Cap 13

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Leon

Eu pedi que ela fosse embora antes que eu pudesse vê-la novamente. Eu já estava com raiva suficiente de mim mesmo. Eu tinha magoado alguém que a vida já tinha sido injusta perfeitamente. E me odiava mais ainda por tudo que eu tinha prestado a dizer. O Leon que a abraçou, que beijou seus lábios delicadamente e que escreveu o bilhete, não existia. Ele já tinha sido sufocado a muito tempo.
Então eesolvi fazer o que era minha especialidade, fugir dos meus sentimentos. Sai bem cedo de casa. Eu não queria vê-la, muito menos partindo.
Sentado na mesa do escritório, tentei empurrar as lembranças da noite anterior para bem longe e pensar em uma nova forma de convencer meu pai a me colocar como acionista majoritário da empresa.
A melhor forma de fazer isso seria convencendo-o de que estava noivo e iria me casar em breve, mas as duas últimas tentativas tinham sido frustadas e eu estava cansado disso. Então comecei a bolar outro plano. Eu preciva que o Will decepcionasse meu pai. Isso nunca aconteceria, a não ser com uma ajudinha minha.
Meu irmão era a pessoa mais honesta e honrada que eu já tinha conhecido. Não existia um furo na sua vida para dar o que falar. Eu mexeria em alguns pauzinhos para mudar isso. Algumas falcatruas na empresa aconteceriam nos próximos dias, começa com um desvio de dinheiro, que iria parar na conta dele. Eu tinha ascesso a tudo do meu irmão sem que ele soubesse. Depois mais algumas pessoas contratadas e um pouco de confusão, seria necessários para que ele ficasse com a imagem manchada perante todos da empresa.
Esse era o verdadeiro Leon.
Depois de uma manhã conturbada com meus pensamentos, fui até a sala do meu pai pegar algumas assinaturas dele.
- será que você pode adiantar algumas coisas pra mim assinando esses documentos até a tarde?
Ele continuava digitando alguma coisa no computar, sem se importar em olhar para mim.
- pode deixar aí na mesa. E não se esqueça que hoje é aniversário do seu irmão. Sua mãe preparou um jantar especial em casa. Vá e não se esqueça do presente.
Mordi a língua para não falar nada. Todos os meus aniversários até hoje tinham sido esquecidos por eles. Só o will que todo ano comprava um presente e um bolo e trazia na minha sala. Eu sempre jogava no lixo na frente dele.
- eu não vou.- falei. Eu precisava provoca-lo e colocar minha raiva para fora.
- a você vai.- ele retrucou abandonando o computar e me olhando.
- não sou mais criança pai. Você não manda em mim.
- cada atitude sua Leon, faz com que você fique com uma porcentagem menor nas ações dessa empresa.
Ele estava me ameaçando, como sempre.
- quando foi que você lembrou do meu aniversário pai?
Eu tinha tanta raiva dele que as vezes a minha vontade era jogar tudo pro alto e sumir da empresa. Mas eu não daria esse gosto a ele.
- você nunca ligou para aniversário Leon. Porque isso agora?
Ele sorria zombateiro.
- quem falou para você que eu não ligo para aniversário? Quando foi que você perguntou isso?-Dei um murro na mesa. Senti meus dedos doerem muito. Não me importei.- você nunca perguntou nem se estou bem. Será que devo te chamar de pai ainda?
- olha Leon, estou sem tempo para suas crises existenciais. Te agradeço se sair da minha sala agora. Tenho um monte de coisas para fazer. Sobre a festa você decide o que vai te dar mais retorno. Ir ou não ir.
Eu não tinha nada mais para dizer. Então fiz o que consigo de melhor. Ignorei e foi até a minha sala quebrar tudo. Eu já perdi a conta de quantas vezes fiz isso. Comecei pelos vasos, quebrei duas cadeiras e virei a mesa, derrubando o computador e mais centenas de papéis no chão.
Todo mundo escutava. Ninguém dizia nada. Sai da sala sendo acompanhado pelos olhares assustados da minha secretária e fui para casa.
A Megan já devia ter ido embora e eu poderia me acalmar sem ninguém por perto.
Quando eu ficava assim sempre era bom que ninguém atravessasse meu caminho. Sorte que meus empregados já me conheciam e ninguém chegava nem perto de mim dentro de casa.
Abri a porta e já fui em direção a escada, quando vi alguém correndo em minha direção e pulando em meus braços.
- obrigada, obrigada. Um milhão de vezes obrigada.- Era a Megan.- eu nunca vou cansar de te agradecer por me devolver a Leona.
- Megan me solta. Você está amassando a minha roupa.- falei rudemente.
Eu estava muito irritado e descobrir que ela continuava em casa, era um problema. Principalmente pela forma que eu estava.
Ela se soltou no mesmo minuto e me olhou confusa.
- eu não te pedi pra ir embora? Qual parte você não entendeu?
Cruzei os braços e esperei sua resposta.
- eu não vou embora. Você pagou por algo e vai ter o que comprou. Eu quero saber qual é o seu problema.-Ofendida e indignada, ela apontava o dedo para o meu rosto.- você me abraça, diz que vai ficar tudo bem, devolve a minha gata e depois pede que eu vá embora.
- eu não me lembro de te prometer casamento e nem de dizer que te amava. Eu perdoei a dívida, já não é o suficiente?
- não. Não é o suficiente. Eu prefiro morrer a ficar devendo um favor a você.
- como você quiser então. Agora sai do meu caminho e fique pronta as oito para jantar na casa do meu pai.
A fitei e vi que tinha a magoado de novo. Mas eu estava com tanta raiva, que simplismente não me importava. Eu queria ferir alguém, eu queria que sentissem na pele o que era ser considerado um ninguém.
- não quero ver sua sombra nessa casa e nem aquela gata idiota.
- a Leona não é idiota. E sua filha Leon.
- você é louca Megan. Louca. Sai daqui.- gritei.
Peguei o vaso da mesa da sala e mandei na parede. Os cacos se espalharam por todo o tapete.
- o que houve?- sua voz tinha tom de medo e meu rosto mudou.
- não fique com medo por favor. Sai daqui Meg. Eu estou te implorando. Não quero te machucar e nem te assustar. Eu só quero ficar sozinho. Eu estou muito irritado.
Ela assentiu e saiu correndo pela escada.
Sentei no sofá e coloquei as mãos sobre o rosto. Que merda de vida eu tinha. Como eu poderia deixar me afetar tanto por ele? Abri minha pasta e tirei dois calmantes de lá. Engoli e respirei fundo. Eu precisava dormir e me acalmar para o jantar.
Depois de dormir o resto da tarde, as oito hora entrei no carro e buzinei até a Megan aparecer correndo. Ela estava de salto, o que dificultou.
- meu Deus como você é apressado.
- e como você é atrasada em tudo pequena.
Eu já estava calmo e permiti que ela mexesse no som e escolhesse uma música. What makes you beautiful, do One Direction, invadiu o carro e ela automaticamente começou a balançar o corpo. Ela se entregou a música e fechou os olhos, esquecendo que eu estava ali. Sorri com a cena. Megan era boa demais e com certeza sairia machucada do meu lado. Não sei porque ela não foi embora.
Assim que estacionei na frente da casa da minha família, ela voltou ao mundo real e sorriu envergonhada.
- eu me empolgo com músicas.
- que bom que algo te deixa feliz.- falei sinceramente. Eu queria vê-la feliz.
Desci do carro e abri a porta para ela descer. Peguei sua mão e ela encostou o rosto to meu braço.
- vai ficar tudo bem.- ela disse.
Eram palavras que eu deveria dizer a ela. Fui tomado por uma emoção sem fim. Balancei a cabeça concordando e percebi que muita coisa tinha mudado. Em algum momento ela tinha se tornado a pessoa mais especial da minha vida. Só que em algum momento eu faria ela colecionar mais cicatrizes, dessa vez no coração. Se ela tinha algum valor pra mim, eu precisava fazê-la se afastar.
Caminhamos em silêncio até a porta. Meu irmão veio nos receber e já abraçando a Megan.
- que presente de aniversário maravilhoso você me trouxe Leon.- ele falou sorrindo.
- é seu aniversário?- a Meg me olhou confusa. Assenti.
- e se contente com nossa presença. Eu não trouxe presentes.
Ele me olhou esperando um abraço. Quando olhou minha cara, ele deve ter percebido que não ia rolar.
- odeio comemorar meu aniversário, mas minha mãe insiste.
Ele estava tentado se desculpar comigo, como sempre. Se eu não gostava de aniversário, ele também fazia questão de odiar. Esse era meu irmão.
- vou comprar um presente lindo pra você depois.- ela falou envergonhada.
- você não tem dinheiro Megan.
As palavras foram rudes. Eu não queria que ela desse presente a ele. Seus olhos se apagaram no mesmo instante.
- vou trabalhar Will, começo na segunda feira. Assim que receber, te mando um presente. Eu e seu irmão temos um relacionamento onde não misturamos dinheiro. É nossa regra.
Ela estava me justificando. Claro, se era minha namorada não deveria se preocupar com dinheiro.
- vamos entrar. Minha mãe odeia esperar.
Senti que ela se retesou a menção de entrar. Ela tinha medo dos meus pais e com razão.
Passei os braços por seu ombro e sussurrei no seu ouvido:
- vai ficar tudo bem.
Ela sorriu.
Assim que entramos na sala de jantar, meus pais que já estavam na mesa, não se deram ao trabalho de levantar para nos cumprimentar. Ignorei o mau estar que isso que causou. Eu queria que pelo menos hoje eles pudessem ser amáveis com a Meg. Ela merecia isso.
- oi pai. Oi mãe. Prazer em ver vocês também.- falei ironicamente.
Puxei uma cadeira para Megan e sentei ao seu lado. Meu pai e minha mãe estavam de frente e meu irmão, o rei da casa, na ponta da mesa.
- seria educado se vocês falassem pelo menos um oi para a Megan.
- oi Megan. Acho que já nos vimos outro dia. Vamos dispensar as formalidades.
- oi Joana. Sua casa é linda.
- foi construída lembrando os castelos europeus. Um castelo para um príncipe.- meu pai disse orgulhoso.
O príncipe não era eu.
- realmente os seus filhos merecem muito mais. O Leon é uma das menores pessoas que eu já conheci na vida.
Isso era uma mentira deslavada, mas hoje, por incrível que pareça, estava convincente. Ela já no me olhava com ódio. Seu sorriso era sincero.
- é porque você não teve a chance de conhecer o Will primeiro. Teria se apaixonado por ele e o Leon não teria chance.- minha mãe rebateu.
Cerrei os punhos por baixo da mesa e tentei não tirar  o sorriso do rosto. Sempre que eles conseguiam me atingir, eles avançavam nas ofensas.
- você está enganada!
Quando as palavras saíram da boca da Megan, meu coração parou de bater. Minha mãe não gostava muito de ser contrariada. Eu odiava ser defendido. E Megan não merecia ser magoada.

O doce sabor do desejo (degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora