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Observava a alegria nos seus olhos enquanto ela folheava carinhosamente o nosso álbum de família. A maioria das fotos que estavam dentro daquele álbum eram minhas e da minha mãe. Eram raras as fotos onde aparecia os meus avós ou o meu pai, nunca os conheci e as fotos eram todas um pouco velhas.

Olhava um sorriso formar-se no seu rosto enquanto olhava para uma das fotos onde estava juntamente com o meu pai, os dois a sorrirem nos braços um do outro. Eles dois pareciam bastante novos na foto, deviam ter por volta dos 17 anos e pareciam muito felizes...não percebo como o meu pai foi capaz de deixar a minha mãe se a amava assim tanto.

-Porque que são tão raros estes momentos mãe? Porque que nunca me mostras fotos de ti e do pai? Dos avós? A nossa família somos nós as duas agora por isso qual é o mal de recordar o passado? – Olhava-a e passo lentamente a mão pelas suas costas. Eu só gostava de ter um natal normal como o das outras pessoas, um natal alegre com a casa cheia de pessoas que mais gostamos, a nossa família... mas a nossa família agora éramos apenas nós as duas e mais ninguém...

-Não quero que tenhas más recordações, o teu pai deixou-nos sem dar qualquer explicação e os teus avós quando souberam que estava gravida de ti simplesmente expulsaram-me de casa e não voltaram a dirigir-me a palavra novamente.

-Não importa, afinal nós estamos bem as duas, certo? Não precisamos deles, tu és uma mãe espectacular e soubeste educar-me melhor que ninguém- Murmurei olhando-a e envolvi os meus braços à volta do seu corpo num abraço apertado. A noite decorreu, jantamos e abrimos os nossos presentes, eu dei-lhe um relógio e um perfume e a minha mãe ofereceu-me um casaco e umas sapatilhas novas porque as minhas queridas Vans já precisavam de ser trocadas por umas novas. Estava a ajudar a minha mãe a arrumar a cozinha quando ouço a campainha e achei que fosse uma das amigas de trabalho da minha mãe que lhe vinha desejar um bom natal ou algo assim e, como ela estava ocupada fui eu abrir a porta.

-Não estava à espera de te ver aqui hoje- Digo e não pude impedir de sorrir ao vê-lo atrás da porta da minha casa com um sorriso no rosto enquanto alguns flocos de neve pairavam sobre o seu casaco e  cabelo.

-Teria aparecido mais cedo mas estava com a minha família, Feliz Natal Care...- Ouço-o sussurrar e os seus olhos observarem o meu corpo coberto por um vestido simples cinzento e uns collants pretos - Acho que é a primeira vez que te vejo de vestido...estás muito bonita...- Sei que ele não era muito de dar elogios por isso dei uma pequena risada com a situação e, sorri depois corando um pouco olhando-o rir-se também enquanto mexia no seu cabelo.

-Obrigada...Feliz Natal Zayn- Sorri e ganhei um pouco de coragem, vencendo a minha timidez, e dou-lhe um abraço encostando o meu corpo ao seu. Não sabia muito bem o que fazer, mas só queria que ele percebesse que estava muito feliz por ele ter aparecido cá para me ver. Depois da minha ida para o hospital eu e ele voltamos a nos aproximar bastante e, mesmo com as férias de natal ele continuou a vir cá a casa ver-me e estava sempre bastante preocupado comigo. A forma como nos aproximamos tão rapidamente era inexplicável, sempre que observava cada detalhe seu, cada pormenor, percebia a sorte que tinha em poder tê-lo ao meu lado, mesmo quando não nos podíamos ver ele não se esquecia de mim, mandava sempre uma mensagem a perguntar como estava, a perguntar se tinha dormido bem ou ligava-me a contar piadas numa tentativa de me fazer sorrir e por mais estúpidas aquelas piadas fossem ele alegrava sempre o meu dia.

Olhava-o atentamente e limpo um pequeno floco de neve que tinha caído sobre a sua barba e no segundo a seguir sinto a força dos seus braços agarrarem a minha cintura e os seus lábios serem pressionados contra os meus num gesto intenso mas carinhoso ao mesmo tempo. Fiquei surpresa mas também não o afastei. Deixei os meus lábios serem levados pelo movimentos dos seus enquanto sentia uma das suas mãos quentes pousar de forma suave no meu rosto gélido desviando o meu cabelo daquele beijo, que se tornava cada vez mais fogoso.

-O quê que tu me estas a fazer Care...?- Ouço-o sussurrar contra os meus lábios enquanto respirava contra os seus lábios húmidos e agarrava com força o seu casaco de cabedal querendo o seu corpo o mais perto possível do meu. Sentia os seus dedos acariciar o meu cabelo enquanto permanecíamos de olhos fechados e calados, enquanto a minha testa estava encostada à sua.

-Hm...está frio aqui fora...anda...vamos para dentro...- Sussurro para quebrar aquele silêncio e olho finalmente os seus olhos e sorri de leve e devia estar excessivamente corada porque as minhas bochechas ardiam mais que nunca.

-Obrigado mas tenho que ir, só passei aqui para poder te ver- Olho-o sorrir observando o meu rosto e senti os seus lábios raspar levemente nos meus antes de beijarem de forma meiga a minha bochecha avermelhada.

Largamos lentamente o corpo um do outro e não conseguia parar de sorrir como uma idiota enquanto o via voltar para o seu carro, estacionado em frente a minha casa. Dirigi-me para dentro de casa e fechei a porta encostando-me à mesma e passava as mãos pelo rosto sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. Os meus dedos frio percorreram os meus lábios enquanto recordava o momento em que os seus lábios estavam contra os meus, recompus-me e voltei para a cozinha para ajudar a minha mãe.


Care || Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora