Megan
Estávamos dentro de um jatinho particular, rumo à algum lugar que eu desconhecia.Eu estava apavorada. Tinha pavor de andar de avião.
Dizem que quando estamos em uma situação onde o perigo é iminente e onde o nível de ansiedade é muito elevado, muitas vezes agimos sem pensar e fazemos besteiras. Era exatamente isso que eu estava fazendo.
O Leon estava sendo carinho e encantador o tempo todo. Nem parecia aquele homem sombrio e bravo de sempre. O sorriso estampava seu rosto e ele chegou até a fazer algumas piadas durante o percurso até o aeroporto. E isso era inacreditável.
Porém, assim que nos sentamos e os cintos foram atados para a decolagem, eu fiquei apavorada.
- onde estamos indo?-perguntei tentando me acalmar.
- é surpresa, mas te garanto que você não gostar. Muito!
- olha se você está fazendo isso só para me levar para cama, eu sinto te informar que não me deixo impressionar por essas coisas.
Respirei fundo e evitei seu olhar. Eu sabia que tinha dito merda.
- olha pra mim, Megan.
Me recusei e comecei a bater os dedos no assento.
- eu estou mandando você olhar pra mim. AGORA!- ele gritou- e para de ficar batendo esses dedos, isso me irrita.
Eu sei que não estava com a razão. Mas gritar comigo? Inaceitável. Olhei furiosa.
- primeiro que você não manda em mim. Achei que já tivesse entendido isso. Segundo, que bato os dedos onde e quando quiser. Isso me acalma.
- mas me irritar e quem manda aqui sou eu.- ele retrucou e pegou minhas mãos com uma força desnecessária e a prendeu entre seus dedos- agora vamos conversar e esclarecer algumas coisas.
- me solta.
- não. Não vou soltar. Esse é o meu avião, a minha viagem e quem manda aqui sou eu.
- mas eu não sua!- berrei, tentando me soltar.
O avisão começão a decolar e acabei agradecendo por ele estar me segurando. Que sensação horrorosa. Respirei fundo de novo.
- se eu quisesse só levar alguém para cama, tinha te deixado lá nos quintos do infernos e teria levado qualquer mulher do planeta para a cama comigo. Daria menos trabalho e custaria muito menos.
Um solavanco me fez crer que eu não sobreviveria para contar história. Nem os ir para cama com ele. A segunda questão era a mais frustrante.
- e quem disse que qualquer mulher do planeta iria para a cama com você? Você é irritante, chato e mal humorado noventa e nove por cento do tempo.
Droga! O que estava acontecendo comigo!
Ele apertou mais ainda minhas mãos e não deixei as lágrimas caírem de raiva e dor, porque tinha orgulho próprio. As sobrancelhas dele quase se sobrepunham uma sobre a outra de tão bravo que ele estava.
- eu te garanto que prefeririam ir pra cama com um irritante como eu, mas que levaria elas ao delírio, do que muitos homens sonhariam em dormir com você e ter que te aturar vários dias para que isso acontecesse.
Aí, essa doeu bem no fundo do meu coração.
- isso é o que você pensa, que leva elas ao delírio. Todas devem fingir para te agradar e não serem assassinadas no final.
- eu vou te matar antes de te levar para cama. Só estou esperando o aviso do copiloto para desatar os cintos e juro que te mato Megan.- ele uivou.
- minha mão está doendo.- supliquei por fim. Algumas lágrimas pularam dos meus olhos sem querer. Estava doendo muito.
Ele soltou e respirei aliviada. Meus dedos já estavam brancos por falta de circulação e conforme o sangue voltou a correr, algumas marcas roxas já começaram a aparecer.
E então por milagre, o avisão parou de balançar e se estabilizou. Voltei a respirar novamente e fechei os olhos me odiando por uso que tinha dito.
Ele se levantou da poltrona ao meu lado e foi se sentar em outra mais distante.
Com as pernas cruzadas, ele começou a passar a mão pelos cabelos freneticamente.
Me senti péssima por tudo que disse. Eu precisava pedir desculpa.
Com as pernas ainda parecidas com gelatina, me levantei e me aproximei com receio.
- não chegue perto de mim- ele disse estendendo a palma da mão- eu preciso me acalmar pra não te matar nesse momento.
- me desculpe- falei com a cabeça baixa, como uma criança arteira- eu estava com medo e fiquei apavorada. Eu tenho pânico de avião!
Seu olhar cruzou o meu e ele ficou em silêncios por algum minutos. Respirei cem vezes até ele resolver falar.
- era simples me dizer que estava com medo. Eu a teria abraçado e diria que tudo acabaria bem. Não vejo como me ofender pode aliviar seus medos.
-achei que morreria. Tente me entender, por favor. Toda vez que entro dentro dessa coisa, fico assim!
- se eu tivesse a nítida sensação de que morreria, eu te diria coisas que não posso dizer agora, e essas coisas, estariam bem longe de ofensas.
- Porque não pode me dizer essas coisas agora? Só se estiver à beira da morte?- perguntei curiosa.
- existem coisas que não se pode confessar nem a si mesmo.- ele respondeu pensativo.
Não entendi e resolvi não questionar ao ver como ele ainda estava zangado.
- o que posso fazer para que você me perdoe?
Fiz a cara mais de dó possível e já imaginada até no cinema e esperei sua resposta.
Ele abriu um sorriso que não foi acompanhado pelos olhos.
