10. Ela decide se embebedar

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Ela dera outra chance. Ela havia tentado fazer aquilo dar certo. De verdade.

Pelo menos até ele recomeçar a se gabar sobre a última viagem que fizera à Europa, ela tentou. De verdade. Ninguém poderia dizer que ela não estava se esforçando para fazer aquilo dar certo.

Jos suspirou e jurou estrangular Meghan assim que chegasse em casa. Enquanto ouvia a voz de Christian ressoar pelo restaurante, sorria, assentia e bebia uma taça de vinho atrás da outra. Alegre por conta do vinho, ela não ouviu mais uma palavra que saíra da bela boca de Christian naquele minúsculo intervalo.

Jos mal havia tocado nos escargots quando Arthur voltou, trazendo o prato principal.

— Jean está esplêndido hoje — comentou Christian numa voz autoritária, limpando os lábios com o guardanapo. — Faça o elogio chegar até ele e traga mais uma garrafa de sauvignon blanc.

— Isso! Traga mais sauvignon blanc! — disse ela, erguendo a taça para demonstrar sua aprovação.

Arthur assentiu com um sorriso e sumiu.

Pelo menos desta vez a comida possuía um bom aspecto; um suculento medalhão de carne no centro do prato. Uma porção do maldito foie gras e trufas no topo compunham o restante prato principal. Ela discretamente empurrou o foie gras para o lado e cortou o filé. Estava cru. Quase sangrando. Deus me ajude.

Christian ainda falava sobre suas intermináveis viagens.

— Mas você precisa ver a Grécia nesta época do ano. A primavera grega é um espetáculo à parte, se me permite dizer.

— Imagino — comentou Jos, erguendo as sobrancelhas para o próprio filé. Arthur trouxe o vinho branco e enquanto a servia, sorria com o canto dos lábios. — A Grécia deve ser um espetáculo.

— Você concorda comigo, então?

— Claro — respondeu ela, empurrando as trufas para o outro lado do prato. — Deve ser um lugar verdadeiramente mágico.

— E é. — Ele segurou a mão dela. Jos ergueu os olhos para Christian, que tinha aquele sorriso encantador nos lábios. — Um dia faremos essa viagem, Jos, e você vai entender.

— Se de ouvir você falar já fico extasiada, imagine quando estivermos lá — disse ela. Christian não percebeu a ironia e sorriu, alegre por ter sido encantador. O garçom deixou o vinho na mesa, fez mais uma reverência, e voltou ao balcão do bar. — Você vem aqui com frequência?

— Sempre que posso, na verdade — respondeu ele, dando uma garfada no foie gras. — A safra de vinhos deste restaurante é incrível. Quando viajei à França e fiz um curso de sommelier...

E a chuva de abobrinhas recomeçou com força total.

Eu, Você e o Garçom | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora