Megan
Era uma proposta para qual eu simplesmente não tinha resposta. Como eu poderia entregar meu coração para alguém que me garantiu que não tinha um? Como eu poderia entregar minha vida para alguém que machucava todos à sua volta?
Eu não sabia. Mas meu coração já tinha a resposta. Ele já tinha dono.
- eu estou esperando sua resposta Megan. Eu não sou muito bom em esperar.
- eu....preciso....
Eu precisava de um tempo. Eu não conseguiria estar na cama dele naquela noite. Como explicar minha repulsa, meus medos?
- eu sei o que você precisa. Eu tenho o que você precisa.
Sem me dar chance de pensar ele se esticou e me beijou, fazendo sua língua deslizar lentamente por meus lábios em um beijo estonteante.
- do que você tem medo? Conte pra mim.- ele disse quando terminou.
Seus lábios deslizando sobre a curva do meu pescoço, me deixando sem chances de raciocinar.
- olhe para mim, eu te desejo tanto.
- e quando o desejo acabar?- perguntei o fitando nos olhos.
- não vai acabar. Se acabar vamos pensar em algo para substituir esse sentimento.
Seus dedos tocaram a pele do meu pescoço em um movimento lento e cheio de malícia. Esse homem seria o meu fim. Arfei em resposta e ele sorriu.
- eu posso te fazer desejar mil coisas, sonhar com um milhão e te fazer esquecer todas no mesmo minuto- a carícia continuou até encostar perigosamente no meu decote. Minhas pernas ficaram bambas e estes que desmoronasse ele me puxou junto ao seu corpo- o que impede?
- eu tenho medo.
Medo e terror. As cenas vieram na minha mente. Meu corpo estendido sobre a cama, as mãos e os pés atados. O cheiro de bebida e cigarro e mãos sujas percorrendo meu corpo nu. As lembranças vieram à tona e senti meu estômago embrulhar.
Desesperada, sai correndo e fui ao banheiro vomitar.
- meg! O que houve.- ele bateu na porta e entrou.- a meu Deus, você não tá bem.
Ele segurou o meu cabelo até que o pesadelo terminasse e eu colocasse pra fora todo o nojo que tinha dentro de mim.
Lavei o rosto, escovei os dentes, enquanto ele me observava. Quando consegui, envergonhada, olhar nos seus olhos, ele parecia chocado.
- não me diga que....por favor, me diz que não!
Ele tinha compreendido.
Balancei a cabeça.
- não chegou a ser um abuso, ele, ele......foi o pior pesadelo da minha vida.- Solucei e deixei que ele me abraçasse.- ele me deixou nua e passou a mão por mim. Seu cheiro....
Não consegui terminar. Eu tinha pavor das lembranças.
- quem era? Eu preciso que você me diga quem era.
- um namorado da minha mãe.
- eu quero o nome dele.
Ele me encarou e senti medo daquele olhar. Só tinha ódio dentro dele.
- eu só sei que minha mãe o chamava de Pietrimi. Ele é dono de alguma coisa relacionado a petróleo. Minha mãe não saia com homens pobres.
Sem mais nenhuma palavra, ele me pegou no colo e me levou para o meu quarto. Me colocou na cama como um bebê e me cobriu.
Seu silêncio me incomodou.
- você ficou bravo comigo? Olha eu vou tentar superar, me dê um tempo....
- psiu...- ele colocou os dedos sobre meus lábios- eu não estou bravo com você. Eu estou bravo com o mundo, com as pessoas que te fizeram tanto mal. Eu estou com tanta raiva que preciso deixar você aqui e me acalmar. Você pode compreende isso?
- sim. Mas não quero que você fique bravo. Eu gosto de ver você sorrindo e isso é tão raro.
- eu estou com tanta raiva que não sei como lidar com isso. Quero cuidar de você e simplesmente não consigo. Minha raiva supera tudo. Eu vou entender se você quiser ir embora. Juro que vou.
Sem mais nenhuma palavra, ele saiu do quarto e me deixou na mais profunda solidão. Toda vez que ele saia, eu tinha a sensação de que uma parte essencial da minha vida ia com ele. E essa parte era meu coração.
Escutei um estrondo e dei um pulo na cama, assustada. O barulho de coisas se quebrando começou a entrar nos meus ouvidos, como se um terremoto estivesse por perto.
Levantei correndo e sai em disparada para a sala, de onde vinha o som.
Abri a boca e recuei assustada diante da cena. Tudo estava no chão. O sofá virado, o tapete jogado em um canto, a mesa de espelhos do centro distraída em pedaços, os vasos estilhaçados por toda parte e o Leon debruçado sobre a parede, com o rosto escondido entre as mãos.
Meu coração se encheu de pena. Ele não sabia lidar com nenhum sentimento.
- Leon.- chamei. Ele estendeu a mão em um pedido para que me afastasse. Não cumpri sua ordem e me aproximei.
Com os dedos trêmulos comecei a acariciar seu cabelo e encostei a cabeça no seu peito. Ficamos assim por alguns minutos até que senti sua respiração se acalmar e ele vencido, abaixar os braços e me abraçar.
- me ensina amar você. Me ensina a cuidar de você. Eu nunca quis tanto fazer isso na vida.
