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Conseguia relembrar-me de cada segundo, de cada expressão sua, de cada movimento, de cada palavra proferida por ele antes de sair da minha casa, deixando-me para trás. O seu olhar tinha-se tornado vazio, aquele sorriso que ele sempre possuía quando os seus olhos pousavam em mim já não estava la, ele tornou-se frio e indiferente comigo, quando percebeu que algo estava errado e que nada poderia mudar isso. Quando o vi caminhar para o seu carro preto, depois de me olhar daquela forma percebi que, mesmo se conseguisse encontrar uma solução, não voltaria a tê-lo perto de mim, ele já não me fazia confiança.

As saudades que eu tinha dele eram inexplicáveis, já tinham passado 2 semanas e vê-lo todos os dias, ver a forma como ele me ignorava e evitava era uma tortura diária. Poder observa-lo, saber que ele também não estava indiferente a esta separação, e simplesmente não puder dizer-lhe a verdade estava a sufocar-me. Isto era insuportável. Sempre que nos cruzávamos agíamos como perfeitos desconhecidos, e nós eramos tudo menos isso.

Quando a aula de biologia acabou senti-me aliviada por finalmente poder ir para casa, e fechar-me no meu mundo novamente. Depois do que aconteceu só saio de casa para ir para a escola e voltar para casa. Já não ia ao ginásio, nem ia almoçar fora, muito menos passear pela cidade, como era habitual fazer quando estava com Zayn. A minha decadência era inevitável a este ponto da situação. Tinha voltado aos velhos hábitos, nenhum contacto social, privação de comida e um auto-sofrimento constante, era a única coisa que me aliviava e era tudo o que merecia depois do que lhe fiz.

Agarrei na minha mochila e quando sai da sala pude observar Zayn com os seus amigos habituais, perto dos cacifos, no fundo do corredor. Umas raparigas andavam à sua volta, falavam com ele, notava-se que estavam completamente desesperadas para irem para a cama com ele assim que encontrassem a oportunidade certa. Ele permanecia com o olhar fixo na porta da sala de aula, não parecia minimamente interessando no que o rodeava, assim que me viu sair desviou o olhar e afastou as raparigas da sua beira e continuo a conversa que estava a ter com o Josh. Agarrei o meu caderno mais contra o meu peito, num impulso de nervosismo, e respirei fundo antes de caminhar pelo corredor, para aceder à saída. Ouço o meu nome ser chamado atrás de mim, fiquei confusa porque nunca ninguém se interessava comigo ou chamava por mim. Quando vi aquele rosto tão familiar, um sorriso formou-se imediatamente no meu rosto.

-Harry, o quê que estás aqui a fazer?!- Digo abraçando-o de imediato ouvindo o seu riso, devido à minha reação de felicidade, enquanto os seus braços rodearam o meu corpo num abraço apertado.

-Vim para aqui estudar, os meus pais ficaram na Florida, que saudades- Ouço a sua voz, já tinha tantas saudades de o ouvir. – Estás tão magrinha, ainda mais do que quando sai daqui!

-Estou nada, está tudo igual- Digo sorrindo largando-o- Onde estás a viver agora? Na casa dos teus avós? – Perguntei por pura curiosidade enquanto o observava, e observava como ele tinha mudado nestes anos. Estava duas vezes maior, tinha deixado crescer o cabelo, e este estava menos cacheado do que da última vez que o vi, tinha barba, e podia aperceber algumas tatuagens nos seus braços. – Estás tão diferente, por milagre ficas-te bonito, vão ser só raparigas aos teus pés- Brinco com ele rindo.

-Sim estou com eles. Não sei se sabes mas eu sempre fui bonito, agora é que estou ainda melhor. Se estivemos juntos foi por alguma coisa- Olho-o rir e sorri carinhosamente. Tinha saudades dos velhos tempos, passamos dois anos longe um do outro e nunca pensei que o poderia voltar a ver aqui. – Olha hoje já fui ás aulas, e uma rapariga convidou-me para uma festa hoje à noite. Vens comigo, vai ser divertido.

-Não ando com muita cabeça para festas, é melhor não, mas vai tu, diverte-te com a tua nova amiga- Sorri olhando-o.

-Eu não te perguntei, era uma afirmação Carol, vou-te buscar a casa por volta das 23:00- Olho-o rir antes de ir embora, dizendo que tinha ainda a aula de desporto. Nego olhando-o enquanto sorria e continuei o meu caminho, apercebendo-me que o Zayn esteve a olhar para nós fixamente este tempo todo. Andei pelo corredor, baixando o olhar, saindo finalmente da escola, indo a pé para casa.

Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora