Capítulo II - Caso 369

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   Eu estava cada vez mais preocupado, então eu voltei a barraca para ver se ela estava lá, mais não havia ninguém ali. Ela também tinha deixado seu celular, mas não tinha sinal naquela região da cidade. Eu esperei até o meio dia, mais ela não voltou. Estava pensando no que poderia ter acontecido com ela ao se afastar do acampamento. Helena saiu e simplesmente desapareceu. Não queria ficar mais naquele lugar, então eu arrumei as coisas e fui embora. Mas antes de ir deixei, um bilhete embaixo de uma pedra. Ele dizia que se ela aparecesse, esperasse até o outro dia que certamente eu iria busca-la.
Eu voltei para casa e de imediato liguei para os pais de Helena.

-Como assim "Ela sumiu!"?!- Sua mãe berrava comigo pelo telefone.

-Não sei o que houve, eu a procurei por toda parte! Eu não consegui encontra-la, mas percebi alguns rastros pelo chão. Acho que vou chamar a polícia!- Eu andava de um lado pro outro com o celular no ouvido.

-O que?! Você ainda não chamou a polícia, Nick?!-

-Ainda não, eu precisava falar com vocês primeiro, mas estou saindo agora para ir até a delegacia. Tchau, Sra. Grey!- Eu desliguei na cara da mãe da Helena. Ela iria me matar se soubesse que fiz isso com sua mãe.

   Eu coloquei meu casaco e saí de casa indo até a delegacia mais próxima. Dei todas as informações necessárias e esperei até o outro dia. Pela manhã, eu fui até a floresta ver se Helena estava lá. Sem sinal nenhum de alguém, mas por incrível que pareça, o bilhete que eu deixara alí havia sumido misteriosamente.
   Em casa, eu estava pensativo, preocupado, estressado, nervoso, inquieto... resumindo: todos os sentimentos ruins estavam presentes na minha cabeça. A polícia tinha me ligado e pedido para eu comparecer na delegacia o mais rápido possível. Isso estava ficando cada vez mais estranho.
   Eu entrei na sala com uma cara de desconfiado. Iria ser entrevistado pelos policiais. Estava cada vez mais nervoso. Quando o delegado entrou na sala e sentou-se a minha frente.

-Então, Senhor... Nick, o que você tem a me dizer sobre o desaparecimento de Helena Gray?- Ele disse lendo um papel, enquanto me olhava com as mãos sobre a mesa.

-Bem... nós estávamos acampando na floresta até que ela viu algo na floresta e quando eu me virei ela tinha sumido. Procurei por toda parte, até na floresta. Lá eu encontrei umas marcas nas folhas, no solo... eu segui aquilo até sair nas margens do lago. Pode ser esquisito, mais acho que ela foi arrastada até alí.- Eu respondi inquieto.

-Muito bem. Pode me dizer a direção dessa floresta e nos levar até lá?- Ele perguntou se levantando.

-Sim, eu posso.- Me levantei junto e o segui saindo da sala.

   Eu entrei na viatura e os levei até a parte Sul da cidade. Levei os policiais até o local em que acampamos, mostrei a pedra, que misteriosamente estava sem nenhum papel em baixo. Os levei até as margens do lago e mostrei as marcas, que também já estavam sumindo com o tempo.

-Senhor, está pensando o mesmo que eu?- Um dos policiais olhou para o delegado e em seguida disse: -Tem a mesma semelhança com o caso 66.-

-Caso 369?- Perguntei sem entender.

-Sim, este é um caso de uma criança que recebemos a um tempo atrás. Segundo testemunhas, Charlie Quinn, uma garotinha de 5 anos, morava com os pais em um uma casa próxima daqui. Ela veio com seus pais para fazer um piquenique na floresta. Então, depois de perder sua boneca, ela foi pegar às margens deste mesmo lago... e desapareceu da mesma forma que Helena Gray. Sinto muito filho, mas até hoje, nunca souberam o que aconteceu com ela.- O delegado pegou no meu ombro e saiu andando, acompanhado com os outros policiais.

-Espera!- O chamei.

   Ele parou e se virou me olhando.

-Eu não contei porque achei que era besteira, mas antes dela desaparecer, ela viu uma garota segurando uma boneca, correndo e rindo no meio da floresta. O senhor acha que realmente...-

-Eu acho que foi só a imaginação dela e isso pode ter a levado para longe e provavelmente ela ter se perdido, capturada, sequestrada...- Ele disse me interrompendo.

-Hum... e aquela casa alí?- Eu olhei para a casa no meio do lago.

-As lendas dessa região dizem que antigamente morava um lenhador e sua família. Depois da Segunda Guerra Mundial eles não voltaram mais. Seus pertences e coisas foram deixados. Dizem que foram embora por medo de alguma bomba nuclear cair aqui e destruir a casa. Creio que não tem mais ninguém alí.- Ele se virou e voltou a andar.

-Delegado, faça uma investigação! Talvez alí tenham provas sobre os desaparecidos. Por favor, eu nunca vou me perdoar se eu não souber o que aconteceu e não encontrar a Helena!- Eu disse já impaciente.

-Tudo bem. Vamos começar as buscas amanhã.- Ele deu um suspiro e continuou andando pelas margens até sair da floresta, seguido pelos outros policiais.

   Eu só olhei para aquela casa e saí dalí. A vontade de encontra-la era imensa... se eu tivesse certeza de que aquela casa teria algo haver, não só com Helena, mais também com Charlie Quinn, seria bizarro, mas ótimo ao mesmo tempo.
   Se encontraremos alguma pista, prova, digital, pegadas, marcas, fotos... tudo, seria investigado.
Quando voltamos para a delegacia eu e o delegado procuramos mais casos que poderiam estar ligados com o desaparecimento de Helena e Charlie.

   No outro dia, a investigação prosseguiu. Na delegacia, o delegado estava conversando comigo quando um policial chegou dizendo:

-Senhor, sobre a pesquisa que me pediu, chegamos a conclusão de que estão envolvidos mais 14 casos de meninas desaparecidas na mesma floresta, na mesma região e quase da mesma forma.- Ele leu um relatório para o delegado.

-Pesquisa?- Pensei meio inquieto.

-Hum... interessante. Me dê os nomes, vamos procurar por algum registro das vítimas.- O delegado sentou-se em uma cadeira em frente a um computador e na medida em que o policial ia falando seus dedos digitavam rapidamente no teclado.

-Começando pelo primeiro caso...- O delegado pegou o papel.

   A pesquisa dos registros foi bem sucedida. Se conseguíssemos saber o que realmente aconteceu com pelo menos uma das vítimas, poderíamos também solucionar os outros casos e descobrirmos quem ou o que estaria por trás de tudo isso. Eu fiz uma promessa que não ia desistir de tentar encontrar Helena. Sei que seria complicado, mais eu não ia desanimar facilmente. Nós iríamos iniciar as buscas e investigações na floresta e saberíamos o que realmente haveria naquela maldita casa.

O Mistério Da Casa No LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora