O vento pela manhã

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O dia estava cinza, a chuva caindo e respingando para dentro da varanda fazia um barulho que mais parecia uma melodia, eu acendia um cigarro enquanto minha insaciavél sede pela mais bela tristeza não passava, eu observava de longe por entre os muros, os portões e até mesmo as janelas, as formas de vida que crescem em suas árvores de pedra, esses seres estranhos brigam, se xingam, se amam, se odeiam, são felizes, mas são incompreensiveis. Tanta complexidade assim levaria anos para ser entendida. Peguei um café e sentei-me na varanda novamente, de lá eu observava agora a forma que o vento estava vindo, Frio, sem vida, arrepiando-me a espinha, tentei acender um cigarro e o vento não deixava, senti o vento como um castigo por tomar conta da vida desses seres estranhos. Mas esse vento que vem pela manhã e só vai embora ao fim do dia, é somente a vida me dizendo que o estranho sou eu, que sou sozinho, sem cor, sem alegria, sem coragem ou animô pra vida. Só fico aqui. Fumando, tomando café, observando e escrevendo. Desde que todo o resto me deixou.

Sobre: Desinteresse e outros MalésOnde histórias criam vida. Descubra agora