Flor do Inferno

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Já estávamos de volta com os Winchester, que aparentemente são caçadores que desconhecem a minha real identidade. Eles tem como fiel escudeiro o anjo Castiel (que pelas palavras de Cat, é de quem Dean Winchester gosta), que ainda não percebeu que eu sou uma fugitiva procurada pelas ambas espécies: demônios e anjos. Quer dizer, antigamente eu era, mas não sei se agora eu já posso ter a minha liberdade.

Quando voltamos, obviamente eles perguntaram como e porque sumimos no ar, nos transportando para outro lugar. Sem alternativa, Catarina mentiu e falou que queria conversar à sós comigo (ou melhor, com Lucy).

— Então, você está bem? — ouço a voz de Heather, e dou um sorriso. Que bom que nessa realidade estou cheia de pessoas com quem eu posso me distrair caso eu queria.

— Melhor que nunca — sorrio maliciosa, mas ela não parece entender a minha expressão. Foco meu campo de visão em Cat, que força um barulho para chamar a minha atenção.

— Sério? — ela pergunta baixo, para somente eu escutar. Provavelmente ela deve estar falando sobre Heather, por quem eu acabei tendo um leve interesse. Aliás, aquele Sammy... Gostei dele.

Eu ia falar alguma coisa, porém no mesmo instante Dean aparece dizendo que tem um caso em uma cidade próxima. Um caso? Ele por acaso tem um relacionamento com uma mulher na próxima cidade?

— Caso, tipo uma investigação. Eles tem um caso, ok? Algo para investigar — disse Catarina, rindo. Ela possivelmente deve ter lido minha mente o que significa que eu esqueci de bloquea-la, então ela não poderá mais ter acesso aos meus pensamentos.

Fecho os olhos, imaginando por um momento o que Catarina passou nos últimos séculos. Bom, ela disse que procurava por mim, então será que nesse período ela foi torturada? Será que por minha causa fizeram algo de ruim para ela?

Eu tinha dado a imortalidade à Catarina para ela poder viajar pelo mundo e conhecer os lugares e as culturas diferentes. Porém duvido muito que ela tenha feito isso. O que me faz ficar com a consciência pesada, já que por minha culpa que ela não foi em busca da sua viagem ao redor do globo.

— Hey, Lucy — disse Sam, o irmão mais novo. Ele tem uns olhos que transmitem algo como esperança, eu não sei explicar. Sam parece com a Catarina que eu conheci no século passado, ele tem esperança. Por um instante eu me deixo sorrir por causa disso, mas logo volto a minha expressão neutra. Não parece certo comparar Sam com Cat.

Tento não revirar os olhos, pelo fato de eu estar simpatizando demais com esses caçadores. Eles já não deviam estar comigo (para começo de conversa) e agora eles vão simplesmente ser meus amigos, iremos tomar chá todo domingo e acampar nos feriados.

Certo, a vida realmente é algo que todos reclamam. E comigo não é diferente, eu reclamo de tudo até reclamar de ficar reclamando (ficou claro?). Queria poder ser realmente essa Lucy. Queria poder ter a chance de ter uma vida que não envolvesse o sobrenatural (eu até posso criar, mas não seria totalmente real).

— Olá, Sammy — digo, analisando-o. Tento manter o ar de Lucy (sendo que não sei direito como ela é, no quesito personalidade e tudo), mas não consigo parar de ficar olhando intensamente para ele. Não sei qual o problema, até parece que eu sou uma daquelas meninas arrogantes da classe alta que se apaixonam por qualquer homem que lhe dá um simples sorriso simpático. Embora o sorriso que Sam exibe em seu rosto não é simples. Aliás, o sorriso que Sam sorri é mais bonito do que as flores florecendo em algum amanhanhecer, após a chuva. Bom, no meu tempo livre no período de 1864 eu admirava as flores, sempre achava elas bonitas. As flores eram (e são) as pérolas da natureza, na minha humilde opinião.

— Estamos indo, Heather virá conosco. Ela não está segura aqui, com demônios à sua procura. Vão usar ela contra você outra vez, por isso que temos que garantir a segurança de vocês duas — diz ele, demonstrando preocupação. Então parece que eu estou de volta ao caça às bruxas, só que invertido.

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