O encarei e fiquei sem palavras diante daquele pedido. Não era só um pedido. Era um grito de socorro.
- eu te ensino. Apesar de saber tão pouco sobre amor, eu te ensino.- falei por fim com lágrimas nos olhos.
Seus lábios tomaram os meus e me perdi em sua boca. Um beijo gentil e voraz ao mesmo tempo, se é que isso fosse possível, um beijo que mostrava a dualidade dos seus sentimentos. Ora calmo, ora uma fera.
- eu preciso tanto de você, meu Deus como preciso de você- ele sussurrou enquanto me apertava, como se sua vida dependesse do nosso contato.
Com o coração batendo em um compasso que poderia lembrar um maestro confundido sua orquestra, tomei a incitava e dessa vez fui eu qu agarrei seus lábios.
- estamos oficialmente namorando agora. O que fazemos?- perguntei já sem fôlego.
- eu não sei- ele respondeu sorrindo. Ahhhh, como ficava lindo quando fazia isso- geralmente levo os meus casos para a cama e as mando embora antes do dia amanhecer. No seu caso, não vamos começar na cama e te quero bem ao meu lado quando o sol bater na janela.
- eu amo o amanhecer- confessei sem pensar.
- posso saber o porquê?
- porque muitas vezes eu tive a certeza de que não veria o sol nascer. Então acordar e ver ele entrando pela janela, me faz lembrar que eu estou viva e é isso que importa.
- você consegue ver coisas boas no final de tudo. Eu sou o seu oposto. Eu gosto da escuridão, da noite. Elas combinam mais com os meus demônios.
O pensamento o levou pra o lugar sóbrio novamente. Seu olhar foi para longe e os olhos escureceram. Eu não queria que ele seguisse esse caminho. Não agora.
Levantei os pés para ficar na sua altura e o supreendida com meus lábios novamente.
- nem que o amanhecer precise se juntar com a noite. Encontraremos um lugar que os dois se encaixem.
- você pode perder o brilho da luz se misturar comigo, pequena.
Ele fechou os olhos e respirou algumas vezes antes de me encarar. Quando abriu, eu só conseguir ver dentro deles medo.
- eu não me importo. Desde que você me faça sonhar novamente, eu não me importo.- falei para acalmo-lo.
Será que eu ainda tinha sonhos?
- me conte seus sonhos- ele pediu como se lesse meu pensamento.
- se você contar os seus primeiro.
Fomos interrompidos por uma gata ciumenta que começou a arranhar meu pé, pedindo atenção.
- você esta com ciúmes- a repreendi sorrindo.
- eu também estaria se fosse ela.
Me abaixei para levá-la no colo e ele se afastou.
- minha alergia, leve ela para o quarto. E não demore. Vou te levar para um lugar.
Animada de finalmente, subi as escadas correndo em direção ao quarto com a Leona no colo. Parei no último degrau e olhei para trás.
Ele estava me olhando com um sorriso sedutor.
- você não respondeu minha pergunta.
- eu não tenho sonhos. Eu gostaria muito de saber quais são os seus. Vou torná-los meus e realizar pra você.
Abri a boca e não consegui pronunciar nenhuma palavra. A sinceridade dele tinha me afetado.
- ande. Não podermos demorar ou não aproveitaremos os restante do dia.
- vamos fazer um acordo.- falei por fim.
- meu Deus, esses seus acordos começam a me causar arrepios. Diga!
- eu te conto meu sonho, meu maior sonho e você descubra um seu para me dizer.
- já te disse que não tenho nenhum.
- você é um péssimo negociador Leon. Contra um sonho. Você tem até à meia noite.
Ele me olhou sério, absorvendo minha palavras e depois jogou a cabeça para trás em uma gargalhada gostosa.
- vou ligar para o Latte e dispensar seu trabalho. Segunda você começa a trabalhar pra mim.
O sorriso desapareceu do meu rosto. A dança era minha vida.
- eu estou brincando Megan. Vai lavar esse gato e volte logo. Eu vou me trocar também.
- onde vamos?
- é surpresa. Coloque algumas roupas em uma mala. Só voltaremos daqui dois dias.
Sorri e fui correndo para o quarto. Não importava onde íamos, desde que ele estivesse comigo.
Me senti feliz, como a muito tempo não me sentia. O mundo estava me dando uma chance de ser feliz e eu iria agarra-lá com todas as forças. Não importava que eu perdesse meu coração na tentativa.
A vida pode ser tão injusta. E no instante seguinte te dar uma oportunidade de mudar tudo. Eu não ficaria sentada esperando a oportunidade passar. Eu ia correr no mesmo ritmo dela. E não mediria esforços para que ele me amasse. Se era isso que ele desejava, elevaríamos o desejo a todos os extremos.Voltei e não morri kkkkk. Essa semana que passou foi lançamento do livro e eu fiquei atropelada de coisas para fazer!
😍😍😍😍
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O doce sabor do desejo (degustação )
RomanceEle precisa de uma noiva, a qualquer custo. Ou seu irmão ficará com o que lhe pertence! Ela precisa de dinheiro ou sua vida corre perigo. Leonel desconhece sentimentos. Sempre teve tudo na vida, mas a comparação excessiva com seu irmão perfeito, fez...