- tem várias coisas que me acalmariam. Elas envolvem você de joelho, na minha frente agora.- ele meneou a cabeça e completou - e envolve a falta das minhas calças também.
Fiquei vermelha, roxa, rosa e mais uma paleta de cores em alguns segundos. Um misto de vergonha e raiva. Ele estava sendo um verdadeiro idiota.
- ahhh, por favor, não me olhe com essa cara, Megan!
- que eu saiba eu só tenho essa.
Bufei irritada. Parecíamos dois colegiais brigando na porta da escola.
- se você tiver só essa, está perdida. Sua cor está entranha e você torce tanto o nariz que me lembra os compassos da escola.
Eu ia matá-lo. Isso estava resolvido. Esse seria o fim da minha vida. Presa por assassinato.
- você me disse que eu só queria te levar para cama, não é? Então, estou imaginando coisas que se podem fazer na cama e me tornando o cafajeste que você imagina.
Cansada de dar murros em ponta de faca, decidi voltar e sentar na minha poltrona. Mas nesse curto percurso de três passos, o avião balançou e cai. Em cima dele!
Com nossos corpos colados, ergui o olhar, envergonha.
Ele traçou um círculo na minha bochecha com o polegar e os seus olhos trasbordavam de desejo.
- como pode pensar tão mal de mim? Quero que esqueça tudo que eu já fiz para as outras pessoas e se concentre em você e eu. Acha que eu seria capaz de te usar, levá-la para cama e depois te jogar fora?
Balancei a cabeça em negação.
- me desculpe.- pedi mais uma vez.
Ele se inclinou para frente e encostou seus lábios nos meus, em um beijo firme e cheio de sentimentos.
A rigidez do seu corpo, misturada a rigidez de alguma outra parte, mostravam o quanto ele me queria e como estava se controlando.
Fiz menção de levantar para não piorar as coisas. Ele me segurou mais firme e não me deixou desvencilhar.
- preciso tanto de você como preciso do ar para viver e isso é o tipo de coisas que não posso dizer, só sobre situações que envolvem minha vida.- ele sussurrou perto dos meus lábios.
- mas está dizendo. E não o vejo em nenhuma situação que envolve sua vida.
- aí que você se engana baby. Nesse exato momento eu me sinto quase morto e sufocado de desejo. À beira de um abismo que quero pular e me afundar. Um abismo que nunca me deixei cair, por medo de morrer e que agora percebo que pode ser a salvação da minha vida.
Seus dedos contornaram o meu pescoço e entraram carinhosamente por debaixo dos meus cabelos.
Fechei os olhos e me deixei entregar. Eu não temia ter meu coração massacrado por ele. Então não devia temer seu corpo no meu.
Capturei seus suspiros e o beijei, aninhando meu corpo de frente ao seu e apoiando meus joelhos ao lado as suas pernas. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Mas haveria encaixe com um único coração?
Eu não sabia a resposta, mas meu ser queria apostar naqueles olhos que em poucas semanas tinham me olhado e me enxergado como ninguém.
- não faça isso comigo- ele se afastou sem fôlego.
- eu não vou mais dizer bobagens. Eu juro, foi o medo que me fez idiota.
- eu não estou falando disso, pequena. Estou falando sobre a vontade que estou de tirar sua roupa e te provar que meu toque não te fará mal.
- você tem medo de alguma coisa?- perguntei.
- hum....acho que todo mundo tem medo de alguma coisa.
- e quais são seus medos?
Ele fechou os olhos e soltou a respiração lentamente.
- meus medos não são interessantes.
- pra mim são- falei suplicante.
Se eu poderia compartilhar meus medos com ele, gostaria que fosse recíproco.
- você ainda nem me contou seus sonhos e agora já quer saber até meus medos. Você é um perigo. Meu doce perigo.
Ele deslizou os dedos por meus lábios e depositou os lábios nos meus.
- não tente me distrair.
Sorri e me afastei.
- vamos começar um jogo- falou sorrindo também - Acho que seremos uma boa dupla jogando- ele completou maliciosamente.
- e qual seria esse jogo?
- para cada parte nova do seu corpo que eu tocar, te conto um medo que mora dentro desse sombrio leon.
Balancei a cabeça gargalhando.
- você é um negociador muito terrível. E qual seria a minha recompensa afinal?
Mordi os lábios e esperei a resposta.
- delírios.....-depositou um beijo em minha orelha- paixão....-mais um beijo no pescoço- e muito prazer....
Encostei minha testa na sua e suspirei.
Eu estava me perdendo lentamente. A perda mais escura, sombria e feliz, da minha vida!E aí meus amores???? Eu demoro, mas volto.
Enquanto esse livro vai se encaminhando, gostaria de contar com toda alegria do mundo que o segundo livro da série doce sabor sai em fevereiro, também pela editora novo século.
Vamos torcer para que em seguida o nosso leon também tenha seu livro físico e a Megan tenha uma capa tão linda quanto essa.
Vocês podem me ajudar nessa jornada. De que forma? Compartilhem, indiquem o livro nas redes sociais. Não custa nada e vocês me ajudam infinitamente.
Obrigada e até breve 💋💋💋💋
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O doce sabor do desejo (degustação )
RomanceEle precisa de uma noiva, a qualquer custo. Ou seu irmão ficará com o que lhe pertence! Ela precisa de dinheiro ou sua vida corre perigo. Leonel desconhece sentimentos. Sempre teve tudo na vida, mas a comparação excessiva com seu irmão perfeito, fez...