Black Sea ❖ Supernatural

De Outra Realidade

Eu encarava a porta que estava a minha frente, a porta do quarto de hotel em que os irmãos Winchester se hospedaram. Parece que eles estavam nessa cidade para cuidar de um demônio problemático, que estava matando pessoas sem controle.

Por falar em pessoas, tem umas perto de mim, fotografando-me de maneira discreta para que eu não perceba. Elas devem estar pensando que eu estou fazendo um cosplay da Carrie. As mesmas pensam que eu não estou percebendo a movimentação delas pra cima de mim. A curiosidade que elas possuem são surpreendentes. As pessoas nem pensam que eu posso ser uma assassina em série que está na porta de suas próximas vítimas, porque elas estão preocupadas demais tirando conclusões errôneas.

Bato três vezes na porta, após respirar fundo. Quem a abre é Sam, que fica paralisado assim que me vê. Seus olhos percorrem toda a extensão do meu corpo, vendo o sangue que inclusive já secou na minha pele.

— Lucy.

Tento expressar um sorriso satisfatório, mas só devo ter conseguido fazer um sorriso mínimo.

Ele diz para eu entrar no quarto e meus olhos rondam todo o lugar, procurando por Heather. Espero que ela esteja bem, espero que ela esteja viva.

— Dean saiu, ele foi comprar algumas coisas com Heather. Ele não vai gostar de vê-la aqui, já que ele ainda está bravo por você ter mentido para nós. O último encontro de vocês não deve ter sido muito agradável — disse Sam, sem quebrar a nossa troca de olhares.

— Como Heather está?

Ele riu e mostrou uma foto do celular em que Heather estava fazendo caretas com uma arma. Isso é um pouco ‘não normal’, mas é a cara dela. Também tinha outra que ela fazia poses com a faca que mata demônios. Realmente... Heather é Heather, não tem maneira de defini-la melhor.

— Ela poderia ser uma boa caçadora. Ontem, quando estávamos resolvendo nossos problemas com o demônio e acabamos ficando presos, ela nos salvou.

Dessa vez, dou um sorriso sincero por pensar em Heather. Ela sempre foi aventureira, ela sempre quis uma vida recheada de ação. Então isso definitivamente é a cara dela.

— Mas então, o que aconteceu com você? — disse Sam, preocupado. Os seus olhos pareciam ter mergulhado nos meus, e qualquer contato físico que tivéssemos poderia arruinar o meu auto controle. Os braços deles estavam cruzados, e sua postura demonstrava seriedade.

Antes que eu respondesse ele, escutei a porta se abrindo atrás de nós. As gargalhadas eram notórias, e eu quase fui contagiada com a onda de alegria que era compartilhada pelas pessoas que entraram na porta.

— Sammy, nós compramos bolo e umas garrafas de cervejas, daqui a pouco é natal e... — Dean falava, mas ao me ver sua expressão facial mudou completamente. Em um minuto, ele pegou sua arma e atirou em mim, tentei desviar, mas ainda sim a bala alojou-se no meu ombro. Abafei um grito de dor, e quando vi Heather ela me olhou horrorizada, e correu para me abraçar. A única coisa que a parou foi perceber que se ela me abraçasse, o ferimento ia doer mais. Ai ai, eu e minha relação de amor e ódio com os Winchester.

— Deanno, tire essa bala de Lucy agora! — exigiu Heather, quase pulando em Dean. Sorri de lado com a visível raiva da morena por eu ter me machucado.

Dean olhou para mim e murmurou filha da puta, como se eu não fosse escutar. Concordei mentalmente com sua fala, já que Lilith poderia ser rotulada dessa maneira.

— Dean, tire a bala dela. Você deve ter percebido que Lucy está com problemas maiores do que os nossos — escuto a fala de Sam quieta, sentindo as mãos dele tocar delicadamente os meus ombros, de uma maneira que não intensifique a dor.