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As aulas hoje já tinham acabado, sai da minha aula de matemática dirigindo-me ao meu cacifo para guardar os livros que não tinha necessidade de estudar em casa hoje. Estava a guardar os livros e a fechar a minha mochila quando ouço aquela voz, que já se tinha tornado um pouco familiar, confesso.

-Andas sempre assim tão sozinha?- Desvio o meu olhar para o seu, que me olhava atentamente. Observo a maneira como o corpo de Zayn se apoiava sobre a porta do meu cacifo, de uma forma estranhamente sensual, fecho a minha mochila e olho o rapaz à minha frente.

-Sim, pensava que já tinhas reparado nisso mais cedo- Digo simplesmente e fecho o meu cacifo agarrando a minha mochila e penduro-a no meu ombro.

-Queres que te leve a casa? Está a chover bastante hoje...- Fiz de imediato contacto visual com ele, um pouco surpresa e confusa com a sua proposição. Desde o incidente da cafetaria que já tínhamos falado algumas vezes a sós mas daí a me propor para me levar a casa era uma pouco estranho, vindo dele.

-Não, prefiro ir a pé- Digo dando de ombros, mostrando indiferença na sua proposta. Na verdade ainda não fazia confiança nele, podia parecer paranóica, mas prefiro ter cuidado porque nunca sei se ele realmente está a ser sincero comigo, sendo tão simpático, ou apenas faz isso para depois ser gozada por ele e os seus amigos, novamente.

-Não precisas de desconfiar de mim Carolin...- A nossa conversa é interrompida por uma rapariga loira, com a voz irritante, e um vestido demasiado curto, acho que ela não percebeu que estamos no inverno-

-O que estás aqui a fazer a falar com ela Malik?- Olho-a a apoiar-se contra o corpo do moreno, abraçando a sua cintura e olhando-me logo de seguida com desprezo. Reviro os olhos discretamente com a sua atitude patética.

-Estava só a perguntar-lhe se podia copiar por ela no teste de matemática amanhã- Olho-o totalmente confusa enquanto o vejo agarrar a sua mochila saindo dali com o seu braço pousado sobre os ombros da rapariga sem me dirigir uma única palavra. Ele ignorou-me completamente e ainda por cima mentiu.

Porque que ele mentiu? Quer dizer não havia nenhum problema em dizer que estava a propor-me para me levar a casa certo? Espera, ele estava com vergonha de mim...? Tinha vergonha de dizer aos amigos que falava comigo? Ele é mesmo estúpido, se tem assim tanta vergonha de mim não percebo porque insiste em continuar a falar comigo.

Agarro nas minhas coisas e sai da escola indo para casa. Quando cheguei, fecho a porta da entrada e olho as minhas roupas completamente encharcadas e suspiro em frustração, indo para o quarto vestir um fato de treino para me sentir mais quente e confortável.

Despi-me ficando em roupa interior e sento-me na cama olhando os meus braços e as minhas cochas. Sentia-me horrível sempre que olhava para todas estas cicatrizes, porque mostrava-me todos os dias o quanto eu era fraca. Eu magoava-me com a mínima coisa que me pudessem dizer, tudo me afectava no quotidiano, mas estas cicatrizes eram a única forma de exprimir a minha dor e de poder sobreviver a cada dia que passa.

Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora