O Mistério Da Casa No Lago

Capítulo XIX - Chamas

   Depois do ocorrido na fábrica, estávamos indo até a delegacia, levar as provas que achamos. Nós três tínhamos tudo para incriminar os sequestradores de uma vez por todas, e claro, não podíamos deixar isso em branco. Quando chegamos, uma figura um tanto... sumida apareceu para nos cumprimentar. E lá estava ele, o Delegado.

-Olha só se não é o Nick!- Ele disse animado, pegando no meu ombro.

-Ah... oi Senhor...?- Eu não me lembrava de seu nome. Mas, por incrível que pareça, não dizia seu nome porque não me lembrava, não dizia seu nome porque nem o próprio havia me dito.

-Oh, sim! Meu nome é Lucas. Mas prefiro Seu Delegado, garoto.- Ele sorriu e bateu nas minhas costas, com tapas leves.

   Helena e Nina eram como moscas ali. Não sabiam nem com quem eu estava falando. Mas acontece que ali na polícia, todos me conheciam bem, pois na época em que Helena estava desaparecida, eu sempre ia lá, saber se não havia notícias ou coisas do tipo. Então, para não deixa-las boiando na situação, eu disse:

-Então, este é o Delegado Lucas, ele me ajudou bastante nos casos.- Eu fiz as apresentações.

-É um prazer...- Helena disse, estendendo a mão, que rapidamente foi pega pelo delegado e beijada, com carinho.

   De início Nina não foi muito com a cara dele, continuando com as mãos nos bolsos do casaco e uma expressão fechada, dando a entender que realmente o Delegado não era confiável. Helena deu uma leve cotovelada em seu braço, como se estivesse dizendo: "Ei! Presta atenção na conversa e aperta a mão do cara!"

-Prazer...- Ela tirou uma mão apertando a dele e abriu um sorriso bem leve.

Mas depois daquele momento constrangedor, nos sentamos na sala do Delegado, que logo perguntou:

-Então, o que vocês estão fazendo aqui?- Ele disse sentado na cadeira atrás da mesa, à nossa frente.

-Bom, temos provas.- Eu disse ainda sem querer ir direto ao ponto.

-Ah... provas de que?- Ele perguntou meio confuso.

-Bom, inicialmente, estamos com medo de falar o que fizemos, mas isso é para um bem maior...- Helena disse meio sem jeito.

-Ai, que enrolação. Indo direto ao ponto. Nós invadimos uma fábrica abandonada e encontramos coisas que correspondem aos sequestros.- Nina disse, tirando seu pé, que estava apoiado na mesa, tirando as mãos do bolso e colocando a mochila na frente dele.

-Foi horrível, tinham... corpos...- Helena falou fazendo cara de nojo.

-O... que?- Ele disse ainda sem entender.

-Isso é o que encontramos.- Nina disse com cara de tédio, abrindo a mochila e retirando as provas, as jogando na mesa.

-Mas... o que é tudo isso...?- Ele pegou os papéis e os analisou.

-Encontramos tudo lá, incluindo caixas com pedaços de corpos, como: olhos, pernas, narizes e... cabeça...- Helena ainda estava se lembrando das cenas.

-Essas fichas...- Ele observava cada uma com atenção, incrédulo da situação.

-Creio que eles tem armas e provavelmente são um grupo grande. Escapar de lá foi difícil...- Eu disse tentando analisar mais a situação.

-Eu... não entendo... como conseguiram fazer tudo isso e... encontrar esse tal lugar?- Ele largou as fichas, nos encarando.

-Bom, tudo começou com á morte daquele homem na casa da Nina.- Eu comecei a contar.

-Hum... fiquei sabendo do occorrido, mas estava de férias nesse período. Continuem...- Ele disse, prestando atenção.

   Mostramos as pistas, apontamos provas e rostos, localizamos locais e horários, tudo contado em detalhes, desde o assassinato até á saída da fábrica. Quando terminei de falar, ele ainda parecia incrédulo com a história. Estávamos agora esperando uma resposta. Tudo estava quieto novamente. Ele pensava em cada faceta de detalhes, calado, sentado encarando a janela ao seu lado.
   Então, num momento de extremo silêncio, ele virou a cadeira giratória e nos olhou, apoiando o queixo nas mãos com os cotovelos na mesa. O Delegado não havia dado uma palavra desde que terminei de falar e agora, era a nossa vez de ouvir. Com um suspiro longo, ele disse: