já são três anos nessa brincadeira

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não entendo porque em face de sombras é sempre a morte que você vê, e não minha silhueta espirituosa

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não entendo porque em face de sombras é sempre a morte que você vê, e não minha silhueta espirituosa.

Mas eu tenho consciencia

dos teus olhos vazios

da tua boca que me chama

pelo nome da irmã que já morreu

eu sinto a tua ausencia

e pelejo porque não sei sobreviver

sem você aqui do lado

e pareço falecida

amargurada e desvalida

pois teus gestos são tão vagos

costumavam ser mui claros

costumavam me querer

não há justificativa

pra castigo tão tremendo

mesmo juntos não te ter

eu nem posso destilar meu ódio

jogar os teus discos fora

ou chorar até morrer

que se tu me largou

não foi por vontade

só posso lembrar da felicidade

limpar o vômito

e cuidar de você

agora tua íris marrom se perde

nem sequer me reconhece

não gosta mais de glacê

não se encanta mais por jambo

ou pelos meus quadris fartos

não se esgueira pelos quartos

nem espera pela chuva

nem procura o que comer

quando dá três da tarde

de domingo

café com beiju e colo

se enrrolar nos meus cabelos

até a hora de rezar e se benzer

e confessar nossos pecados

eu olho nosso retrato

eu não sei o que fazer

as vezes eu quero me pendurar na parede

nunca mais aparecer

eu nem quero mais saber

do nascer do sol parindo o dia

não aguento essa agonia

porque eu não sei mais ser

e esqueço nossos remédios

e de ligar pros meninos

e me compadecer dos pobres

e nem tento espairecer

fico presa nessa maldição desgraçada

procurando por você

e catando nossos pedaços

eu tenho nojo dessa gente imunda

que diz que você já foi

porque as vezes eu percebo

teu cuidado

e o sorriso abobalhado

que tu sempre fez quando me vê

---2017---

---2017---

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