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Já tinha passado uma semana, uma semana que ele ja não me tinha dirigido mais uma única palavra, mais nenhuma perguntam nem sequer um olhar e por um lado isso era bom porque ninguém iria descobrir o que escondia, nem mesmo ele. Iria ficar um assunto apenas meu, como sempre quis que ficasse. Já não tinha que me preocupar mais com isso felizmente.

Conheci uma rapariga que esta na mesmao turma de biologia que eu, felizmente consegui falar com ela sem que ela se "divertisse" a falar coisas horríveis na minha cara e me olhasse de canto. Ela foi muito simpática comigo e nem me fez perguntas sobre eu ser demasiado timida ou devido a alguns gozarem comigo. Felizmente não tocou sequer nesse assunto, foi super acolhedora e desde ai que ela fala sempre comigo quando me encontra pela escola. Ao menos faz-me sentir menos renegada pela sociedade em geral. Não lhe faço confiança nenhuma, porque nem a conheço, e acho que ela apenas me dirige a palavra porque talvez sinta pena de mim, não preciso que ela sinta pena de mim mas já que faz questão de falar comigo quando me vê, ao menos o ponto positivo nisso é que nao passo o dia todo calada nem falar com ninguém.

Era hora do almoço, não ia comer nada mas dirigi-me até ao bar e sentei-me num banco perto de uma mesa, onde pousei as minhas coisas e retirei os meus cadernos e começei a fazer os trabalhos de casa que os professores mandaram durante as aulas da manha. Já que nao estava a fazer nada nesta hora de almoço ao menos aproveitava para adiantar trabalho.

Eu sabia que já estava fraca demais, desde o jantar de ontem á noite que ainda não tinha comido nada mas isso já nem era um problema para mim, desde que me aguentasse em pé estava tudo bem.

Escrevia no meu caderno de filosofia quando o tiraram das minhas mãos e tentei agarra-lo mas ja era tarde de mais, ele já estava nas maos do rapaz desconhecido que se encontrava á minha frente e o abanava nas suas mãos enquanto se ria na minha cara.

-Então a nerd está a fazer trabalhos de casa?- olhava o seu rosto firme enquanto se ria de mim e vejo-o a rasgar as folhas do meu caderno que estavam escritas. Ao ver aquilo levanto-me rapidamente e tento reaver o meu caderno antes que ele rasgasse todos os meus apontamentos que escrevia nas aulas-

-Dá-me já o meu caderno! Eu nao te deixei mexer nas minhas coisas!- dou-lhe um grito porque ja estava farta que rissem na minha cara e olho a sua cara de espanto ao ouvir-me a gritar com ele. Também fiquei surpresa com isso porque sou de ficar no meu canto e não dizer nada mas os nervos falaram mais alto. Vejo-o a largar o meu caderno e deixa-lo cair no chão e dirigir-se rapidamente ate mim e agarrar violentamente o meu pescoço e colar-me contra a parede.

-É a ultima vez que me falas nesse tom percebes-te?- Ouço o seu grito perto da minha orelha e fecho os olhos com força implorando mentalmente para que ele não me batesse, aqui frente a todos os que estavam no bar.

-Larga-a cabrão!- Ouço uma voz rouca e ameaçante a surgir no meio daquele silêncio e quando abri os meus olhos vejo Zayn a agarrar na t-shirt do rapaz á minha frente e a afasta-lo de mim rapidamente e agarra-lo com força. Olha a forma como Zayn olhava para o rapaz, a forma como o seu maxilar se tornava firme e os musculos dos seus braços tatuados se realçavam e se movimentavam naquela camisola preta. –Não lhe voltas a tocar, entendes-te?- Ouço-o ameaçar firmemente e larga-lo logo de seguida afastando-o com o braço. Engoli em seco baixando o olhar quando reparei que todos olhavam para nós e fui rapidamente pegar no meu caderno e nas folhas espalhadas pelo chão da cafetaria e colocando-as dentro da minha mochila.

-Estás bem Caroline?- ouço a sua voz, agora mais calma, atrás de mim e senti logo de seguida o seu braço tocar nas minhas costas com gentileza. O meu corpo arrepiou-se levemente e fecho os olhos por uns segundos sentindo com a cabeça, e depois olho-o por cima do meu ombro.

-Obrigada- Agradeço num susurro baixo só para ele ouvir e solto um suspiro por entre os meus lábios e agarro as minhas coisas saindo dali rapidamente, sentia-me precionada com todos aqueles olhares pousados sobre mim. Fui para o jardim da escola e sentei-me na relva esverdeada pegando no meu caderno de filosofia novamente, e continuo a escrever.

Sinto alguém a sentar-se ao meu lado e não levantei o meu olhar mas pude perceber que era o rapaz moreno porque olhei para a sua mão tatuada pousada na relva ao lado das minhas pernas cruzadas.

-Se alguém te ameaçar novamente avissa-me, não vou deixar que aconteça novamente o que acabou de acontecer- Ouvia-o falar enquanto não parava de olhar para as linhas do meu caderno e continuava a escrever. Após uns segundos de silêncio fecho o caderno e olho o rapaz ao meu lado a olhar fixamente á sua frente com uma expressão dura.

-Zayn, eu não preciso da tua pena para nada, já devias saber...- Digo de forma calma observando o seu rosto. Observava cada detalhe, as suas sobrancelhas grossas, o seu olhar profundo, o seu piercing, a sua barba mal feita, mas que lhe dava o seu charme, as suas tatuagens, tudo nele era diferente.

-Não tenho pena Carol, só quero cuidar de ti, não quero que caias no teu próprio buraco negro...- Ouço-o enquanto o olhava e ele dirigiu por fim o seu olhar para mim. Vim-me forçada a desviar o olhar com vergonha de mim mesmo e simplesmente olho o meu colo sem saber o que fazer ou pensar naquele preciso momento.


Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora