uma coisa que ela sempre quis fazer em mim, uma leitura. Uma leitura é quando a bruxa pode visualizar tudo que a pessoa vivei, não só nessa vida. Susan sempre quis fazer uma leitura em mim por causa dos meus sonhos e porque ela sente que temos algum tipo de ligação.

-Deite- se, por favor.- faço o que ela pede. -Relaxe, deixa a mente vazia e não feche os olhos, se não você irá passar mal.- ela fala numa voz tranquilizadora.

Aos poucos vou relaxando, vejo Susan fechar os olhos e se concentrar, ela coloca as mãos nos meus pés. Não consigo pensar em mais nada, sinto um vácuo na minha mente, como se um buraco negro sugasse tudo, não consigo pensar e isso é aterrador.

Susan começa a contorcer o rosto, ela está respirando com dificuldade, o suor pinga de sua testa, suas mãos ficam mais quentes em meu corpo. Parece que uma infinidade passou até que ela soltasse meus pés e quando ela faz isso corre para a janela e vomita. Tudo volta rápido demais, sinto uma coisa estranha e corro para o banheiro, vomito sangue e tudo fica escuro.

Quando acordo a Susan está falando ao telefone, quando ela desliga fala comigo.

-Você está melhor?- ela me dá um copo com algo que cheira a chocolate.