Capítulo IX - Estaca Zero

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-Espero que elas fiquem bem...- Eu disse para mim mesmo e me abaixei para pegar um pedaço grosso e pesado de madeira que estava ali próximo.

-É melhor você soltar isso mocinha.- O homem chegou próximo de mim e parou.

   Ele era um homem meio gordo, aparentando ser meio forte. Não parecia ter outro tipo de arma além da faca. Mas eu preferi não atacar e perguntei:

-O que vocês queriam fazer com a gente?-

-Isso não interessa.- Ele disse frio.

-Quem são vocês?- Eu continuei insistindo.

-Eu já disse que não interessa, nem a você nem a ninguém!-

-Tudo bem então.- Eu dei um chute no meio das pernas do homem, que caiu de joelhos na minha frente.

-Desgraçada...!- Exclamou ele com as mãos no local.

-Eu vou perguntar só mais uma vez... quem são vocês e o que querem com a gente?-

-Não vamos te dizer nada...!- Ele disse com um sorriso no rosto.

   Eu fiquei com raiva dele e dei uma paulada em sua cabeça, fazendo ele desmaiar e soltar a faca que caiu ali próximo. Eu nem esperava aquilo, mas foi preciso, como defesa. Estava me lembrando do outro homem que ficou na porta, quando eu vi ele também estava vindo, mas, diferente do primeiro, ele estava com uma arma.

-Nós não queremos que ninguém se machuque.- Ele parou na minha frente assim como o outro.

-Eu sei, por isso, me reponda!-

-Eu não vou responder nada. Solta isso ou vai ser pior para você.-

-Ok, se você está pedindo...- Eu fui abaixando devagar o pedaço de madeira.

-Boa escolha...-

    Quando a madeira ia tocar o chão eu a bati na cabeça dele. O mesmo caiu no chão do lado do outro. Ele pareceu bem mais fácil que o outro... ou era o que eu pensava. Eu peguei a arma da mão dele rapidamente e a coloquei presa no meu cinto. Foi estranho pegar aquilo, eu nem sabia usar. Procurei os documentos deles pelos bolsos, mas não encontrei nada, suas carteiras só tinham um monte de dinheiro e alguns papeis. Tudo poderia ser importante, então eu as peguei para entregar a polícia, caso eu conseguisse escapar. Guardei tudo nos bolsos internos do casaco e quando eu ia sair, o segundo homem me puxou pelo pé.

-Me solta!- Eu o chutei com o outro pé mas ele era muito resistente e continuou me puxando.

   Estava muito fraca para aquele tipo de situação e ele tirou isso como vantagem. Eu continuava tentando me soltar, mas não conseguia. Ele me puxou para mais perto dele e ficou tentando me manter presa, me batendo e segurando meus ombros. Eu não queria fazer isso, mas infelizmente foi preciso. Eu me estiquei mais para o lado, peguei um pedaço de vidro do chão e enquanto ele me segurava eu consegui ter mais força para enfiar no olho dele. Ele saiu de cima de mim e ficou gritando de dor. Fiquei no chão por alguns segundos para respirar um pouco. Tudo doía. Eu me levantei com dificuldade, coloquei a arma no lugar e saí dali cambaleando. Não me lembrei de pegar a faca também, então ela ficou lá. Que erro...
   Mas em vez de fugir logo pela janela, eu fui para o outro lado. Eu saí do porão e me deparei com um corredor. Nesse momento, o primeiro homem tinha levantado e rapidamente me agarrou por trás. Sem nenhuma arma, ele tentava me manter ali. Eu dei uma cabeçada no seu rosto, o que me deixou livre para correr. Haviam algumas portas no corredor escuro, mas não dei importância a elas e continuei seguindo reto. Quando cheguei ao fim do corredor eu estava em uma sala.
   Era um ambiente normal, como uma sala americana qualquer, com um sofá, um tapete de urso no chão, uma lareira... típico de uma casa de campo. Tudo era velho e empoeirado. Tinha um isqueiro na mesa de centro, eu decidi pegar caso precisasse. Depois de sair da casa, eu continuei correndo no meio da floresta. Não sabia para onde ia, nem mesmo onde estava. Eu teria que voltar para a casa e matar os homens ou continuar tentando seguir algum caminho? Eu pensei bastante enquanto cambaleava pela mata.

-Helena!- Eu escutei alguém me chamando. Eu parei e tentei escutar novamente.

-Nina?- Pederia ser ela então eu a chamei enquanto estava andando.

-Helena, aqui!- Eu a vi acenando longe.

-Nina! Eu...- Eu gritei, mas eu fui pega, por trás, novamente. Dessa vez, com um pano com uma espécie de sonífero. Eu apaguei, de novo.

   Algumas horas depois, eu acordei, em um cômodo vazio. Dessa vez, presa em uma cadeira, algemada com as mãos para trás, amarrada com cordas e uma fita na boca. Parece que voltei a estaca zero.

O Mistério Da Casa No LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora