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Ouvia uma das minhas bandas preferidas enquanto arrumava os livros no meu cacifo quanto alguém tirou os fones dos meus ouvidos sem estar a espera e virei-me de imediato e quando vejo que era ele fico mais descontraída.

-Tens que parar de me pregar sustos destes, um dia vou dar-te um estalo sem querer- Brinco com Zayn e pego nos meus auscultadores de volta.

-Tu é que te assustas demasiado facilmente- Ouço-o rir enquanto fecho o meu cacifo e pego na minha mochila. – Estás a ver os resumos que te pedi da matéria que estamos a dar em Filosofia? Estava à espera de umas explicações vindas da tua parte porque não percebo aquela merda – Ele ri novamente e reviro os olhos negando e sorri.

- Se me pagares pelas explicações não digo que não- Brinco e ri.

-E que tal vires almoçar comigo e tratamos disso depois de almoço? – Olho-o e enrugo a testa, o Zayn a convidar para um almoço, ou quer mesmo tirar boa nota a filosofia ou então está muito estranho.

-Que cavalheiro, nem parece teu Zayn Malik – Riu olhando-o.

-Sei que se não almoçares comigo vais estar sozinha e nem vais almoçar por isso é sempre melhor ter companhia- Ele sorri para mim e agarra a minha mão mas no segundo a seguir ele recebeu uma chamada e acabou por atender afastando-se um pouco talvez para eu não ouvir a conversa, o que eu compreendia perfeitamente, e fiquei ali parada à sua espera enquanto ele falava ao telefone.

-Vamos então? – Ouço a sua voz, que me apanhou de surpresa enquanto estava ainda ali parada a sua espera e observava as pessoas no corredor da escola.

-Hm sim...- Sorri-lhe e agarro de novo na minha mochila e fomos para fora do recinto escolar, até ao seu carro, que se encontrava no parque de estacionamento –Importas-te que vamos para minha casa? Não gosto muito de ir comer fora...- Eu odiava comer fora porque tinha sempre rotinas alimentares muito restritas e não queria abusar, eu sabia que esta minha paranóia pela magreza estava a ir longe de mais mas não conseguia parar.

-Claro. Os seus desejos são ordens – Ele brinca comigo de novo enquanto entravamos no seu carro.

-Que engraçadinho- Sorri revirando os olhos colocando o meu cinto de segurança e fomos até minha casa. Pelo menos a minha mãe não estaria em casa, logo não ia estar todos os cinco minutos a fazer-me perguntas sobre o Zayn, já sei como ela é.

Quando entramos em minha casa fomos em direcção a cozinha, preparamos um almoço simples e fácil de fazer, uma sandes para o Zayn e uma salada para mim e fomos até ao meu quarto com o objectivo de estudar enquanto almoçávamos. Ainda o ouvi comentar sobre o facto de eu apenas comer uma salada mas apenas ignorei o que ele disse porque para mim isto chegava.

Ao abrir a porta do meu quarto reparei logo nas lâminas que tinham permanecido em cima da minha mesinha de cabeceira desde a terrível noite passada. Apressei-me a pegar nelas ao entrar e, ia esconde-las na casa de banho mas quando me virei em direcção à mesma Zayn estava à minha frente, sem me deixar avançar e agarrou delicadamente o meu braço.

-Carol...o quê que estas a tentar esconder-me? O quê que tens escondido na tua mão?- Olhava o seu rosto, ouvindo-o suspirar enquanto franzia as sobrancelhas.

-Nada, deixa-me Zayn, não tens nada a ver com isso, são as minhas coisas- Digo tentando afastar-me dele e fui rapidamente até a casa de banho mas senti as suas mãos agarrarem-me novamente e tentei afastar-me, e soltei um gemido baixo de dor ao exercer pressão nos meus punhos fechados e larguei de imediato as lâminas que estavam nas minhas mãos deixando-as cair no chão ao ver que, sem querer, tinha feito um corte na minha mão.

Ajoelhei-me rapidamente e tento pegas nas três lâminas que estavam espalhadas no chão enquanto a minha mão sangrava devido ao golpe.

-Carol, para- Zayn fala rapidamente ajoelhando-se ao meu lado e agarra a minha mão cuidadosamente.

-Larga-me eu estou bem – Tento fingir que não sentia dor mas os meus olhos já estavam lacrimejantes e tento levantar-me do chão depois de pegar nos objectos metálicos.

-Larga essa merda – Ele fala mais agressivo para tentar fazer-me perceber que não estava a agir da forma correta. Ele tira aqueles pedaços de metal das minhas mãos deixando-os sobre a minha secretária e agarrou as minhas mãos olhando o corte. – Carol...tens que perceber que...tu não podes fazer isto...- Ele sussurra e sinto a sua mão puxar a manga da minha camisola e ver o meu braço envolvido de ligaduras para proteger as minhas feridas da noite anterior que ainda estavam demasiado abertas.

Afastei o meu braço rapidamente e encolhi-me contra a parede atrás de mim de mim enquanto soluçava agarrando as minhas pernas contra o meu peito. Sentia-me fraca neste momento, frágil como uma jarra de vidro prestes a cair ao chão e destruir-se em pedaços. Esta minha franqueza era algo que guardava apenas para mim e estar a mostra-lo uma segunda vez a Zayn, estar a chorar novamente frente a ele era algo insuportável para mim.

-Shh...anda cá linda...não chores- Ouço-o sussurrar perto de mim sentindo os seus braços envolverem-me contra si enquanto tentava me acalmar com as suas palavras amorosas. Parecia que apenas o seu tom de voz me conseguia acalmar, a forma como ele me agarrava contra o seu corpo quente, o ritmo lento da sua respiração, os seus dedos entre os fios loiros do meu cabelo...

-Anda, vamos tratar dessa ferida...- Ouço sussurrar quando já estava mais calma depois de uns minutos onde os dois permanecemos em silencio sentados no chão perto um do outro. Levanto-me lentamente do chão com a sua ajuda e entramos na casa de banho do meu quarto e não precisei de fazer nada porque Zayn já estava a tratar de tudo procurando as compressas e o desinfectante e cuidou do corte na minha mão.

-Obrigada...- sussurro baixo, com a voz um pouco rouca devido ao choro, limpei o meu rosto cheio de lágrimas e finalmente ganhei coragem de olhar para Zayn. Os seus olhos fixavam-me também e senti o seu braço enrolar-se á volta da minha cintura e os seus lábios aproximaram-se do meu rosto beijando a minha testa delicadamente. Senti cada centímetro da minha pele se arrepiar com o seu gesto enquanto ouço a sua voz perto do meu ouvido relembrando-me que tudo ficaria bem enquanto os seus braços repletos de tatuagens me abraçavam e protegiam dos meus maiores medos.

Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora