Acordo com o balançar do Impala dos irmãos caçadores (que também são falsos agentes do FBI, eu faço questão de lembrar). Não sei o que aconteceu, só sei que estou com uma dor de cabeça que parece com a que eu tive na minha primeira ressaca. Eu só lembro daquela ruiva doida chamada Lilith, que parece ter jogado uma macumba em mim. Pelo visto, acho que funcionou.
— Kate? — pergunta Sam, que me encara com um olhar que carrega um misto de preocupação e receio. Minha santa teoria do big bang, o que eu fiz para me confundirem tanto com essa Kate?
— Não conheço nenhuma Kate, Sam. Achei que essa história tinha terminado — falo, revirando os olhos. No momento em que digo isso, a expressão de Sam suaviliza, parecendo que ele ficou mais tranquilo. Heather, que está ao meu lado dá um sorrisinho que eu não consigo interpretar direito. Acho que além da dor que essa feitiçaria que aquela ruiva causa, eu perdi a capacidade de entender certas coisas.
Na verdade, eu sinto que alguma coisa mudou em mim. Não sei explicar direito, mas parece que tem alguma coisa diferente em mim. Eu sinto isso.
Talvez seja culpa dessa Kate, que parece guardar muitos mistérios que me envolvem. Ou talvez seja culpa minha mesmo, por simplesmente nascer. Pense bem, se não fosse eu Jane ainda estaria viva, certo? Eu apenas queria que essa coisa que eu chamo de vida não tivesse tantas perdas. É chato ficar perdendo pessoas que eu amo, e parecia que isso não está sobre o meu controle.
Definitivamente tem algo de errado comigo. Eu estou remoendo as lamúrias da minha vida! Não tem como eu estar pior que isso. Eu acho que nunca fiquei pensando no lado negativo das coisas (aliás, eu comecei a fazer isso desde que essas merdas começaram a acontecer na minha vida), e agora eu só queria ser um pouco mais positiva e chamar energia boa para mim. Por isso que eu dou meu veredito: eu preciso de álcool. Urgentemente.
Não me orgulho de precisar de algo que contenha essa substância, mas eu quero esquecer meus problemas, e o álcool é a melhor opção, no meu ponto de vista.
— Temos que conversar — disse Sam, com seriedade. O que aconteceu? Todo mundo tá com uma energia estranha, e parece que eu estou sobrando nesse Impala aqui.
Sammy fala alguma coisa, mas eu não consigo me concentrar nele ou em nenhum ponto fixo. Enquanto eu tombo para uma escuridão que eu já estou acostumada, o Winchester caçula fica tentando fazer com que eu me mantenha acordada. Em vão, já que eu estou mais uma voz no mundo dos sonhos.
— Olá, princesa — disse um homem com sotaque britânico. Viro-me na sua direção, observando os detalhes de sua aparência. Sorrio de canto, pensando que esse homem é a segunda pessoa britânica com quem eu tenho contato, nos últimos tempos — Você não deve lembrar de mim, já que o Sammy boy não deve ter lhe dado a carta. Garoto incompetente. Eu lhe digo, sou Ethan, a pessoa que vai lhe contar a verdade de uma vez por todas.
Rio nervosa. Como assim “verdade”? Então quer dizer que realmente existe alguma coisa ruim por trás de toda a merda que aconteceu na minha vida?
— Eu mereço. Além de ter que andar com dois agentes falsos agora eu virei uma esquizofrênica que imagina coisas em seus sonhos. Ótimo.
Ele ri irônico e estala os dedos, e a escuridão ganha vida e transforma-se no meu quarto de quando eu tinha treze anos, escrevia em um diário e sonhava em ser como aquelas atrizes famosas da Disney.
— Minha princesa, eu não sou nenhuma miragem ou sintoma de uma doença que lhe faça alucinar — disse ele, com a maior calmaria do mundo — como vos disse, eu vou lhe contar a verdade. As faces da verdade.
Engulo em seco, pensando no que essa verdade poderia se tratar. Eu já estava ficando louca por simplesmente ter um cara no meu sonho, mas o que custa escutar as suas palavras? Ninguém vai me dizer o que realmente está acontecendo, então eu tenho que tentar confiar nele (mesmo que seja loucura demais até para mim). Na verdade eu não posso dizer que é muita loucura, já que uma vez eu acreditei na Jane em meu sonho. Eu segui o meu instinto e me ferrei, talvez não machuque fazer isso por mais vezes.
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Black Sea ❖ Supernatural
FanfictionLucy Maxwell é uma simples jornalista que mora em uma tranquila cidade de Indiana. Porém, ao mesmo tempo em que ela descobre que ela não é tão simples quanto imaginava, ela vai se afogando em um mar negro de segredos. Ela sobreviverá a esse mar negr...