Capítulo VIII - Fuga

12 1 1
                                    


   Quase duas semanas depois que Nina chegou, houve um grande problema. Os homens que nos vigiavam nos horários que eu sempre observava, não vigiavam mais a noite. Nos olhavam ao meio dia agora. Depois da mudança, não tive tempo nem cabeça para bolar um plano que nos tirasse daquele lugar. A minha preocupação aumentava a cada vez que eu ouvia aqueles homens entrando.
   Dois dias depois da mudança, eu ouvi uma conversa do lado de fora da porta. Parece que eles iam sair por um tempo. Uma chance dessa só se consegue com sorte mesmo. Eu esperei eles saírem e chamei Nina, que havia pegado no sono por alguns minutos.

-Nina, acorda...!- Susurrei meio alto para acorda-la.

-O que foi? Está tudo bem?- Ela despertou me olhando.

-Nunca esteve melhor! Você não vai acreditar!- A olhei com um sorriso no rosto.

-Que? Porque?-

-Eles vão sair por um dia inteiro, vamos ficar sozinhas aqui, podemos ter uma oportunidade.-

-Sério? Meu Deus, que ótimo! Mas o que vamos fazer?- Nina me olhou esperando uma resposta boa.

-Eu não sei ainda. Me dê um tempo para pensar, vou conseguir chegar em um bom plano.-

-Tudo bem.- Ela respondeu e eu olhei para o chão, pensando em algo.

-Helena, rápido, eles estão vindo!- Ela me avisou e eu voltei a fingir estar dormindo.

   Os homens entraram para a vigília diária do meio dia e foram embora. Não demorou muito para eu escutar outra porta se fechando do outro lado das escadas.

-Parece que somos só nós agora.- Eu disse sorrindo para Nina.

   Ela sorriu radiante e eu comecei a pensar em algo para tentar nos soltar e sair dali. Eles me amarraram somente com cordas da última vez, então qualquer coisa que possa corta-las vai servir. Mas o que? Eu dei uma olhada em volta. Nada. Nada que pudesse ser útil.

-Helena, você nunca me falou direito sobre esse Nick. O que vocês são? Amigos? Primos, Irmãos? Ou talvez namorados?- Nina interrompeu meus pensamentos para uma pergunta estranha dela.

-Nada, só melhores amigos.- Sorri meio sem graça.

-Ah, amizade colorida também tá valendo!- Ela brincou.

-Que? Não! Tá doida? Ele tem namorada, sua pervertida! Além disso, meus as vezes desconfiam dele, é até engraçado.- Rimos um pouco da situação, até que o que eu disse me fez lembrar de algo importante e fazer uma careta de felicida extrema.

-Que cara é essa garota?- Nina disse ainda rindo um pouco.

-Eu disse que meus pais não confiam muito nele, então eles sempre me obrigam a ficar com alguma arma portátil! É isso! Nina, meu canivete!- Eu quase grito de felicidade.

   Um tempo depois, de muitas tentativas, eu consegui derrubar, chutar o canivete para perto da minha mão e cortar as cordas. Quando me soltei Nina logo disse:

-Ei, me solta também!-

-Claro! Só deixa eu tentar... levantar...!- Eu fiz um grande esforço para ficar de pé. Não tinha mais força nem para isso.

-Você está aqui a quanto tempo? Não consegue nem levantar...- A garota disse quando me viu naquele estado.

-Não sei... mas eu consigo!- Me apoiei no pilar que estava presa e consegui me levantar.

Consegui me soltar e caminhar lentamente até Nina. Nem sei quanto tempo exatamente eu fiquei presa, mas eu perdi muito peso nesse meio tempo. Além disso, o tempo presa naquelas cordas apertadas e as algemas trancadas nas mãos, foi o suficiente para criar feridas e muitas dores pelo corpo. Aquilo foi horrível. Depois de me soltar, eu ainda estava sangrando nos machucados e a dor ainda era insuportável.

-Tenha cuidado com o barulho, eles podem ouvir e voltar.- Ela disse quando cheguei perto para solta-la.

-Tudo bem, eu vou ter.- Eu tentei de todas as formas tirar aquelas correntes dela, mas estavam presas com cadeados.

-Procura alguma coisa para arrombar isso!- Só faltavam aquelas correntes inquebráveis que eu não conseguia soltar.

-Eu não sei o que é esse lugar, mas parece um... um porão.- Eu disse enquanto procurava algo que abrisse o cadeado.

-É... eu não consegui ver nada quando me trouxeram aqui.-

-Só por perguntar... qual o motivo de te amarrarem tanto?-

-Eu dei um pouco de trabalho para chegar aqui, sabe?- Ela deu um sorrisinho na hora.

-Entendi.- Eu sorri e logo depois encontrei um pedaço de ferro que serviria. -Acho que isso vai soltar a corrente.- Então eu forcei o ferro no cadeado e consegui abrir com pouco esforço.

-Obrigada.- Nina se levantou.

-Tudo bem, vamos tirar aquelas garotas dali.- Caminhamos até a porta.

-Tem um cadeado também. Use o ferro Helena!- A porta de aço era feita com um ferrolho preso com um cadeado, então eu tentei usar o ferro para tentar abrir, tomando cuidado com o barulho.

-Me ajuda aqui...!- Nina me ajudou a forçar a abertura do cadeado e ele se partiu depois de muita força colocada.

-Conseguimos!- A gatota disse quando o cadeado caiu no chão fazendo barulho.

-Cuidado!- Eu exclamei preocupada.

-Desculpa.- De repente, escutamos um barulho vindo da outra porta nas escadas. -Eu acho que estão vindo! O que vamos fazer?-

-Eu não sei...!- Olhei em volta rapidamente e reparei em uma pequena janela de vidro no canto e logo pensei em um plano para todas fugirem antes deles virem. -Nina, pegue as meninas, diga que vamos fugir, eu vou dar um jeito de todas sairem daqui. Rápido!- Ela afirmou e eu corri com dificuldade para a janela.

   Peguei o mesmo ferro e bati na janela, quebrando o vidro. Fez um estrondo enorme. No mesmo momento, Nina tinha tirado todas as meninas da sala e os passos dos homens estavam mais próximos. Então eu rapidamente passei o ferro na porta para impedir a entrada deles.

-Rápido, por aqui! Eu ajudo vocês!- Eu voltei e peguei as crianças. As coloquei para fora, ajudando também algumas jovens e adolescentes.

   Aquela garotinha que tinha sido muito machucada passou com uma adolescente, que também a ajudou a subir. Quando Nina estava passando pela janela para sair do local, os homens começaram a tentar arrombar a porta. Eu sabia que o ferro não ia aguantar por muito tempo, mas mesmo assim eles estavam conseguindo abrir uma passagem.

-Nina, vá e cuide das outras! Eu vou fazer o possível para alcançar vocês!-

-O que? Como assim? O que você vai fazer? É muito perigoso!- Nina gritava comigo para eu ir com ela, mas eu não iria conseguir pular a janela naquele estado e ela já estava do lado de fora.

-Não vai dar, eu não consigo pular. Mas você já está aí, vai, corra o mais rápido que você puder. Não olhe para trás!- Eu falei rápido e ela disse:

-Helena, por favor, promete que vai ficar bem?- Ela começou a chorar.

-Eu prometo! Agora vai!- Ela pulou da janela e a porta foi arrombada.

-Ei! Fica quietinha aí!- Um dos dois homens disse já vindo em minha direção com uma faca.

                ___________

             NOTA DO AUTOR

   Acho que esse foi um dos capítulos mais emocionantes do livro, até agora, claro. E ele foi postado ontem e deu um bug no app. Mas o próximo vai ser melhor! Até! (^_^)/

O Mistério Da Casa No LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora