Megan
Abri os olhos com dificuldade. Tentei puxar o ar e senti uma dor insuportável no peito. Perdida, tentei me localizar. Lembrei do momento em que recebi o primeiro soco. Eu estava viva e isso era um milagre. Mas até quando?
Ouvi algumas pessoas se movimentando perto da cama. Eu estava em um hospital, foi minha primeira constatação. A segunda, foi de que o Leon estava ali, escutei sua voz. Uma emoção que não pude compreender tomou meu coração. Era alívio!
- Leon.- chamei. Ele não escutou, estava discutindo com alguém.
Tentei abrir mais os olhos e tentar ver quem era. Porém qualquer movimento doía muito.
- Leon.- chamei mais alto e senti seu cheiro.
- oi minha pequena. Você acordou.
Seus dedos encostaram na minha pele e sorri. Ele estava ali. Diferente de todas as vezes que eu apanhava, tinha alguém ali. As lágrimas caíram. Não era de tristeza, era a alegria de ter alguém do meu lado.
- não chore, por favor. Já não suporto te ver assim. Não chore! Eu estou aqui e nunca mais ninguém vai encostar a mão em você, entendeu? Nunca mais, não vou permitir.
Consegui olhar para ele. Seus olhos demostravam uma dor que nunca enxerguei em ninguém antes.
- sai dai. Você vai machucar ela.
Era o Diogo, empurrando o Leon para o lado. Apertei sua mão e não deixei que ele se afastasse. Olhei para o Diogo que me encarava com olhar triste.
- oi pequena. Me diga se foi ele quem fez isso e o mato. É só me pedir.
Como eles podiam imaginar que o Leon era responsável por tamanha covardia? Me doeu saber que as pessoa pensavam tão mal dele.
- não foi ele Diogo, por favor, não pense isso.
- será que vocês poderiam deixar ela descansar. Assim que tiver alta eu aviso e todos podem ir na minha casa visitá-la, com excessão de você.- ele pediu encarando o Diogo.
- qual é cara?Você é um idiota. Vamos lá fora e já resolvemos todas essas diferenças.
- aqui não é o melhor local e a Megan precisa de mim. Mas quando tudo isso acabar, vamos acertar as contas, pode esperar.
A Julie se aproximou do irmão e falou alguma coisa em seu ouvido. Irritado e derrotado, ele beijou minha mão.
- vou vigiar esse cara e cuidar de você. Eu posso ser tudo que você precisa, basta me escolher.
Depois de dizer o que deixou o Leon profundamente irritado, ele saiu. Me orgulhei ao ver o controle que o Leon teve para não dar um soco nele. Ele merecia.
Reparei que um dos olhos dele estava inchado.
- o que houve com seu rosto?
- nada importante. Eu acho que a vida está começando a me devolver tudo que cultivei.
- não Leon. A vida precisa começar a te dar opções. Ela não vai te devolver nada.
- eu queria muito que nada disso tivesse acontecido. Você precisa me contar a verdade. Não importa o que seja. Eu preciso da verdade.
Seu olhar era suplicante.
Assenti.
Ia começar a dizer. Me detive quando me dei conta que estávamos acompanhados.
Ele, percebendo minha insegurança, deu espaço para que minhas amigas se aproximassem e não perguntou mais nada.
Eu me sentia cansada e sem vontade de conversar. Meu corpo doía e minha cabeça latejava.
- vamos atrás de quem fez isso. Quando você sair daqui, o Joe já conversou com alguns amigos da polícia. Vamos esclarecer tudo. Não quero te ver assim nunca mais.- a Julie falou.
Ela não conseguia controlar as emoções e chorou até ser retirada pelo marido dali.
A Clarisse depois de me presentear com uma bolsa, que segundo ela, e o remédio para todos os males, saiu acompanhada do Mike que não parou de olhar feio para o Leon.
Assim que ficamos sozinhos, ele me encarou e não nos falamos por alguns minutos. Ele segurou forte a minha mão e balançou a cabeça.
- me desculpe. Eu queira que você fosse embora para não te fazer sofrer. Pela primeira vez na vida eu queria fazer o que era correto. Droga!- ele bateu com o punho no colchão.
- pare de seu culpar Leon. Existem algumas coisas que você não sabe.
Ele enrugou as sobrancelhas.
- se for drogas, vamos sair juntos dessa e......
- não tem nada a ver com drogas. Eu odeio qualquer tipo de vicio.- respirei fundo e decidir dividir com alguém aquilo que me atormentava a anos- a alguns anos uns homens me procuraram e disseram que tinham informações do meu pai. Me contaram que ele estava sendo ameaçado e devia muito dinheiro a eles. Então me pediram dinheiro para pagar esse dívida.
A expressão dele se tornou severa.
- você conhecia esses caras?
- não. Eles me mostram a foto do meu pai. Era recente. Ele estava diferente, mas o reconheci no mesmo instante. Então veio a primeira ameaça. Se eu não pagasse a dívida eles o matariam. Eu não quis saber mais nada. Eu pedi só o valor e um tempo para levantar o dinheiro.
Olhei para ele com lágrimas nos olhos. Era um alívio falar com alguém. Ele apertou mais ainda minha mão.
- você tinha o dinheiro?
- não. Passei um mês trabalhando em dois serviços e quase não me alimentava. Economizei tudo que tinha e paguei. Eu tinha certeza que depois que isso acontecesse, meu pai ficaria livre dos problemas e voltaria me procurar. Eu imaginei que ele não tinha voltado por ter se envolvido nessa situação. A esperança se renovou dentro de mim. Talvez ele só estivesse me protegendo. Mas ele não veio.
- ah Megan.....você não precisa dele. Não mais.-
A dor era visível nos seus olhos. Nesse instante eu percebi que algo dentro dele gostava de mim.
- depois de um tempo eles voltaram e pediam cada vez mais dinheiro. Eu não tinha onde conseguir. Então começaram as ameaças e as surras. Eles me garantiram que se eu procurasse a polícia eles matariam meu pai. Eu não podia deixar que isso acontecesse. Eu sempre dei tudo que tinha. Só que nunca é suficiente.
- como você proteger um cara que te abandonou Megan? Ele não se preocupou com você. Te esqueceu.
Virei a cabeça para que ele não visse a vergonha nos meus olhos. Eu era uma idiota.
- olha pra mim Meg.
- eu não sou capaz de esquecer. Eu não vou suportar se o matarem por minha culpa.
Frustrado, ele passou as mãos pelos cabelos.
- eles não vão parar. Você não percebe? Pedirão cada vez mais e vão te bater até a morte!
- eu sei. Eu sei....-falei derrotada- eu não sei o que fazer mais. Estou sozinha nessa.
- não. Você está comigo. Você vai voltar para minha casa. Vai morar comigo e vou cuidar de você.
Ele me olhou intensamente.
- você está dizendo isso por se comover. Não vou aceitar.
- você não tem escolha. Estou te avisando que você não sai mais do meu lado.
Decidi não discutir. Eu estava sem forças para isso.
Depois de um noite mal dormida com dores e sob os olhos constantes dele, tive alta.
Com todo cuidado do mundo, como se eu fosse de cristal fui levada de volta para sua casa e recebida com festa pela Leona.
Fui visitada por um policial e respondi vagamente algumas perguntas. Neguei que soubesse de alguma coisa e ele desanimado, foi embora.
Nos dias que se seguiram, eu recebi ligações constantes da Julie e do Diogo. Ele insistia em vir me buscar. Eu porém não aceitei nem suas visitas. Eu não queria mais problemas com o Leon. Ele estava fazendo o possível para cuidar de mim.
Contratou uma enfermeira para me fazer companhia o dia todo. Quando chegava do trabalho fazia questão de jantar comigo. Mas alguma coisa tinha mudado depois que saímos do hospital. Ele voltou a ser frio e distante.
Tinha todo o cuidados comigo. Porém seus olhos era frios como antes. Não tinha palavras amorosas e nem abraços afetuosos. Eu tive a certeza de que a culpa tinha ido embora e como sempre, eu estava sobrando.
Quando me senti bem o suficiente para me virar sozinha e o gesso era o único empecilho para que eu voltasse a dançar, decidi conversar com ele.
Eu enlouqueceria se ficasse dentro do quarto mais um dia. Quando ele chegou do trabalho, fiquei esperando ele vir me ver. Esperei por uma hora. Ele não apareceu.
Sai do quarto e bati na porta do dele. Nenhuma resposta. Intrigada desci a escada e perguntei para a empregada. Ela me avisou que viu o patrão entrando no escritório.
Bati na porta.
- entra.
Eu nunca tinha estado ali e fiquei encantada com o lugar. Todo arquitetado em madeira escura, uma imensidão de livros se perdia pelas paredes. Em um canto, uma mulher nua de uns dois metros de altura, esculpida em aço, me deixou de olhos arregalados.
- pode falar o que você quer Megan.- sua voz me tirou do transe.
Sentado em uma poltrona, com o notebook na mãos, ele me encarava.
- é....eu....será que podemos conversar?
Eu estava apreensiva. Na verdade eu nem sei o que tinha para falar.
- se você não demorar! Estou atolado de trabalho.
- então deixa pra outro dia.
- você já me interrompeu Megan. Agora fale.
Como ele podia ser tão bipolar. Em um instante me tratou como a pessoa mais especial da sua vida e no outro segundo, me trata como uma intrusa.
- eu quero ir embora Leon. Já estou bem. Gostaria que você falasse com o Latte e pedisse o meu trabalho de volta.
Ele se levantou e colocou o notebook em cima da mesa. Se encostou sobre a ela, cruzou os braços e com um cínico, me olhou.
- e você pretende dançar com o braço quebrado e se sustentar de que forma?
Me encolhi diante a figura prepotente dele e me irritei diante seu comentário.
- eu não aguento mais ficar aqui trancada sem fazer nada e sendo um estorvo pra você! Eu prefiro dormir na rua, a depender das suas migalhas.
- acho que você não tem muitas escolhas.
A decepção tomou conta do meu rosto. Segundos depois minha atenção se redirecionou para o seu tórax largo e seus braços fortes que me fizeram suspirar mesmo sem querer.
- não ter muitas escolhas não significa não ter nenhuma.- eu disse recuperando o foco- e na minha lista de escolhas, que pode até ser pequena, você está na última opção.
- e quem seria sua primeira opção? O tatuado idiota? - ele perguntou irritado. O sorriso tinha desaparecido.
Percebendo que ele também se afetava, decidi provoca-lo.
- talvez seja. Não sei....-coloquei o dedo no rosto pensativa- digamos que ele seja a melhor opção.
Lançando um olhar acusador, ele veio lentamente se aproximando de mim. Perdi as palavras e esqueci o porquê estava ali, simplesmente por sentir seu perfume. Ele usava uma camisa branca com os três primeiros botões abertos que me tiravam o ar. Senti a raiva me tomar por ser tão idiota. O cara me tratava feito um produto e eu babava por ele!
- eu acho que nem de longe ele seja sua primeira opção.
- o que você quer de mim Leon? Me tratou como se eu fosse importante para você, depois simplesmente me ignora. Está brincando comigo?
- você é importante. Esse é o problema.
Ele estava muito próximo. Comecei a ter dificuldades para respirar. Me afastei até encostar na parede.
- então sou um problema?-perguntei tentando não desabar.
- um grande problema.
- então me ajude a ir embora daqui e seguir minha vida.
Olhei suplicante e ele retribui com um olhar cheio de desejo.
- não consigo. O problema é exatamente esse. Toda vez que eu te olho, eu me encontro!
Sem entender seus sentimentos confusos, me deixei levar quando seus dedos encostaram em meu rosto, queimando minha pele e seus lábios colaram nos meus, me fazendo esquecer o quando isso podia ser perigoso!Volteiiiiii. Pretendo postar uns dois capítulos por semana, vou ver se consigo.
Tenho tantas coisas para escrever sobre esses dois que vcs nem imaginam!!!!
Então não esqueçam dos meus comentários incentivadores!!!!!😘😘😘😘😘😘
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O doce sabor do desejo (degustação )
RomansaEle precisa de uma noiva, a qualquer custo. Ou seu irmão ficará com o que lhe pertence! Ela precisa de dinheiro ou sua vida corre perigo. Leonel desconhece sentimentos. Sempre teve tudo na vida, mas a comparação excessiva com seu irmão perfeito, fez...