Capítulo 4

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Sara despertou e viu-se só. Olhou o rádio relógio que marcava nove e quinze. Levantou-se da cama e tomou uma ducha rápida. Enquanto a água corria por seu corpo lembrou-se de Nick e da paixão que os acometeu na noite anterior e sorriu. Desceu para o café, Antonia estava cantando na cozinha. Sara a abraçou por trás. E a beijou nas faces, Antonia se virou, Sara afastando-se avisou-lhe.

 — Antonia eu só quero um café. Vou sair. Vou até a casa de minha mãe. Estou morrendo de saudades dela. 

— Eu já liguei para ela avisando que vocês chegaram bem. Sara lhe sorriu.

— Obrigada, eu ia ligar, mas você sabe com é, recém- casados. Acabei ficando com Nick—e esqueci completamente. —Falou cantando as últimas palavras e riu maroto.

Sara desceu da sua Mercedes e abriu os portões da casa. Voltou para o carro e logo avistou na entrada da casa um BMW cinza estacionado. Arqueou as sobrancelhas e deu de ombros.

Desceu e tocou a campainha. Uma senhora de mais ou menos cinquenta e cinco anos, com uma expressão severa atendeu a porta. Deve ser a nova governanta. Pensou — Meu nome é Sara, você poderia avisar a minha mãe, a Senhora Laura Lawrence, que a filha dela quer falar-lhe. A governanta sorriu, desfazendo aquela expressão séria e Sara até achou ela simpática. 

— Sua mãe já a espera.

Sara sorriu e entrou no hall. Estremeceu na hora, pois se lembrou de seu pai e dos tempos felizes que viveu naquela casa. Foi até a sala e viu sua mãe sentada sorrindo para um homem. Ele estava de costas para a entrada da sala, ao ouvi-la, ele virou-se e Sara viu os olhos negros, a expressão grave, os cabelos grisalhos tão familiares, Jake. Ela ficou aturdida em vê-lo e viu sua mãe correr em sua direção e a abraçou. Sara abraçou-a apertado e afastou um pouco lhe vendo as lágrimas.

— Filha que saudades. Sara sorriu e sua mãe a conduziu até a sala. 

— Mamãe, estou só há duas semanas e meia fora. 

— Eu sei, mas mãe é assim mesmo. Jake ouvia tudo de cabeça baixa. Sara então se dirigiu a ele e perguntou com um tom animado.

— Não vai me dar um abraço Jake?

Jake levantou-se e abraçou com braços fracos, quase de má vontade. Sara deu um abraço forte no amigo e o viu se afastar quase que imediatamente e se sentar no sofá. Sara sentou-se noutro junto com Laura. 

— E você Jake? Que bons ventos te trazem aqui? Jake a olhou desconcertado. 

— Eu me mudei para cá. Sara o olhou surpresa e olhou sua mãe que estava olhando as mãos no colo. Jake perguntou-lhe. 

— Você não leu nos jornais? Sara negou-lhe com um movimento de cabeça. E o lembrou.

— Eu estava em lua de mel, afastada de quaisquer pensamentos que não fossem curtir meu casamento. Jake a examinou por um momento. 

— Você voltou mais bonita.

Sara lhe sorriu. 

— Você não me respondeu o que te trouxe aqui. 

Jake a olhou intensamente antes de responder. — Eu me cansei dessa vida boemia, de muitas festas, coquetéis, senti necessidade de voltar para minha terra natal. Aqui fui muito feliz. Tirando os dias onde acompanhei o sofrimento de seu pai.

Os olhos dela se encheram de lágrimas ao lembrar-se do pai, já fazia um ano que ele havia morrido. Laura se levantou.

— Filha, almoça com a gente. Antonia está cuidando bem de você? 

— Mamãe, eu cheguei ontem. Então nem deu tempo para ela cuidar de mim. —Ironizou as palavras. Laura ficou vermelha. Sara vendo o constrangimento da mãe foi até ela e a abraçou.

 —Eu almoço. —E essa governanta? Está gostando dela? Laura assentiu e sorriu. 

— Ana é ótima. Já se familiarizou com a casa. Sara foi até a cozinha ajudar a nova governanta por a mesa.

Passaram um almoço agradável. Reparou em sua mãe. Laura continuava bonita. Mãe e filha eram muito parecidas. Reparou em Jake que muito a vontade conversava com Laura. Ele não havia mudado nada fisicamente. Já as maneiras dele haviam mudado, ela o percebia mais solto, menos tenso, mais livre. Talvez por ele não carregar o peso da doença do pai dela como antes. Ele contou dos lugares que frequentou, das viagens pelo mundo. Laura sorria muito a vontade com ele e Sara teve a impressão que sobrava.

Depois do almoço Sara e Jake foram para os fundos. Sentaram-se numa espreguiçadeira na sombra, ele passou a lhe contar da vida que levava em Nova York, da cansativa vida boemia, contou-lhe da experiência maravilhosa que foi retratar a Grécia num quadro que pintou. Sara ouvia tudo com muito interesse. Sara de vez em quando reparava o olhar intenso que Jake lhe dirigia, ela incomodada nessa hora desviava os olhos dos dele. Laura mais tarde se juntou a eles e lhes contou da última viagem que tinha feito.

Sara ouvia tudo impressionada e ficou feliz de ver sua mãe mais animada desde a morte de seu pai. Ela disfarçadamente olhou o relógio e viu que era tarde despediu-se da mãe e acenou um cumprimento para Jake e foi para casa.


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