Cap 19

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"Nem sempre se consegue proteger a quem ama. Muitas vezes, o amor é tanto, que machuca."

Leon

Eu odiava reunião fora da empresa. Porém eu estava tendo sérios problemas para me concentrar quando ficava longe da Megan. Era tudo muito recente. Minha cabeça produzia imagens dela apanhando ou sendo sequestrada. Enquanto eu não tivesse informações suficientes para saber o que tinha acontecido, não sossegaria.
Como era uma reunião muito importante e eu precisava fechar contratos primordiais para a empresa, marquei no café mais próximo de casa. Era um lugar refinado e tranquilo e eu me concentraria melhor, sabendo que dentro de cinco minutos poderia estar em casa se ela precisasse de mim.
E como recompensa?
Ele chega de mãos dadas com o tatuado idiota.
Olhei para o seus olhos e vi o pânico. O babaca pareceu não perceber nada, nem a minha presença. Claro que ele não estava nem aí para as emoções da mulher que tinha nas mãos.
Desviei o olhar e decidi me concentrar. Ignorar totalmente os dois. Eu acertaria minhas contas com ela em casa.
- Leonel.- escutei alguém me chamando.
- sim. Podem continuar.
- estávamos esperando sua opinião sobre a junção do dois sistemas de comunicação das empresas que foram apresentados.
- eu...eu acho....
Respirei fundo. "Eu acho", eram palavras que não faziam parte do meu vocabulário. Eu tinha que ter certeza das coisas no meu mundo, ou então, estaria ferrado.
Inferno! Eu precisava me acalmar. Todos me olhavam com estranheza. Eu estava gaguejando na frente de seis homens, por causa de uma maldita mulher.
- me desculpem. Senti um pequeno mal estar. Deve ser o calor.
Fiz sinal para que garçom se aproximasse e pedi uma água.
- Caio, você pode me dizer o que te faz pensar que a junção seria ruim?- pedi para um dos representantes da empresa. Eu precisava ganhar tempo e organizar meus pensamentos.
Peguei o papel que estava fazendo minhas anotações e recortei um pedaço. Como se continuasse prestando a atenção e anotando os detalhes, comecei a escrever um recado para ela.

Me parece que você tem sérios problemas de fidelidade. Acabamos de nos acertar e hoje já está dividindo o seu corpo com esse idiota.
É pelas tatuagens que você tem fetiche?
Eu não sou muito bom em dividir, sabe.
Também sou péssimo em palavras.
Sou pior ainda com tolerância.
E minha paciência é 0.
Quero que você se levante e vá para casa agora.
Assim que terminar a reunião, vamos ter uma conversa. Seria e íntima!

Não assinei o papel e quando o garçom se aproximou com a água, pedi que ele entregasse a ela.
Afrouxei a gravata e percebi que minha vontade era levantar e estrangular ela. Ou melhor, matar aquele cara. Ele não me conhecia. Não sabia como eu podia ser cruel.
- pode nos dar seu pareceu agora Leonel?
Com toda a calma que ainda me restava, falei como um robô sobre o que precisava ser dito. Todos me olhavam atentamente.
- não tem nenhum risco. Não tem nada que vocês venham a perder. Estamos falando de uma junção com ganhos para todos.
O garçom se aproximou e me entregou o mesmo papel. Guardei no bolso e continuei meu discurso.
Quando uma discussão começou sobre o assunto na mesa, retirei o papel do bolsos.
Ela tinha escrito no verso.

Eu não estou dividindo nada. Muito menos meu corpo. Até porque não lembro de ter entregado ele a você.
Eu também sei ser intolerante quando me ofendem. Eu só vim tomar um café com um amigo.
Me dê seu voto de confiança.
Eu não vou embora.

Acessei o papel e irritado, dei um soco na mesa.
Qual era o problema daquela mulher.
- tudo bem Leonel? Quer que remarcamos essa reunião?
- não Marcos. Eu me lembrei que esqueci um papel importante no carro. Vou pegar e já volto. Me desculpem.
Levante da mesa e eu fui até o carro. Eu precisava me acalmar. Me atrevi a olhar a mesa dela antes de sair. O babaca estava de costas e falava alguma coisa que a fez rir.
Eu seria capaz de matar uma pessoa nesse momento, mas decidi que guardaria minhas forçar para matar o babava na hora certa. O que não incluía meus clientes como plateia.
Peguei um pasta vazia dentro do carro só para disfarçar. Respirei uma cinquenta vezes, chutei os pneus do carro uma cem e só consigo ficar mais irritado quando percebi que tinha riscado meus sapatos e meu nervoso continuava igual.
Antes de entrar, liguei para o detetive Haroldo.
- Haroldo, preciso de outro favor seu. Quero que você descubra tudo sobre um cara tatuado, irmão de Julie Orner. Ela é esposa de Joe Hesgher.
- sem problemas. Vou averiguar e te falo. Já tenho algumas informações aqui sobre o que você me pediu. Vamos marcar uma reunião para semana que vem.
- no caso desse cara, acho que é mais fácil você levantar a ficha dele. Pode me mandar por e-mail ainda hoje?
- vou ver se consigo. Você sabe o nome completo dele? Facilitaria.
- o nome dele é idiota. O sobrenome é babaca. É o que sei.
- certo - ele respondeu com o que pareceu um sorriso contido- vou ver e envio.
Desliguei o telefone mais calmo, retornei ao café.
Nem olhei para a mesa que ela estava sentada. Eu precisava me concentrar na reunião.
- me desculpem. Eu não estava achando a pasta.
- sem problemas Leonel. Acho que a maior parte das coisas já estão resolvidas. Vamos assinar os papéis e formalizar o projeto.- um dos acionistas falou.
Concordei e comecei a assinar os papéis que me passaram.
- Leon. Será que eu podia falar com você um minuto?- escutei uma voz muito conhecida me chamando.
Me virei e deparei com olhos assustados.
- pois não?- falei secamente como se não a conhecesse.
- eu preciso falar com você.
- estou em uma reunião. Não posso me distrair com coisas sem importância. Se você quiser aguardar.
Seus olhos ficaram marejados de lágrimas e me virei sem dar importância ao mal estar que aquilo me causou.
Continuei assinando os papéis e vi que o babaca saiu do banheiro. Por isso ela veio falar comigo, claro!
Nossos olhos cruzaram e se fosse possível matar com um olhar, eu já estaria morto e ele enterrado.
Terminei o que estava fazendo e me amaldiçoei mil vez por ter marcado aquela reunião ali.
Quando tudo não podia ficar pior, alguém bateu nas minhas costas.
- acho que poderíamos ir ali fora e você tentasse fazer um homem de verdade chorar. Eu já tinha percebi que você era convarde. Eu saiu um minuto do lado da garota e quando volto, ela está chorando.- ele fala com marra. Os braços cruzados e uma panca de idiota que ele sabia manter bem.
Eu descobri, nesse momento, que paciência tinha limites.
- eu acho que realmente está na hora de alguém arrebentar essa sua cara de babaca. Eu não tenho medo de você.
Ele gargalhou.
- sabe, tua cara vai ficar legal com os meus socos. Essa sua roupa engomadinha vai ficar incrível com os buracos que vou fazer nela.
Olhei para a mesa e vi todos me olhando assustados. Que se dane!
Levantei e o agarrei pela camiseta.
- parem com isso.- a Megan apareceu e pegou no meu braço.
- melhor você sentar e esperar pequena. Já chame a ambulância para levar o gravatinha pro hospital. Eu vou acabar com ele.- ele disse.
- PARA.- ela grita desesperada, enquanto vamos nos empurrando para a rua.
Assim que abro a porta do café, o empurro para fora. Um pequena plateia formada pelos acionistas se formam. Eles parecem se divertir. A Megan tenta entrar no nosso meio e a protejo com meu corpo.
- sai daqui.- peço.
Na tentativa de protegê-la, levo o primeiro soco na cara. Sinto o sangue escorrer pelo nariz.
- por favor.- ela implora e chora desesperada.
Olho para ver se ela não vai apanhar sem querer, já que ela está do meu lado e o idota parece não se importar e levo outro soco no peito. Esse doeu pra caramba. Me abaixo com a dor do golpe e levo outro soco na cara.
- PARA Diogo. Façam isso parar- ela implora. Mas todo mundo parece animado com o espetáculo em plena manhã de trabalho.
- sai daqui Megan. Eu não consigo com você aqui.- peço com todo o resto de calma que me resta.
Então vejo algo que me paralisa. Quando olho e ela percebe o sangue em meu rosto, entra em estado de choque. Seu corpo treme e as lágrimas escorrem. Ela não se mexe.
Sinto o ódio crescer e dou um soco no rosto do Diogo com toda força.
Ele recua com dor e volto correndo para minha Megan e a abraço.
- shh....vai ficar tudo bem.
Ainda a abraçando, olho e vejo que o ele a olha com preocupação. Agora, depois de deixá-la nesse estado, ele acorda para a vida.
- some daqui. Se chegar perto dela de novo, vamos nos encontrar longe dela e ai sim, vamos ter uma conversa onde só um vai sair vivo.- ameaço.
Ele mostra o dedo do meio e vai embora furioso.
Continuo a abraçando e os tremores começam a diminuir. Meneio a cabeça para os meus colegas de trabalho. Eles entendem o sinal e começam a se retirar.
Me sinto impotente diante do desespero dela e sinto ódio ao imaginar o que ela já deve ter passado e apanhado nessa vida.
Com cuidado a coloco dentro do carro e vamos para casa em silêncio.
Durante o percurso ela se acalma e me olha com preocupação.
- você se machucou....
- não o suficiente para apagar meus pecados.
Estacionei o carro e entrei em casa sem esperar por ela. Eu precisava de um whisky para me acalmar. Meu rosto estava doendo pra cacete, eu ainda estava com raiva dela e uma raiva maior de mim. Eu fui para aquele maldito café na tentativa de protegê-la. Por fim a magoei e fiz ela relembrar o passado.
Me servi da bebida e sentei no sofá. Meus pensamentos estavam longe e nem vi ela se entrar em casa.
- deixe eu cuidar de você. Peguei uma toalha molhada para limpar o sangue.
Não respondi, mas deixei ela se aproximar. Delicadamente ela começou a passar a toalha que começou a ficar vermelha pelo sangue.
- fala alguma coisa pra mim Leon. Pode gritar e me censurar.
- pode acreditar, você não quer escutar o que tenho para te falar.
Ela sentou do meu lado e colocou a toalha no colo.
- pode dizer. Eu já imagino o que seja.
Me virei e olhei nos seus olhos assustados.
- porque fez isso?
- me desculpa.
- não quero suas desculpas. Quero saber porque fez isso. Você sabia que eu ficaria irritado.
- eu tenho o direito de sair dessa casa, sem te dar satisfações.- ela rebate.
- tem sim. Poderia ter saído com qualquer pessoa. O babaca tatuado era a exceção. - falei tentando manter a calma.
- ele tem nome Leon!
Balancei a cabeça, inconformado.
- não defenda ele. Não hoje. Não agora.
- você torna tudo difícil. Complica o que já é complicado o suficiente.
Ela se levanta e começa a andar pela sala. Tomo mais um gole de whisky para não jogá-lo na parede.
- então eu vou te explicar algumas coisas que você ainda não entendeu. Eu acordei e  a primeira coisa que me preocupei foi em deixar você sozinha em casa. Sabe o que fiz Megan?
- eu acho....
- não - falei a interrompendo- você não sabe o que eu fiz. Liguei na empresa, peguei o telefone de todos os que estariam presentes na reunião. Liguei para cada um deles e os convenci a vir nesse café. Não era confortável, era fora de mão pra todos eles e o barulho fez a reunião demorar o dobro. Você sabe porque eu fiz isso?
- me desculpe.
- eu fiz isso- continuei ignorando suas desculpas- para tentar te proteger. Eu estaria perto o suficiente para vir te socorrer se fosse preciso.  Depois você chega com um cara que não para de dar em cima de você e de mãos dadas.
- eu não estava de mãos dadas.
Ela me encarou com incredulidade.
- aí céus, Megan. O que era aquilo? - gritei.
Sem conseguir me controlar mais, levantei e mandei com toda a força o copo contra a parede.
- para de fazer isso. Não quebre as coisas. Seja adulto suficiente para conversar e não arrebentar tudo.
- você que não é adulta suficiente- gritei apontado o dedo para sua cara- você não me obedeceu quando te pedi para voltar para casa. Ficou lá sabendo que eu estava trabalhando e incomodado com a situação. Depois me meti em uma briga, por sua causa, na frente de acionistas da empresa.
- você se meteu porque quis. Eu te não pedi para brigar por mim.
Seu olhar era penetrante e as lágrimas brilhavam.
- eu fui provocado e apanhei para te proteger, enquanto ele não se importava com você.
- eu já pedi desculpas- ela gritou.- o que mais você quer que faça? Você me diz que não quer dar nomes para nossa relação, mas no instante depois você me proíbe de sair e quer comandar minha vida.
- é nomes que você precisa? Não é suficiente as demonstrações de que você é mais importante que o meu próprio bem estar e orgulho?
As palavras a atingiram e ela deixou as lágrimas rolarem livremente. Porém me atingiram com mais força, saber o quanto ela tinha se tornado importante na minha vida.
- então vamos dar nomes. A partir de hoje você é a minha noiva. Sem fingimentos, sem plano algum. Você é a minha noiva e a mulher que vai dormir na cama. Ou você aceita assim ou não tenho mais nada para te oferecer. Já te dei tudo que tinha.
- menos seu coração.- ela sussurrou.
- eu não tenho coração Megan. O que eu tinha pra oferece está com você. Estou esperando sua resposta.

Megan, megan!!!!!! Deixa de ser burra kkkkk
Florzinhas vou deixar um convite aqui. Vamos ter o lançamento do meu primeiro livro na cidade de São José do rio preto, interior de São Paulo. Quem morar aqui por perto e quiser comparecer, será um prazer enorme.
Dia 8 de outubro, às 18h00, na livraria leitura do shopping Iguatemi.
Vai ter muito amor, eu garanto!!!
Bjs e até breve!!!!

O doce sabor do desejo (degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora