Jos encarou-o, girando a taça de vinho entre o indicador e o dedo médio. Ao observar o maxilar bem definido de Christian, seu sorriso insolente e seus cabelos desarrumados, Jos pensou no que dizer. Do balcão, Arthur a encarou e sorriu, demorando-se para trazer a conta. Quando encontrou exatamente as palavras que queria, sorriu de volta com o canto dos lábios.
Jos apoiou os cotovelos na toalha branca, inclinando o corpo na direção de Christian como se fosse uma leoa faminta frente a uma presa indefesa. O momento ficou suspenso, e Jos percebeu a maneira como os olhos dele a avaliavam, passeando por seu colo e seus braços nus. Peguei você, não peguei?
Desnecessário dizer que a simples mudança na postura dela fez Christian enrijecer na cadeira, ansioso pelo o que viria a seguir. Jos sorriu e olhou para baixo por um segundo. Quando ergueu os olhos, percebeu que ele estava encantado por seus gestos, seus olhares que prometiam muito mais do que cumpririam. Como os homens conseguiam ser tão idiotas? Ela umedeceu os lábios e disse:
— Sabe, Christian, quando o vi na mesa hoje, eu realmente quis transar com você — admitiu ela. Christian ergueu as sobrancelhas, pego de surpresa pelas palavras. Jos riu. — O que você acha disso?
— Você é uma mulher direta — disse ele, refazendo-se num instante. Com outro de seus sorrisos encantadores, completou: — Aprecio mulheres diretas.
— Acredito em você. — Ela sorriu, descansando o queixo nas mãos. Arthur caminhou lentamente até a mesa, e Jos ficou grata por sua presença ali. Era o incentivo que precisava para dizer: — Eu quis transar com você, mas acontece que percebi uma coisa importante...
— Sim?
Então, com Arthur de testemunha, ela teve o prazer de arrancar aquele sorriso convencido dos lábios perfeitos de Christian.
— Percebi que você é o homem mais presunçoso, arrogante e imbecil que já conheci — disse ela, semicerrando os olhos e atirando o guardanapo sobre a mesa. Christian franziu o cenho ao perceber a súbita mudança na atitude dela. Encorajada pelo restaurante vazio e a presença de Arthur e dos outros garçons, Jos espalmou as mãos na mesa e disse: — Tudo o que você fez a noite inteira foi arrotar vantagens sobre as viagens e as coisas que você fez. Se fora da cama você é assim, não quero descobrir como é entre quatro paredes.
Sentindo o sangue pulsar, Jos pegou a bolsa e levantou-se da cadeira. A subida rápida fez sua cabeça girar e o gosto do vinho queimou seu estômago. Christian estava mortificado na cadeira, a boca aberta como a de um idiota.
Jos engoliu em seco e descobriu que tinha mais a dizer:
— Eu até queria mostrar minha tatuagem a você, mas acontece que você não está interessado. — Ela estava prestes a ir embora, porém voltou-se e olhou no fundo dos olhos dele. — Eu teria aproveitado muito mais se você tivesse me levado para comer um cachorro-quente na esquina, porque pelo menos eu teria comido alguma coisa. Até nunca mais, Christian.
Debaixo do silêncio perplexo dos garçons e do velho maître, Jos empurrou as portas do restaurante.
Estava livre do Mister Universo, enfim.
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Eu, Você e o Garçom | ✓
ContoNum encontro às cegas, Jos percebe que está diante de um Mister Universo. Diferentemente de todos os outros homens com os quais ela já saiu, Christian é um executivo renomado, rico, inteligente e atraente. Incrivelmente. Atraente. Mas conforme a noi...