Capítulo III - Pistas?

18 3 1
                                    


   Os dias estavam se passando cada vez mais rápido. As buscas pela floresta não estavam dando resultado. Não tinha nada, nenhuma prova, pegada, rastro, casas por perto... nada. Eu estava cada vez mais apreensivo com aquela situação. Aquele lugar não era perigoso quando eu ia com meu pai. Sempre que eu ia lá me perguntava o que tinha naquela casa.
   Quando íamos a noite para pescar, as luzes pareciam se acender. Pessoas daquela região costumavam dizer que ainda morava alguém alí e que ele costumava sair a noite para caçar pessoas. Eu não acreditava até ver com meus próprios olhos.

-Pai, o senhor viu aquilo?!- Eu disse espantado quando vi uma luz de lampião passar por uma das janelas da casa.

-O que?- Ele pergunta observando a mesma direção que eu.

-Uma luz! Alguém mora ali!- Eu disse apontando para a casa.

-Não, eu não vi nada. Deve ser coisa da sua cabeça. Vamos, temos que chegar em casa as 5:00 ou sua mãe vai ficar brava.- Ele passou a mão na minha cabeça bagunçando meu cabelo e se virou.

   A sensação daquele momento era sinistra. Era assustador. Eu tinha mais ou menos uns 11 ou 12 anos naquela época, então achei que era minha imaginação.

                          ***

   Naquele dia, Nova York estava chovendo, o que atrapalhou as buscas na floresta. Já fazia mais de uma semana que Helena estava desaparecida. A cada dia que passava minha preocupação aumentava. A cada vez que eu me lembrava das marcas nas folhas, rastros e caminhos pelo chão, ficava com um peso na consciência. Um sentimento de culpa que invadia minha mente. Uma manhã, recebi uma ligação da delegacia.

-Nick, ligue a TV no canal principal, você tem que ver isso!- O delegado disse com uma voz inquieta. Eu peguei o controle e logo vi a notícia
urgente na TV.

-E agora, a repórter Paola Stein.-

-Um bom dia a todos que nos assistem. Eu estou aqui às margens do lago. Acabamos de receber a notícia de que uma garota desapareceu misteriosamente quando estava fazendo uma pesquisa de biologia com a turma da faculdade. A Garota tinha 19 anos e se chamava Nina Carter. Até agora não temos provas ou evidências do que aconteceu com ela.-

   Eu olhava espantado para a TV. O delegado ainda estava na linha. Eu não conseguia falar uma palavra. Nada saiu.

   Eu desliguei a TV e disse:

-O que o senhor acha disso, acha que vou desistir? Olha, assim que este clima passar vamos voltar as buscas e procurar também pelas casas. Tudo que encontrarmos será uma pista. Seja uma pessoa, uma criança, uma casa, um carro, tudo que estiver dentro daquela floresta vai servir como uma prova! Não podemos desistir disso. Estes são casos que se forem solucionados podem auxiliar nos outros. Toda essa confusão só vai acabar quando alguém conseguir desvendar o mistério de todo esse alvoroço. Não temos que ter medo, tudo tem uma solução e podemos torna-la possivel. Se não for por bem, será por mal.- Desabafei. Todos estavam escutando. Foi quando o delegado disse:

-Tudo bem, vamos ajudar. A partir da semana que vem retomaremos as buscas e não vamos parar, faça chuva ou faça sol. E mais uma coisa Nick, você vai com a gente para falar com alguns moradores da região.- Então, eu concordei, agradeci e desliguei. Ia começar a verdadeira aventura.

                          ***

   Eu e o delegado estávamos andando no meio da floresta. Avistei uma casa atrás das árvores, fomos até lá. Não estava muito longe do lago. Isso já era suspeito. O delegado bateu na porta. Um vovô atendeu. Ele aparentava ter uns 60 anos.

-O que vocês querem?- Ele disse ríspido pronto para fechar a porta quando ouvisse a nossa resposta.

-Primeiramente, não estamos aqui para arrumar confusão. Não sei se o senhor sabe, mas algumas crianças e jovens desapareceram nessa região. O senhor sabe de algo?- Eu disse iniciando o assunto.

-Escutem aqui, eu moro nesta casa que é afastada da cidade, mais nem por isso eu deixo de escutar as notícias no rádio. E não, eu não sei de nada disso!- Ele falou balançando sua bengala e foi fechando a porta quando o delegado a segurou.

-Senhor, o desaparecimento de crianças e jovens está em jogo. As suas vidas estão em jogo. Elas podem não estar mais entre nós, mas os casos recentes ainda podem ter uma solução. Então, se o senhor tem alguma informação sobre isso, por favor nos diga, não o faremos mal.-

-Tudo bem! Entrem logo!- Ele nos deu espaço para adentrarmos e seguimos.

-Então, o que o senhor sabe sobre isso?- Eu falei me sentando em um sofá naquele local que cheirava a mofo e era rústico, com uma lareira apagada. Não tinha muitos móveis, o necessário para uma única pessoa morar. O que mais me deixou com uma pulga atrás da orelha foi uma espingarda presa a parede.

-Eu não sei sobre muita coisa. As pessoas não mentem sobre as lendas. Elas são verdadeiras. Eu mesmo acredito nisso...- Ele falou se sentando em uma poltrona velha cheia de remendos. E então, apoiando as mãos na sua muleta, acrescentou:
-Eu tinha uma filha. Ela tinha 6 anos quando desapareceu.- Ele olhou para o chão.

   Eu e o delegado trocamos olhares de desconfiança.

-Sim... e como ela desapareceu?- Perguntei com receio.

-Estávamos brincando no jardim. A minha mulher, Ana, ainda era viva na época. Minha filha estava perto das árvores quando foi pegar sua boneca que havia caído. Depois disso escutamos um grito do meio da mata. Não chamamos a polícia pois aqui não pega sinal de telefone, mas saímos para procurar, encontramos rastros pelo chão e a única coisa que encontramos foi isso.- Ele se levantou, pegou na última gaveta de uma estante velha no canto da sala e nos mostrou uma luva de borracha preta. O delegado a pegou olhando o objeto com cuidado.

-Isso vai nos ajudar muito. Mas como era o nome da sua filha?- Ele perguntou observando o velho que ainda estava em pé.

-Clarisse.- Ele disse hesitante.

-Clarisse de que?- Perguntei querendo mais informações.

-Clarisse Xavier.- Ele respondeu seco.

-Muito bem. Precisamos ir antes que fique de noite.- O delegado se dirigiu a porta da casa.

-Sim. Muito obrigada, Senhor...?-

-Scott. Scott Xavier.- Ele disse e em seguida, com um aperto de mão, nos despedimos e saímos da casa.

              ____________

           NOTA DO AUTOR

   É eu sei que era pra eu postar ontem, mas é que aqui está chovendo muito e a net está caindo, por isso o capítulo não saiu. Enfim, no próximo capítulo tem uma "surpresa" para vocês, aguardem! ;-)

O Mistério Da Casa No LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora