Instintos

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Eu estava admirando o lindo rosto de Jane. As covinhas maravilhosas que faziam seu sorriso ser ainda mais notado. Antes quando eu via isso no Sam eu lembrava dela, mas agora olhando ela sorrindo eu lembro do Sam.

Ela também estava com uma conversa diferente, o que eu não sei explicar. Embora eu esteja amando ficar aqui com ela e não ter que viver sabendo que o corpo dela está entrando em decomposição, o que Jane está falando realmente não me deixa muito empolgada. Ela fala que a minha linda pessoa tem que ser a princesa que todos acharam que estava perdida durante milênios.

O que eu fiz no começo? Eu apenas ri e disse que o tempo como morta deve ter endoidado ela, mas quando ela começou a empurrar esse assunto toda vez que eu mudava um ar desconfortável (da minha parte, pelo menos) formou e eu fico até desajeitad para falar uma palavra. Não é desajeitada tipo 'eu tenho que falar a coisa certa e impressiona-la', é mais ou menos 'ai minha santa teoria do big bang, e agora? Essa não é a Jane que eu conheço'.

Além do mais, a personalidade forte e ao mesmo tempo tão fofa parece que sumiu. Ela não tem mais aquele brilho fervoroso em seus olhos cor de âmbar. Eu apenas estou sentada no restaurante conversando com uma estranha no corpo de Jane.

— Vamos sair, sweetie? — diz Jane, que me tira dos pensamentos que eu tinha sobre ela mesma. Me deixo sorrir, já que ela sempre costuma me chamar de 'sweetie'. Talvez seja ela mesmo, só que um pouco mudada por literalmente ter morrido (e voltado à vida).

Como eu estou sem bolsa e sem dinheiro, ela paga a conta e depois me guia até onde colocou o carro. Fico surpresa já que ela não está mais com a van antiga que ela usava. Agora ela está com um carro bem atual, que parece que acabou de sair da concessionária.

— Para onde vamos? — pergunto, olhando para os olhos dela. Ela não diz nada apenas coloca o sinto e liga o carro pronta para me levar para qualquer lugar que eu não faço ideia quais sejam. Talvez ela me faça uma surpresa. É, isso, uma surpresa! Jane é tão fofa, tenho certeza que agora que voltou à vida ela vai querer fazer alguma coisa para mim. Como eu já disse, ela é tão cheia de luz que gosta de iluminar todos ao seu redor.

Ao contrário do que eu penso, ela nos leva para longe da cidade, onde tem uma fábrica bem sinistra que parece não ser utilizada à algumas décadas. Eu com certeza devo estar com a maior cara de paisagem no carro, já que não estou compreendendo nada.

O que tá acontecendo? Eu hein, nos últimos tempos eu não estou entendendo nada. Tudo começou desde que a Jane morreu e os falsos agentes me visitaram. Na verdade, começou quando eu trombei com aquela loira que tem um sotaque extremamente britânico.

Olho para ela e vejo a mesma com o olhar fixo em mim, com um sorriso maldoso como eu jamais vi em sua face durante todo o tempo em que tivemos um relacionamento.

— Jane? Pelo nome de Jesus Cristo o que está acontecendo aqui? — falo, com um pouco de receio. Eu devo estar muito nervosa mesmo para falar em um símbolo religioso. Ela se contorce um pouco e revela olhos completamente negros para mim.

A minha reação é correr para longe dela, e eu faria isso se ela não tivesse travado as portas do maldito carro. Olho novamente para ela, que ainda continua com a feição de sei lá, um monstro talvez? Ela sempre gostou de filmes de terror, mas eu nunca pensei que ela se transformaria no monstro antagonista desses filmes.

— Agora princesa, você vai ficar quietinha — disse ela, revelando uma faca que surgiu de não sei aonde.

Por tudo que é mais sagrado, pelas estrelinhas de Kepler, pela maçã que caiu em Newton, pelas teorias de Einstein, por tudo que a ciência pode e não pode explicar, me tira dessa porra aqui.

Black Sea ❖ SupernaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora